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Em Cotia e Paraty, autonomia dos alunos orienta atividades

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Quando se visita a escola do Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, a primeira impressão é que ali só tem brincadeira e ninguém estuda. Sem divisão por séries e turmas, a unidade inspirada na Escola da Ponte, de Portugal, tem na autonomia das crianças um de seus principais valores. O livre brincar é parte fundamental do processo educativo - e essa liberdade não deve ser confundida com descuido por ali.

O tutor e educador do Âncora Anderson Portilho explica que, na brincadeira, a criança acaba transportando alguns elementos que não consegue lidar na vida real. "Naquele momento, ela explora a capacidade do corpo, competências cognitivas e dos sentimentos", diz ele. "Brincar livremente pode não ter regras. Mas as regras são impostas por elas mesmas."

Nas nove horas em que os alunos ficam no local - que tem como mentor o educador português José Pacheco, criador da Escola da Ponte -, pelo menos duas horas e meia são dedicadas ao livre brincar. Existem ainda os momentos em que as brincadeiras são direcionadas.

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Muita arte. Em Paraty, litoral do Rio, os alunos da escola comunitária Cirandas já chegam brincando logo pela manhã. Todos participam de uma roda com cantos e poesias. "Em geral, são músicas com exercícios rítmicos para despertar o corpo e alimentar a alma", explica a diretora Mariana Benchimol.

A exemplo do Âncora, a Cirandas também não divide por séries ou por idade seus 51 alunos de 6 a 12 anos. Os conteúdos clássicos do primeiro ciclo do ensino fundamental (1º ao 5º ano) são abordados de modo transversal nas atividades organizadas em projetos, como oficinas de maracatu e trabalhos com mosaico.

Os estudantes, com a participação das famílias, acabaram de finalizar projeto de criação do Auto do Boi, uma manifestação folclórica do Maranhão. "Esse processo traz a brincadeira do boi. E o próprio figurino, que eles fizeram, é chamado de brinquedo. As crianças estão ainda cantando as músicas do boi o dia todo", conta Mariana.

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Nos três momentos livres durante o dia, as crianças têm se reunido por conta própria e já organizaram um campeonato de futebol com regras próprias (como a adoção de vários cartões, além do amarelo e vermelho) e um show de talentos.

A designer Beatriz Ribeiro Marco Antonio, de 41 anos, mantém três dos seus filhos na Cirandas. "A criança pequena tem de brincar. Por meio da brincadeira, ela tem o lúdico e também aprende como tratar o próximo, a diversidade e o respeito ao próximo. E a escola tem tudo isso", diz ela.

A unidade tem uma parceria com uma aldeia indígena de Paraty. E, sabe quando a interação entre os alunos e as crianças indígenas ocorre de verdade? Na brincadeira. "Quando solta para o livre, é uma festa total. Você vê que qualquer criança se entende nessa linguagem", afirma Mariana.

Passatempos

Trava-línguas, brincadeiras com dedinhos e cantigas de roda são comuns na cultura tradicional de vários países, segundo o músico, educador, "brincante e inventor de mirabolâncias" Estevão Marques. Integrante do Grupo Triii, de música infantil, ele percorre vários países em busca de brincadeiras.

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"Na infância, somos todos iguais", diz. "Tudo o que a gente faz desde criança é ligado ao ritmo. Nietzsche escreveu que o homem só chega à maturidade quando encara a vida com a mesma seriedade que a criança encara uma brincadeira." Marques lembra da importância do processo que passa pelo aprender, depois imitar até chegar à criação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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