/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Geral

VÍDEO | Sob forte emoção, Clarinha é enterrada com homenagens de médico e enfermeiras

Clarinha, a "paciente misteriosa", ficou 24 anos internada em coma e nunca foi identificada. Ela morreu há 2 meses e o corpo foi enterrado no Cemitério de Maruípe

Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
audima
audima
Foto: Montagem / Folha Vitória
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Com rosas brancas nas mãos e lágrimas nos olhos, enfermeiras, médico e outros profissionais que atuam no Hospital da Polícia Militar (HPM) se despediram no início da tarde desta terça-feira (14) de Clarinha, a paciente misteriosa.

Sem nunca ter sido identificada, Clarinha deu entrada no hospital no ano 2000 após ser atropelada e ficou internada por 24 anos em coma. Ela foi enterrada exatamente dois meses após a sua morte, no Cemitério de Maruípe, em Vitória.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Em meio a muita emoção, a despedida foi feita não por parentes, como normalmente ocorre nos enterros. A família de Clarinha nunca foi localizada e o último adeus foi realizado por aqueles que cuidaram dela com amor e zelo: os profissionais de saúde do HPM.

Clarinha foi sepultada no mesmo bairro onde fica o hospital que ficou internada ao longo dos anos.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

Desde a morte da “paciente misteriosa”, a Polícia Científica realizou 12 exames de identificação, na tentativa de localizar a família de Clarinha. Mas, todos deram negativos. 

Com isso, o corpo foi liberado do Departamento Médico Legal (DML) pelo médico Jorge Potratz, que se tornou o “guardião” da Clarinha por mais de 20 anos cuidando da paciente, e ficou com os trâmites para o sepultamento.

Vestido branco foi doado por comerciante

E ele era o mais emocionado no enterro. Antes do sepultamento, nos preparativos, Potratz pediu que uma técnica de enfermagem comprasse um vestido branco para a ocasião. Ele revelou que, ao chegar a uma loja, logo que a comerciante soube para quem era o vestido, a lojista se comoveu e não cobrou pela roupa.

E Clarinha foi enterrada com o vestido branco e duas coroas de flores, com predominância na cor branca, foram colocadas sobre o túmulo da "paciente misteriosa".

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Os profissionais de saúde que estavam no cemitério levaram rosas brancas nas mãos e depositaram no túmulo, em homenagem a Clarinha. Na hora do enterro, entoaram o hino cristão "Porque Ele vive".

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

"Ela será nas nossas vidas a eterna Clarinha", diz médico

Em entrevista ao Folha Vitória, o médico narrou estar triste por não ter conseguido identificar e devolver a paciente para a família. No entanto, se sente feliz por tudo o que os profissionais de saúde do HPM proporcionaram ao longo dos anos para Clarinha.

"É um dia triste por não termos conseguido devolver Clarinha para a família, mas feliz por toda dignidade que proporcionamos. Ela será nas nossas vidas a eterna Clarinha, nunca vai deixar existir, mesmo que adquira o nome oficial dela", narra Jorge Potratz.

Chorando muito, o médico descreve que, mesmo após o sepultamento, nunca perderá as esperanças de encontrar a família da paciente e todas as possibilidades de identificação estão abertas. 

"Eu ainda não perdi as esperanças, todas as janelas estão abertas. Talvez a tendência seja uma menor ocorrência pela busca, pela não divulgação.  Mas, ainda tenho esperança de Deus no comando e na hora vai aparecer", finaliza. 

Enfermeira "mãe da Clarinha" desabafa: "Foi criado um vínculo"

Apontada por enfermeiras do HPM como "mãe da Clarinha", a sargento Deuzemira Francisco da Silva, de 54 anos, que é enfermeira e cuidou por anos da paciente, não conseguiu segurar a emoção no cemitério. 

"Foi criado um vínculo com a paciente, foram anos arrumando as coisas para ela porque sabíamos de ela não tinha ninguém. Clarinha tinha várias situações especiais, porque, por exemplo, não podia ser qualquer produto que podia passar nela... Ela era muito alérgica", descreve. 
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

Deuzemira lembra com carinho que confidenciava segredos para Clarinha, desabafava os problemas do dia a dia e sempre conversava com a paciente. 

"Quando ela estava internada, eu falava que, no dia que Clarinha andar, ela ia contar os segredos de todo mundo no corredor do hospital. Isso porque contávamos nossos problemas para ela e saíamos aliviados", brinca. 
Carregando...

A história de Clarinha 

Clarinha foi atropelada no dia 14 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento. Após o ocorrido, ela ficou em coma por 24 anos, até falecer no dia 14 de março de 2024.

Foto: Reprodução / TV Vitória
Clarinha ficou 24 anos internada

O corpo foi levado para o Departamento Médico Legal (DML) e ficou aguardando a identificação de algum parente através de resultados de DNA e outros exames.

Segundo informações da Polícia Científica, 12 famílias se apresentaram como possíveis parentes. Todas foram submetidas a exames, que deram negativo para o parentesco.

Os testes de DNA e necropapiloscópicos foram feitos por famílias dos estados da Bahia, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, além do Distrito Federal. 

LEIA TAMBÉM: Médico capixaba que morreu em abrigo no RS vai receber homenagem da Aeronáutica

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.