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"Filtro-bolha": entenda o que há por trás do seu feed nas redes sociais

O projeto Conexão Folha Vitória visa parcerias com instituições de ensino e disponibiliza espaços para troca de experiências entre acadêmicos e profissionais da área jornalística. Nessa 1ª série de reportagens os alunos de comunicação da Faesa abordam temas que impactam o jornalismo atual.

Redação Folha Vitória
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Reportagem: Carolina Aildefonso - aluna 5º período

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Nos dias atuais, é cada vez mais comum ver a população inteira com um celular na mão. Seja em pontos de ônibus, academias, shoppings ou nas ruas, esse convívio constante com a tecnologia pode trazer consequências psicológicas, como a dependência no celular, e algumas que afetem o convívio social do indivíduo e aqueles que fazem parte da rotina dele.

É frequente ver as pessoas utilizando o celular para checar as notificações nas redes sociais a todo instante, por exemplo. Algumas vezes, esse uso constante sem moderação pode gerar o vício, mas, principalmente, faz uma mídia social, como o Facebook, selecionar aquilo que o indivíduo gostaria de ver com base em curtidas e comentários em postagens diversas.

Para quem não conhece muito sobre tecnologia, fica difícil entender como o filtro bolha, como é chamado o fenômeno, atua na vida de cada pessoa, mas é bem mais simples com alguns exemplos.

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Os perfis apresentados acima são de dois personagens fictícios e com personalidades diferentes. Enquanto Steve Rogers vem do Brooklyn, Tony Stark, por outro lado, não mostra de onde vem, mas as características fornecidas mostram que ele é um gênio bilionário. Isso significa que é a partir do perfil de cada usuário das redes sociais que um site de buscas, por exemplo, encontra artigos, matérias ou outros documentos que combinem com o perfil de cada um.

O exemplo utilizado acima explica que, de acordo com o perfil de Steve, um capitão que saiu do Brooklyn e não tem tanto dinheiro, a ferramenta de buscas encontrou sites em que ele pode encontrar promoções de passagens e hotéis para Dubai, sem mencionar notícias sobre política ou outro assunto, dando a entender que ele não tem conhecimento suficiente para esse tipo de matéria. O que não ocorre com o perfil de Tony Stark, em que os primeiros resultados encontrados são as notícias sobre a princesa de Dubai desaparecida.

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Eli Pariser, autor do livro “O Filtro Invisível”, exemplifica nas palestras que faz ao redor do mundo, que, um dia, os posts de amigos republicanos que tinha no Facebook sumiram e apenas os posts dos amigos democratas apareciam no feed de notícias dele (página inicial de cada rede social). Isso acontece porque, graças à mudança de algoritmo da rede social, Eli curtia mais postagens sobre os democratas, o que levou o mecanismo a entender que ele era um democrata também e se interessava sobre esse assunto.

O filtro bolha leva o mecanismo a entender que as postagens mais lidas e curtidas pelo usuário são os temas que ele quer ver cada vez mais nas páginas principais de notícias. Então, o mecanismo retira as postagens que podem ser indesejadas pelo indivíduo. De acordo com o professor de Jornalismo e Publicidade e Propaganda Felipe Tessarolo, o filtro bolha não é positivo para o Jornalismo, pois pode-se criar uma sociedade de uma pessoa só. “Essa questão da bolha pode isolar o indivíduo de assuntos que ele não gosta, mas que deveria saber para compreender o que tem acontecido no mundo”, afirma.

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Por outro lado, o professor explica que, para a Publicidade, o filtro bolha é ótimo, pois cada publicação consegue falar diretamente com a parte da sociedade que se interessa naquele assunto. “Se eu vejo pessoas que praticam esportes, consigo anunciar produtos diretamente para aqueles que buscam e comentam aquele assunto”, exemplifica.

Há dois anos e meio diante de uma empresa voltada para o marketing e a publicidade digital, atendendo diferentes clientes, Acácio Leal atua diariamente no mercado e consegue perceber a diferença entre como era antes e depois da mudança de algoritmos nas redes sociais. “Muitas vezes, a gente sente que a bolha está inserida no cliente. É difícil convencê-lo de que ele tem que tentar olhar de fora daquilo e que existe um mundo maior além da própria página de notícia dele”, comenta.

Acácio diz que a mudança de algoritmos nas redes sociais, facilitando a atuação do filtro bolha, foi sentida por todos os usuários. As páginas que ele e o sócio gerenciam na empresa deles, Macromídia Digital, sofreram perda entre 20% a 30% de alcance nas postagens orgânicas, como são chamadas as postagens não patrocinadas. “Acredito que a restrição do alcance das páginas é uma medida de sobrevivência do Facebook, pois alguns dizem que ele só faz isso para que as empresas sejam obrigadas a pagar as postagens e a mídia consegue lucrar mais”, esclarece.

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Além do Facebook, mídias sociais como o Instagram, também aderiram à mudança do algoritmo e tem cada vez mais mostrado apenas postagens de pessoas que os usuários mais curtem. O Twitter, por outro lado, seleciona alguns tweets mais curtidos e comentados, mostrando o que o indivíduo pode ter perdido no tempo em que não estava online na rede social. O filtro bolha tem atuado cada vez mais em mídias sociais como essas, que são cada vez mais utilizadas no cotidiano do indivíduo.


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