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Vídeo põe papa como herói na luta climática

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Cambridge, EUA - Um vídeo com jeito de filme de ação de Hollywood que chegou à internet na quinta-feira, 11, retratando o papa Francisco como um herói contra as mudanças climáticas, foi vetado por católicos nos Estados Unidos, retirado do ar horas após ser lançado, e acabou sendo adotado por uma ONG brasileira.

Divulgado originalmente pela organização ecumênica Our Voices no Facebook e no Youtube, o material humorístico tem como mote a nova encíclica que o Vaticano divulga na quinta-feira (mais informações abaixo). Será a primeira vez que um líder da Igreja Católica vai adotar um posicionamento sobre mudanças climáticas.

A peça bem humorada retrata Francisco como um lutador de boxe que treina no melhor estilo Rocky Balboa para combater, em uma "épica batalha", aqueles que querem destruir o planeta - ou a "criação de Deus", como apresenta o narrador. Ele corre, pula corda, transforma o cetro papal em uma arma marcial e treina com ninguém menos que o próprio Jesus Cristo.

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"Ele é um homem gentil, um homem sagrado, mas o que ele fará quando o planeta criado por Deus, com amor, virar alvo de ataques?", inicia o narrador. Na sequência, o "papa-lutador" anuncia: "Se destruirmos a criação, a criação nos destruirá". A frase realmente foi dita por Francisco há alguns meses. Algumas cenas depois, outra frase real do papa é apresentada: "A natureza nunca perdoa. Se você a ataca, ela sempre contra-ataca". Os vilões a serem combatido, no caso, são os combustíveis fósseis

Auto-censura

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, organizações católicas "enfurecidas" ligaram para a ONG Our Voices logo depois da divulgação, criticando o material, entre elas a Catholic Climate Covenant (grupo que se denomina a voz da Igreja sobre as mudanças climáticas). Já a rede brasileira Observatório do Clima acabou abraçando a divulgação do vídeo, que foi distribuído em três línguas (inglês, português e espanhol) e alcançou mais de 27,3 mil visualizações nos três formatos (a maioria delas da versão em inglês).

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Por um lado parece ter havido certa ciumeira de um grupo que não teria sido consultado na produção do vídeo. Por outro, a ala mais conservadora da Igreja Católica americana, que tem resistido às atitudes progressivas de Francisco e enfrentado pressão de financiadores, não teria gostado muito das brincadeiras feitas pelo vídeo, que coloca a indústria dos combustíveis fósseis como vilã a ser combatida. Além disso, poderia complicar as relações com os conservadores nos Estados Unidos.

Nessa esfera política, já há alguns meses representantes do Partido Republicano - notórios por recusar que humanos são responsáveis pelas mudanças climáticas e, por isso, contra ações na área- têm questionado a atitude pró-clima de Francisco. Em setembro, ele virá aos Estados Unidos e fará uma visita ao Congresso. A expectativa é de que, depois da encíclica, o encontro vai causar uma saia-justa entre republicanos católicos, como John A. Boehner, de Ohio, que tem criticado a agenda ambiental do presidente democrata Barack Obama como "matadora de empregos".

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O reverendo Fletcher Harper, diretor da Our Voices, defendeu o material, entendeu a posição dos católicos mais tradicionais, mas disse que pretende divulgá-lo novamente após a publicação da encíclica. "O vídeo é bem humorado, é uma maneira de engajar os mais jovens que não necessariamente se conectam com a religião de outras maneiras."

Para a ONG brasileira que encampou a divulgação do vídeo, a mensagem é inofensiva. "O próprio papa aprovaria o filme", afirmou Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.

Indigno

Procurada, a organização Catholic Climate Covenant manifestou-se em nota do diretor associado, Lonnie Ellis: "Embora o vídeo seja obviamente satírico, nós simplesmente achamos que era indigno e incompatível com a mensagem do papa. O papa é atencioso e esperançoso, não combativo, em sua mensagem de ajudar os pobres que estão feridos por rupturas climáticas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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