Professores de Cariacica entram em greve por tempo indeterminado
Os professores da rede municipal de Cariacica entraram em greve, na manhã desta segunda-feira (05). De acordo com o Sindiupes (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo), a categoria reivindica reajuste salarial, e recomposição das perdas inflacionárias.
De acordo com a prefeitura de Cariacica, todas as escolas aderiram à greve. Os professores da rede municipal se reúnem em assembleia na próxima quarta-feira (07), no período da tarde. Além de Cariacica, os professores da rede municipal de Vila Velha e Vitória também estão em greve desde o mês de abril.
Por meio de nota, a prefeitura de Cariacica informou que, no momento, não há expectativa de negociação. Disse ainda que ficou acordado com o sindicato dos professores um reajuste de 4% no mês de maio, e um reajuste de 1% nos meses de julho e novembro. Além disso, o professores que trabalham 25 horas, passam a receber o auxílio alimentação relativo a 30 horas; e os que trabalham 35 horas, passar a receber o auxílio alimentação relativo a 40 horas (valor: R$ 150,00).
Segundo a prefeitura, a secretraia de Educação está estudando ainda a possibilidade de um aumento no auxílio alimentação até dezembro deste ano. Informou ainda que, a princípio, o ponto dos professores não será cortado, pois há o indicativo de que essas aulas serão repostas. A proposta de calendário de reposição deve ser entregue também na quarta-feira (07), quando será realizada a assembleia da categoria.
Rede estadual
Já os professores da rede estadual de ensino se reúnem em assembleia também na próxima quarta-feira (07). A reunião, porém, será realizada às 09 horas, no Centro Sindical dos Bancários, em Vitória.
Reivindicações
A pauta de reivindicações dos professores estaduais em greve possui 14 pontos. Dentre eles está a reposição inflacionária na folha de pagamento, aumento no auxílio alimentação, além de mais investimentos do governo na área da educação.
O ponto que gera mais atrito entre governo e categoria é a reposição inflacionária. Os professores pedem, pelo menos, o aumento de 5,91%, o que corresponde à inflação calculada pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No início do ano, o governo concedeu aumento de 4,5% e diz que não tem como conceder aumento devido a lei eleitoral que proíbe o governo de conceder aumento seis meses antes das eleições. Com o impasse, governo e professores não chegam a um acordo.
Cronologia da greve
>> Em março, a categoria entregou uma pauta de reivindicações aos deputados estaduais. Os professores exigem o cumprimento da lei do piso, carreira e jornada; investimento dos royalties de petróleo na valorização da categoria; votação imediata do Plano Nacional de Educação e a destinação de 10% do PIB para a educação pública; e contra a proposta dos governadores de reajuste do piso somente pelo índice da inflação.
>> No dia 17 março, um protesto realizado pelos professores terminou em conflito com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Serra. Os docentes foram às ruas pedir mais valorização da classe. A polícia exigia que os professores ocupassem apenas uma faixa da via. Com a recusa do grupo, a polícia usou spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
>> No dia 18 de março, mais de 5 mil professores se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) em uma nova manifestação. Os manifestantes atravessaram a Terceira Ponte e, em seguida, foram para o Hortomercado, em Vitória, onde se reuniram com profissionais de diversos municípios capixabas.
>> Em 8 de abril, após uma assembleia, os profissionais decidiram entrar em greve e pararam o trânsito. Eles se concentraram na Praça Getúlio Vargas, na Capital, e seguiram em caminhada até o Palácio Anchieta.
>> Na última terça-feira (22), a categoria se reuniu com o governo do Estado para discutir as pautas de reivindicações dos professores. A reunião não chegou a nenhum acordo. O Sindiupes diz que o governo não apresentou nenhuma proposta para o fim da paralisação.
>> Na quarta-feira (23), a categoria decidiu em assembleia que a greve continua por tempo indeterminado
>> No mesmo dia 23, cerca de 1 mil professores saíram em passeata em um protesto contra desembargadores que decretaram a greve ilegal. Eles fizeram apitaço e gritaram palavras de ordem. O trânsito ficou completamente parado na região.
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>> No dia 30 de abril, quando a greve completou 22 dias, cerca de 500 professores fizeram mais uma passeata e interditaram o trânsito em diversas vias da Capital. Com carro de som e faixas, os manifestantes passaram pela Praça do Papa, na sede da prefeitura de Vitória e terminaram a passeata no Palácio Anchieta.