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Cientistas criam grupo na USP para empreender

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão buscando inspiração na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, para fomentar o empreendedorismo na academia brasileira e incentivar cientistas a se engajar de forma mais intensa na transformação de suas descobertas científicas em inovações tecnológicas, principalmente na área da saúde.

Para isso, é preciso atravessar o chamado "vale da morte", uma região escassa de recursos e cheia de incertezas que separa a produção de ciência básica na academia do desenvolvimento de novas tecnologias na indústria. No caso da biomedicina, o caminho inicial que uma descoberta precisa percorrer para sair da bancada do laboratório, na forma de uma publicação científica, e ter uma chance de chegar ao leito do paciente, na forma de uma nova droga ou terapia.

A maioria dos pesquisadores prefere não se aventurar por essas terras selvagens, além dos muros da academia; e aqueles que arriscam uma travessia muitas vezes se perdem no meio do caminho, ou dão de cara com portas fechadas no final.

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"Muitas ideias revolucionárias morrem na academia porque os resultados são preliminares demais para despertar o interesse da indústria", diz a química Daria Mochly-Rosen, cientista, empresária e criadora do programa Spark na Escola de Medicina de Stanford - que pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e da Escola Politécnica querem replicar na USP, em parceria com a empresa química Dow.

"A academia não pode fazer só pesquisa básica. Quando houver potencial para inovação, precisa avançar um pouco mais, fazer as provas de conceito, para provar para a indústria que aquela descoberta tem potencial comercial", reforça o jovem professor Julio Ferreira, do ICB, que fez pós-doutorado no laboratório de Daria e voltou de lá determinado a introduzir o modelo Spark no Brasil - rebatizado como Supernova.

O programa funciona como um híbrido de incubadora, agência de fomento e curso de capacitação. A cada ano, cerca de 10 projetos de pesquisa com potencial para gerar novos fármacos e terapias são escolhidos para receber uma ajuda financeira (de US$ 50 mil/ano) e algo que Daria considera muito mais valioso: aconselhamento profissional e gratuito, oferecido por especialistas da indústria que participam de encontros semanais com os pesquisadores.

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As reuniões são a portas fechadas e todos os participantes assinam um acordo de confidencialidade sobre o que é discutido na sala, de forma que os pesquisadores podem apresentar seus resultados, dúvidas e apostas livremente, sem temer pela segurança da propriedade intelectual de seus dados.

Segundo Daria, os conselheiros são o "ingrediente secreto" da receita de sucesso do programa. Nenhum deles é pago. São empreendedores experientes, que participam das reuniões pelo prazer de compartilhar seu expertise, diz.

Eles aconselham os cientistas sobre o melhor caminho a seguir, o que levar na mochila e quando dar meia volta, caso necessário. "Um dos segredos do sucesso é saber quando o fracasso virá; quando é hora de abortar", concorda o físico Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, que participou de uma série de três debates promovidos no ICB no primeiro semestre, para discutir a implementação do modelo Spark no instituto.

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Sucesso. A taxa de sobrevivência daqueles que se aventuraram pelo vale da morte com o apoio do Spark é alta. Dos 51 projetos "graduados" pelo programa nos últimos sete anos, 22 geraram produtos que já estão em uso clínico. Apenas 8 (16%) não concluíram a travessia - ou seja, não geraram um produto ou foram descontinuados no meio do caminho.

Para Daria, a taxa baixa de insucesso é um mau sinal. "Deveria ser bem mais alta", diz ela. "Significa que o programa é pequeno demais; que há muitas outras ideias por aí que ainda precisam ser testadas."

Essa é uma das lições básicas do empreendedorismo: não ter medo de arriscar nem de fracassar. "O sucesso te ensina muito pouco; só no fracasso você aprende o que precisa fazer para melhorar", sentencia Daria.

O vice-diretor do ICB, Luís Carlos de Souza Ferreira, aposta que o programa será um sucesso. "Não basta apenas publicar; precisamos urgentemente começar a inovar", diz.

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Os resultados dos três debates serão combinados agora para definir como melhor adaptar o programa à realidade brasileira e definir um plano de trabalho, para colocar o Supernova em prática em 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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