Maranata: como a igreja sobrevive sem pedir dinheiro
ICM não pede doações ou promove campanhas de arrecadação e, mesmo assim, consegue ser uma igreja com as finanças organizadas e imóveis próprios
Maior igreja em número de voluntários em todo o Brasil, a Igreja Cristã Maranata (ICM) tem na sustentabilidade financeira uma de suas maiores premissas. E para isso, a ICM conta principalmente com o trabalho voluntário desde sua fundação, há 55 anos.
É graças, sobretudo, às quase 33 mil pessoas que doam seus serviços para a obra de Deus que a igreja consegue se manter sem precisar pedir doações ou fazer campanhas de arrecadação, por exemplo.
Para a ICM, o dízimo é uma colaboração espontânea, uma experiência de fé, por isso, nos cultos nunca é feita nenhuma menção relacionada a qualquer forma de arrecadação.
“Não há porque solicitarmos recursos. Esse é nosso ato de fé, nossa manifestação de gratidão, porque entendemos que recebemos primeiro e, por isso, temos que proporcionar”, reflete o pastor da ICM de Jardim da Penha 2, Adaiso Fernandes Almeida, que também é do Conselho Presbiteral e responsável pela administração da ICM.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
Segundo ele, a Maranata consegue cobrir todas as despesas apenas com as doações espontâneas.
“Tudo o que é preciso, construímos e compramos, e não nos falta nada. Não há nenhum tipo de constrangimento às pessoas por não doarem. Tudo o que temos é suficiente, até porque buscamos otimizar os recursos que temos de forma a potencializar o que recebemos. Não há desperdício”, completa.
O pastor da ICM Amadeu Loureiro lembra que a observância da Bíblia é fundamental, e o conhecimento da palavra é que proporcionou que as pessoas passassem a se inteirar de como deveria ser a contribuição de acordo com a Bíblia.
“Aquilo que nós entendemos da Bíblia como importante eram o dízimo e as ofertas. Mas nunca exigimos que os membros dessem dízimo, por exemplo. As pessoas começaram a se interessar a serem dizimistas espontaneamente. Então, toda arrecadação da igreja se baseia no dízimo dos membros. Não passamos coleta de ofertas nos cultos, porque isso pode gerar certo constrangimento, e nosso maior interesse não é esse. Nosso maior objetivo é a evangelização, a conversão.”
Veja o vídeo:
Gestão centralizada
O pastor e presidente da ICM, Gedelti Gueiros, reforça que a igreja não é uma organização, logo, não pode pedir dinheiro a quem faz parte dela.
“Aquilo que eu tenho pertence ao Senhor. Uma coisa é o espiritual, outra coisa é o material, e eu não posso misturar uma coisa com a outra. O espiritual é o que eu quero, o material é o que eu tenho. Ninguém teria coragem de dar dízimo se não sabe se vão aplicar aquilo no projeto. O Evangelho é um projeto, não é uma religião. Então, se eu sou dizimista, o dinheiro tem outro significado para mim. Nós temos por obrigação saber o que estão fazendo com ele.”
Ele reforça que a Maranata não pede dinheiro e tem as finanças totalmente sustentáveis. O segredo é contar com uma administração centralizada e que distribui os recursos entre as estruturas da Maranata conforme suas necessidades e particularidades. O presbitério da ICM tem uma gestão profissionalizada e é responsável por fazer a gestão de todos os recursos e bens da igreja.
“Nós trabalhamos de forma isonômica na distribuição dos recursos. Até porque os templos têm o mesmo padrão, o que ajuda a administrar. Essa forma de gestão isonômica também gera um sentimento de pertencimento e de cuidado nos membros da igreja”, destaca o pastor Adaiso.
A ICM tem mais de 5 mil imóveis próprios, entre templos e Maanains, todos quitados e muitos deles contando, inclusive, com geração de energia fotovoltaica, o que colabora para a economia de recursos e sustentabilidade financeira.
“O que não é por fé é pecado. Quando colocamos a mão no bolso, a fé acaba. Imagine você dar dinheiro para uma igreja, mas o Senhor não aceitou, porque não foi por fé, foi para esconder do Imposto de Renda ou para agradar o pastor”, afirma o pastor Gedelti.