CORONAVÍRUS

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Geral

Estudantes de Vitória e Vila Velha relatam falta de novos conteúdos durante a quarentena

Há mais de dois meses sem aulas, em função da pandemia do coronavírus, os alunos das redes municipais relatam problemas durante o estudo em casa

Redação Folha Vitória
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Foto: TV Vitória
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Mais de dois meses após a suspensão das aulas em todo o Espírito Santo, em função da pandemia do novo coronavírus, alunos das redes municipais de ensino da Grande Vitória tentam manter o ritmo de estudos durante a quarentena. No entanto, eles reclamam de falta de orientações dos professores nesse período.

Alguns alunos também têm se queixado do conteúdo passado pelas escolas. É o caso de Julia Victórya Grijó Dillem, de 14 anos, estudante do nono ano do ensino fundamental da Escola Municipal Arthur da Costa e Silva, no bairro República, em Vitória.

Ela conta que recebeu um único livro no início do ano letivo, onde é informado, na capa, que a publicação reúne atividades para alunos do sexto ao nono ano. No entanto, fazer dobradura e contar dinheiro são alguns dos exercícios propostos.

"Estou fazendo esses exercícios que, para outras séries, acho que até ajuda alguma coisa, só que para a gente não. A gente vai para o ensino médio e precisa de algo mais concreto e certo, que vai ensinar e agregar algum conteúdo, mas não estamos tendo", afirmou.

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Após o fechamento de sua escola, por causa da pandemia, Julia disse que passou a fazer as atividades do portal da Secretaria Municipal de Educação de Vitória. Entretanto, ela afirma que não tem aprendido nada de novo. "Estou estudando o que eles estão deixando disponível para a gente, mas coisas de séries passadas, coisas que não vão agregar muito no nosso ano letivo".

A tia dela, a gerente administrativa Rita de Cássia Perini Dillem, acompanha de perto os estudos. Inclusive, empresta o computador para que Julia possa fazer os exercícios do portal. A tia conta que está preocupada com a falta de material didático e de orientações dos professores.

"É uma plataforma até bem interessante. A gente ficou satisfeito por a prefeitura ter oferecido algo, porque até então a gente não estava tendo praticamente nada. Só que não tem realmente um cronograma, não tem um passo a passo. Realmente ela não está tendo conteúdo adequado para a série dela".

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Ágnis Batista Viana também é aluna do nono ano da mesma escola em que a Júlia estuda. Assim como a colega, ela considera as atividades passadas pela Secretaria de Educação fracas e repetitivas.

"O conteúdo é de séries anteriores e, no meu caso, não vai adiantar muito, pois estou no último ano do ensino fundamental e, no ano que vem, vou para o ensino médio e praticamente com todas as matérias atrasadas", afirmou.

O subsecretário interino de Gestão Pedagógica de Vitória, Truman Vieira Júnior, admite que inicialmente as mesmas atividades foram passadas para estudantes de diferentes faixas etárias, com base no que aprenderam no inicio de 2020 e nos anos anteriores.

"As atividades educacionais complementares, disponibilizadas para os estudantes na primeira fase, foi construída por um coletivo da Secretaria Municipal de Educação, envolvendo professores especialistas e também pedagogos. Nesta segunda etapa, que estamos agora, disponibilizamos para os estudantes uma plataforma gamificada onde os estudantes têm acesso a esses conteúdos, em que eles vão avançando por níveis à medida em que vão respondendo às questões, de acordo com o ano ou série que ele está cursando. Então isso já é mais específico", ressaltou.

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O especialista em educação Marcelo Lima reconhece as dificuldades dos professores de apresentar novos conteúdos durante a pandemia. Entretanto, afirma que a generalização pode acabar levando ao desinteresse dos estudantes.

"Você tem uma sequência lógica no processo de conteúdo, o professor sabe disso. Agora, quando ele transforma a tarefa que ele está passando para os alunos como uma coisa padronizada, eu posso ter quatro turmas aprendendo o mesmo conteúdo em fases diferentes. Eu não posso dar a mesma tarefa para todas as turmas. O professor que está em sala de aula sabe disso. Agora, quando ele faz uma tarefa para os alunos, ele pode fazer uma só. E aí cai nessa questão, do aluno ou sentir muita dificuldade ou sentir que está repetindo a mesma coisa e ficar totalmente desestimulado", destacou.

Vila Velha

Já a Prefeitura de Vila Velha informou que ainda não há definição sobre a reposição das aulas ou, até mesmo, estender o ano letivo após a pandemia. Segundo a prefeitura, novos conteúdos não estão sendo passados aos 37 mil estudantes do ensino fundamental da rede municipal.

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"São matérias que eles já viram durante o ano, até março, quando estava tendo atividade, também matérias da atualidade, que os professores estão trabalhando, mas não muito conteúdo novo, porque essas atividades não são avaliativas. É importante mencionar isso. O aluno está fazendo para ter o contato com esses conteúdos, continuar o desenvolvimento da aprendizagem, desenvolvimento emocional, intelectual. Tem esse relacionamento com a escola, mas não vai ter o poder de aprovar ou reprovar. É mais para interação", explicou a subsecretária administrativa e financeira de educação de Vila Velha, Soliandra Della'Parte Mattos.

Alunos do terceiro e do sexto ano de uma escola municipal do bairro São Conrado, no município, os irmãos Vitória e Miguel Garcia, de 9 e 11 anos, respectivamente, usam as apostilas que a mãe busca toda semana no colégio. No entanto, os exercícios são apenas de revisão de conteúdos.

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"É tudo matéria que eles já viram. Então vai estudando e só relembrando. Mas, por outro lado, tem que ser assim também, porque como a gente vai explicar? Eu não sou professora para explicar uma matéria nova", afirmou a mãe das crianças, a salgadeira Vânia Lúcia Garcia.

Ela conta que manter os filhos estimulados tem sido um grande desafio. Vânia diz que tenta conciliar o trabalho de salgadeira com os estudos deles, em casa. Ela conta ainda que tem sempre que puxar a orelha das crianças, que se distraem com qualquer coisa. "Tudo é motivo para largar os estudos para olhar um cachorro que late, uma televisão, alguém que chama. Aí distrai muito fácil".

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV 

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