Com plano de retomada no 2º semestre de 2020, Samarco diz que 'vai voltar diferente'
Mineradora, segundo assessoria, vai operar filtrando 80% dos rejeitos
A Samarco anunciou a expectativa de retomada das operações para o segundo semestre de 2020. Após o término da primeira etapa de obras da Cava Alegria Sul, localizada no Complexo de Germano, em Mariana (MG), que receberá parte dos rejeitos gerados na lavra da mina, a mineradora terá pela frente intervenções para garantir a segurança de não haver nova tragédia com barragens de rejeitos.
As obras na Cava Alegria Sul tiveram início em outubro do ano passado e estão sendo acompanhadas por auditoria independente.
"Mesmo se obter a licença em Minas Gerais (a mineradora não tem licenciamento desde outubro de 2016), não vai operar imediatamente, vai construir uma planta para filtrar 80% do rejeito a seco. A Samarco vai voltar diferente", disse a assessoria de imprensa da mineradora por telefone.
Com o novo licenciamento, a Samarco fará uma obra da planta de filtragem, que demora cerca de um ano, segundo a assessoria de imprensa. O Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) do Complexo de Germano está em andamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais. A expectativa da empresa é obter a LOC nos próximos meses.
"Se a empresa conseguir a licença, inicia a obra da planta de filtragem, que demora cerca de um ano. Há uma expectativa de voltar no segundo semestre de 2020. Ao mesmo tempo que volta em Mariana (MG), volta em Anchieta (ES)", confirmou a assessoria de imprensa.
Segundo a assessoria de imprensa da Samarco, não há pendência de licenciamento no Espírito Santo. Em Minas Gerais, a Semad disse em nota enviada para o Folha Vitória que "emitiu, em dezembro de 2017, a Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) do Sistema de Disposição de Rejeitos Cava Alegria Sul, da Samarco, em Mariana".
Ainda de acordo com a nota, a "licença concedida previa a construção de um dique, de modo a ampliar a área de disposição, bem como permitia a preparação da cava para receber, no futuro, a disposição de rejeitos". Uma resolução da pasta, publicada no dia 29 de janeiro de 2019, obrigou a paralisação do licenciamento de todas as barragens em Minas Gerais. Assim, a Samarco fez uma proposta para apresentar "uma adequação no sistema de disposição de rejeitos (SDR), utilizando apenas a cava, sem construção de qualquer barramento".
A Semad afirma que a mineradora apresentou documento com mudança do processo com redução de impactos ambientais, analisados no processo de LP e de instalação do SDR Cava de Alegria Sul.
Por fim, a pasta diz que "não há impedimento legal ou administrativo à continuidade do processo de regularização ambiental". O processo da Licença de Operação do SDR Cava de Alegria Sul está em análise técnica, dentro no processo de Licença de Operação Corretiva (LOC) do Complexo de Germano. Eles estão sendo avaliados em paralelo com o restante das atividades do complexo.
A Samarco precisa da aprovação da referida LOC para retomar as atividades. A previsão de finalização da análise técnica e deliberação pela Câmara Técnica do Copam é para o primeiro semestre de 2019.
“Nossa proposta é voltar diferente, o que reforça nosso compromisso com as comunidades e toda a sociedade. Vamos voltar de forma gradual, inicialmente com 26% de nossa capacidade produtiva, operar sem barragem para disposição de rejeitos e por meio da incorporação de novas tecnologias, tendo a segurança como prioridade. Só voltaremos após a implantação completa da filtragem”, afirma o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.
Rejeitos
A cava terá capacidade para receber 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Seu uso evita o impacto ambiental em outro espaço. A segunda etapa, em andamento, consiste na montagem eletromecânica do sistema de bombeamento de lama, rejeito e água.
Com a implantação das novas tecnologias, a lama gerada na exploração do minério de ferro, que representa cerca de 20% do total de rejeitos gerados, será processada e destinada à Cava Alegria Sul. Por ser uma formação rochosa e estável, um espaço confinado, a estrutura permite a contenção natural de forma mais segura, além de evitar impacto em novas áreas.
A maior parte do rejeito, que corresponde aos arenosos e representa 80% do total gerado, será filtrada e empilhada a seco. O processo de filtragem permitirá o reaproveitamento de água.
Desde o rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana (MG), em 2015, a Samarco afirma que tem feito monitoramento das estruturas geotécnicas, em consonância com as normas brasileiras e com requisitos internacionais de segurança.
Monitoradas 24 horas por dia por meio do Centro de Monitoramento e Inspeção (CMI), as estruturas geotécnicas da empresa permanecem estáveis, possuem a Declaração de Condição de Estabilidade e são acompanhadas também por auditorias independentes realizadas periodicamente no Complexo de Germano. Os relatórios são encaminhados aos órgãos competentes.