Linha de trem pode dar lugar a museus, calçadão e trilhas na Região Serrana do ES
Viana, Domingos Martins, Marechal Floriano, Vargem Alta e Alfredo Chaves querem revitalizar trecho abandonado da Ferrovia Centro-Atlântica
Jardins floridos, praças de convivência, estrutura para praticantes de turismo de aventura e museus em estações centenárias. Esses são alguns dos planos que grupos da sociedade civil e representantes de prefeituras esperam tirar do papel para dar uma nova cara à antiga ferrovia Leopoldina, atual Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que liga o Espírito Santo ao Rio de Janeiro passando pela região serrana.
O trecho começa em Viana, na Região Metropolitana, e segue por Domingos Martins, Marechal Floriano, Alfredo Chaves e Vargem Alta.
O percurso conta com belezas naturais, rios, túneis escavados em montanhas, pontilhões instalados em paredões de pedra, quedas d'água e o verde da Mata Atlântica.
Atualmente desativado, o estado abandonado do caminho de ferro mobilizou o consórcio Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau junto a representantes do governo federal para que a concessão do trecho seja passada para as gestões municipais.
O pedido foi feito para a Superintendência de Patrimônio da União (SPU) e para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
"Assim, o processo de transformação e revitalização seria mais dinâmico pois as cidades cortadas por essa linha não têm jurisdição sobre ela. Os projetos de uso das prefeituras são distintos mas eles dialogam porque têm em comum uma finalidade de incrementar o turismo e a qualidade de vida para moradores e visitantes do entorno da linha", sintetiza a executiva de projetos do consórcio, Andréia Rosa.
Memória e turismo de aventura
Na avaliação de Andréia, o potencial da estrada de ferro serviria tanto para a conservação da memória, ao revitalizar as estações abandonadas, quanto para quem gosta de se aventurar na natureza fazendo passeios e trekking ao longo dos trilhos, visitando túneis e pontes que estão pelo caminho.
"Durante a pandemia, com os parques fechados e as atrações restritas, cresceu o número de pessoas que, aos finais de semana, percorriam a pé alguns trechos da ferrovia, explorando as escavações, túneis e grutas. Com uma estrutura de apoio a esses grupos, imagine que mais pessoas passariam a colocar esses locais como seu destino de fim de semana", compara.pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04
Nas considerações do consórcio, nos trechos que estão na área urbana das cidades poderiam acolher praças e jardins de convivência para a população. "Já as estações, muito delas abandonadas, podem ser adaptadas como casas de memória ou museus locais", aponta.
Dnit e União
Procurados pela reportagem sobre a análise do pedido do consórcio e das prefeituras, Dnit e SPU ainda não responderam. Quando se manifestarem, a matéria será atualizada.
Relatório inclui passeio de trem
Domingos Martins quer retorno do passeio de trem. Vargem Alta quer explorar as belezas naturais do entorno e o turismo de aventura. Outras cidades preferem revitalizar os trechos urbanos.
Confira abaixo o que cada prefeitura quer fazer em seus respectivos trechos da Centro-Atlântica.
Viana
Quer revitalizar o trecho com limpeza e revitalização da área pois não tem autorização para atuar nos trilhos que estão sob domínio federal. Atualmente, há um museu funcionando na estação ferroviária, que foi inaugurada em 1895.
Domingos Martins
A estação de Domingos Martins está sob concessão do Iphan-ES. A prefeitura quer adquirir a gestão sobre o imóvel para dali começar a revitalizar os trechos dos trilhos.
A intenção é oferecer uma estrutura para garantir a segurança de quem resolve fazer caminhada até a Pedra dos Ventos e também caminhada e rapel. A prefeitura quer também instaurar um passeio de trem.
Marechal Floriano
Quer gerenciar o trecho, atualmente abandonado e sem conservação, para revitalizar o entorno com áreas de lazer, calçadão e estacionamento na área urbana.
Alfredo Chaves
A estação de Matilde, inaugurada em 1910, está sob concessão do município através de um termo de compromisso assinado com o IPHAN/ES. Desde 2010, quando completou 100 anos, abriga uma casa de memória e ponto de informações turísticas e venda de artesanato da região. As outras três estações estão abandonadas e é do interesse da prefeitura revitalizar esses locais.
Vargem Alta
No trecho urbano, a prefeitura quer implantar jardins, áreas de vivências, arborização, áreas de estacionamento para desafogar o trânsito do centro da cidade, além da utilização do espaço para a Biblioteca Municipal e o Museu da Ferrovia na estação Jaciguá. Na extensão da linha quer inaugurar área de caminhada com trilha saindo da estação Jaciguá, passando por túneis, pontilhões e pela cachoeira do Caiado.