Justiça decide que SBT vai renovar com TV Tribuna no ES
A decisão liminar veio após o SBT ter decidido pela não renovação do contrato com o Grupo João Santos, da Rede Tribuna, após 38 anos de acordo
A Justiça do Estado de Pernambuco determinou a renovação obrigatória do contrato entre o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e a Rede Tribuna no Espírito Santo pelos próximos cinco anos.
A decisão liminar veio após o SBT ter decidido pela não renovação do contrato com o Grupo João Santos, da Rede Tribuna, após 38 anos de acordo entre as empresas. O conteúdo só seria transmitido na TV Tribuna até o próximo dia 1º de julho.
Entenda alegações do grupo João Santos:
• Um dos fatores alegados pela afiliada no processo é de que a receita com a programação televisiva compõe a maioria da receita para pagamento dos seus custos, sendo também fonte geradora de empregos.
• Alegou que é uma emissora de TV afiliada do SBT e que na relação comercial entre elas nunca houve qualquer inobservância quanto às obrigações com a emissora paulista.
• Manteve contato com o SBT, com objetivo de “demonstrar a impossibilidade de quebra do negócio jurídico simplesmente em virtude do ajuizamento de pedido de recuperação judicial”.• Afirmou ter realizado investimentos de alta quantia para cumprimento do contrato de afiliação, a exemplo da expansão do sinal digital, dispositivos como “transmissores digital de alta definição, antenas, amplificadores, mesa de áudio, conversores e outros equipamentos” - totalizando R$ 3.487.462,30.pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03
• Pontuou a essencialidade do contrato no processo de reestruturação de todo o grupo, que passa por recuperação judicial, o que justificaria a intervenção da Justiça para determinar a renovação do contrato em nova vigência de 05 anos.
A decisão
Na decisão do juiz Marcus Vinicius Barbosa de Alencar Luz, da 15ª Vara Cível da Capital (Recife), afirmou-se que o contrato da afiliada (Rede Tribuna) com o SBT é responsável pelo pagamento de mais de 57% dos custos da Nassau Editora, de forma que, caso seja desfeito o acordo entre as empresas, a capacidade de pagamento da empresa devedora (em recuperação) será gravemente prejudicada.
Desse modo, entendeu-se que o contrato é essencial à manutenção da atividade empresarial da Rede Tribuna, até pela dependência econômica.
Além disso, o magistrado entendeu que a relação entre as partes durou todos esses anos sem que houvesse grandes problemas. Inclusive, o SBT não teria mencionado qualquer tipo de descumprimento contratual pela empresa que também atua no Espírito Santo.
O juiz também pontuou que entendeu que o que gerou desinteresse do SBT em manter-se vinculado à Rede Tribuna foi o processo de recuperação judicial.
No entanto, a autoridade judiciária esclareceu que o entendimento deve ser justamente o contrário, de que a preservação do contrato é fundamental à manutenção da atividade da empresa que enfrenta dificuldades financeiras. Só seria o caso de afastamento se ficasse comprovado que a relação ficaria mais penosa para o SBT, o que não foi mencionado.
“O mero ajuizamento do pedido recuperacional não deve ser – por si só – argumento suficiente para que a devedora não desempenhe sua atividade empresarial”, disse.
O que diz o SBT
À Coluna Pedro Permuy, do Folha Vitória, o SBT reitera nesta terça-feira (13) que a emissora de Silvio Santos não se pronunciará sobre o caso.
O que diz o Grupo João Santos - Rede Tribuna
O Grupo João Santos também se manifestou sobre a decisão da 15ª Vara Cível do Recife desta quarta-feira (13), afirmando que o juiz se baseou na essencialidade do contrato para a preservação da atividade empresarial.
Desde dezembro de 2022, a TV Tribuna e outras 42 empresas, que integram o Grupo João Santos, um dos maiores conglomerados do País, estão sob nova gestão. Os atuais presidentes, que assumiram a gestão da holding controladora das empresas do grupo em agosto de 2022, já reativaram fábricas que estavam ociosas e preveem faturamento de R$ 1 bilhão em 2023.
"Os novos gestores ressaltam que todos os investimentos acordados com o SBT para que a TV Tribuna continue afiliada à emissora no Espírito Santo serão cumpridos. A decisão da Justiça respalda o compromisso do Grupo João Santos de continuar a produzir jornalismo ético e de credibilidade oferecido aos capixabas há 85 anos", afirmou a nota.