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Diante da queda do desemprego, Fed procura medida certa para corte de juros

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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A maioria das autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) concorda com a trajetória da taxa de juros a ser percorrida ao longo do próximo ano: aumentos graduais, até que o custo dos empréstimos atinja um nível que não desacelere nem estimule o crescimento. A grande questão, no entanto, é o que fazer depois de chegar ao chamado cenário neutro. A resposta dependerá em grande parte de como a inflação se comporta à medida que o desemprego cai, e as autoridades estão se debruçando sobre pesquisas recentes em busca de pistas.

Estudos sugerem que os preços podem subir mais rápido, mas não muito, se o desemprego cair um pouco mais. E a inflação pode se tornar preocupante se o desemprego cair muito mais.

É provável que os formuladores deixem a taxa de referência inalterada quando a reunião de dois dias terminar, na próxima quarta-feira, e esperem até setembro para o próximo aumento. Eles aumentaram a taxa duas vezes este ano, mais recentemente em junho, para um intervalo entre 1,75% e 2%, e indicaram mais dois movimentos este ano.

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"A economia se mostra tão forte que parece natural que empresas e consumidores possam viver com taxas de juros mais neutras", disse o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, em recente entrevista. "Então torna-se mais importante fazer um balanço de... quantas pressões inflacionárias veremos, se houver."

As autoridades do Fed querem aumentar as taxas o suficiente para evitar o superaquecimento da economia em rápida expansão, mas não tanto que sufoquem prematuramente o crescimento saudável. Até agora, estão conseguindo. O banco central está mais perto de cumprir seus dois mandatos do Congresso para maximizar o emprego e manter preços estáveis do que em qualquer outro momento da última década.

O desemprego subiu para 4% em junho, de 3,8% em maio, por boas razões: um grande salto no número de americanos procurando emprego. Excluindo as categorias voláteis de alimentos e energia, a inflação subiu 2% em maio em relação ao ano anterior. Foi a primeira vez em seis anos que o chamado núcleo de inflação, indicador preferido do Fed, alcançou a meta do banco central.

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Agora, o presidente do Fed, Jerome Powell, está observando sinais de que a economia poderia ir em uma de duas direções: em um cenário, a inflação se acelera quando o desemprego cai para níveis muito baixos, exigindo aumentos de taxa mais agressivos para manter as pressões de preços sob controle; no outro, um período de baixa taxa de desemprego atrai mais trabalhadores para a força de trabalho, enquanto as pressões inflacionárias permanecem sob controle.

Pesquisadores do Fed examinaram recentemente as duas possibilidades. Um estudo analisou dados das áreas metropolitanas dos EUA para ver o que acontece com a inflação quando o desemprego é muito baixo. Há muito tempo os economistas sustentam que a inflação aumenta com a queda do desemprego e vice-versa. Mas a relação, chamada de curva de Phillips, pareceu muito fraca nas últimas décadas. A inflação permaneceu branda mesmo quando a taxa de desemprego caiu de 10% em 2009 para 4% em junho. Os economistas do Fed descobriram, no entanto, que a inflação aumentou mais rapidamente quando a taxa de desemprego caiu abaixo de 3,75%.

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Um dos pesquisadores, Alan Detmeister, que agora trabalha no UBS Group AG, disse que quando o Fed começou o estudo, em 2016, ele considerou "altamente improvável" que a taxa de desemprego dos EUA chegasse a 3,75% e minimizou os resultados. "Agora estamos meio que nesse ponto."

No final dos anos 1960, a última vez que o desemprego caiu abaixo de 4% por um período sustentado, a inflação acelerou-se constantemente. Na década de 1970, se a inflação subisse um ano, os consumidores esperavam que aumentasse na mesma proporção no ano seguinte, e assim ocorreu. As autoridades do Fed acreditam que as expectativas de inflação futura podem ser autorrealizáveis, uma vez que os trabalhadores exigem aumentos salariais e as empresas aumentam os preços em antecipação.

Uma pesquisa separada do Fed publicada em 2016 utilizou dados da década de 1960 para medir o nível em que as pressões inflacionárias começam a prejudicar a economia. Os pesquisadores concluíram que isso acontece quando os preços ao consumidor subiram em 3% de forma sustentada, de acordo com o indicador preferido pelo Fed.

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Economistas dizem que a inflação acelera quando o desemprego cai abaixo do chamado nível natural, que as autoridades do Fed estimam em 4,1% a 4,7%. Segundo Jeremy Nalewaik, autor do estudo, que agora trabalha no Morgan Stanley, o "ponto em que pode obter um grande aumento da inflação" se aproximando de 3% é quando a taxa de desemprego cai 1,5 ponto porcentual abaixo do nível natural, disse.

As autoridades do Fed também estão ansiosas para saber quanto os trabalhadores podem se beneficiar quando o desemprego está muito baixo. Os formuladores de políticas se perguntam se as pessoas à margem do mercado de trabalho poderiam encontrar mais facilmente empregos, adquirir habilidades e se tornar mais produtivas, melhorando permanentemente suas chances de emprego. Isso reduziria a taxa de desemprego natural e reduziria a perspectiva de superaquecimento da economia.

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Pesquisadores do Fed de Cleveland, usando dados em nível estadual, procuraram sinais de que os períodos de baixa taxa de desemprego geravam benefícios duradouros para os homens com menor escolaridade e em idade de trabalhar. A conclusão foi a de que "uma vez que o mercado de trabalho retorna a uma espécie de estado normal, os benefícios de um mercado trabalho apertado para esses grupos desfavorecidos não duram muito", disse Bruce Fallick, co-autor do estudo.

Powell sinalizou que está analisando cuidadosamente os dados econômicos atuais para discernir qual dos dois cenários parece mais provável. Uma dificuldade que ele observa é que duas das variáveis cruciais só podem ser estimadas, em vez de observadas: a taxa de juros neutra e o nível natural de desemprego. "É difícil prever a economia e esses conceitos que temos", disse Powell em uma entrevista em julho. "Não é como o fato de a água ferver a 100 graus. A economia não ferve com 4% de desemprego."

Fonte: Dow Jones Newswires

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