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CICLO DAS ÁGUAS

Robôs, inteligência artificial e inovação ajudam a acelerar saneamento no Estado

Tecnologia auxilia, por exemplo, a detectar vazamentos e fissuras na tubulação sem ser preciso quebrar ruas. Confira outras iniciativas

Redação Folha Vitória

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Foto: Divulgação Cesan
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Um robô que percorre a tubulação de água escaneando tudo, procurando vazamentos, fissuras, pontos por onde escapa aquele nosso bem mais precioso. E mais, além de detectar onde tem o problema, ele também pode resolver. O robô é inteligente, opera com a inteligência artificial.

Parece que a gente descreve a cena de um filme futurista, mas essa é uma realidade que começa a operar aqui no Espírito Santo. A vantagem é que toda vez que a rede precisar de reparos, não será necessário quebrar ruas, interromper o trânsito. E o tempo para a água voltar às torneiras será muito menor.

“A gente usa a inteligência artificial no método não destrutivo. O que significa isso? A gente vai trocar as tubulações, claro que não todas, porque ainda é muito caro, sem precisar fazer aquele buraco na via. Essas tubulações poderão ser substituídas ou recuperadas internamente. É aí que entra a tecnologia. Os robôs passam dentro da tubulação e mapeiam a situação. A inteligência artificial vai dizer qual serviço deverá ser feito”, explica Thiago Furtado, diretor Operacional da Cesan.

Ele diz ainda que os trabalhos com essa tecnologia começam a operar já neste começo de 2024.

“É feito um processamento de dados em que é detectado o que precisa ser feito naquela tubulação. E isso pode ser usado tanto nas tubulações de água quanto nas de esgoto”, complementa. O investimento nessa tecnologia é de R$ 145 milhões e o serviço tem garantia de 50 anos.

Foto: Arte/Folha Vitória
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A tecnologia é uma necessidade quando a gente fala de oferecer saneamento básico para as pessoas. E isso quem fala são os especialistas.

“Sem água não há vida nem desenvolvimento. A gente vê que locais com escassez hídrica no Nordeste brasileiro, por exemplo, têm o desenvolvimento local muito limitado. Então, por isso a gente tem que estar sempre em busca de alternativas tecnológicas para aproveitar a água da forma mais racional possível”, diz a oceanógrafa e analista ambiental da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Aline Keller Serau.

Desperdício

E sabe por que a gente precisa de robôs, inteligência artificial e outras tecnologias inovadoras no saneamento básico? Porque a conta já está chegando bem alta para as pessoas.

No Estado, 96 bilhões de litros de água tratada, limpa, são perdidos todos os anos. Isso equivale a 38,4 mil piscinas olímpicas. E essa água toda vai embora por causa de ligações clandestinas e vazamentos na rede. Essa perda causa um prejuízo anual de R$ 260 milhões, segundo dados da Cesan. Com certeza essa conta cai no colo do consumidor.

Foto: Arte/Folha Vitória

“A Cesan contratou recentemente um serviço de combate a perdas e desperdício referente a ligações clandestinas. Esse tipo de ligação tem que sofrer sanção, porque quando você tira a água da rede ela deixa de chegar à casa de quem efetivamente está pagando por ela. A Cesan tem um setor de Serviço Social pelo qual as pessoas são orientadas sobre a migração para a tarifa social. Então a gente orienta que essas pessoas procurem a Cesan para fazer a regularização do seu serviço”, afirma o diretor-presidente da companhia, Munir Abud.

Mais inovação nos tratamentos da água

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O robô e a inteligência artificial não estão sozinhos quando se fala em tecnologia na oferta de saneamento. As estações mais modernas de tratamento de água e efluentes usam um sistema misto para acelerar o processo.

Foto: Arte/Folha Vitória

O processo mais tradicional é o da decantação, quando é preciso esperar as impurezas se acumularem no fundo dos tanques para então retirar.

Agora é usado também o sistema de floto-filtração, em que o tratamento permite a separação das matérias orgânicas presentes na água a partir da injeção de ar dissolvido. A sujeira é movida para a superfície do tanque e então retirada por raspadores de lodo.

Foto: Arte/Folha Vitória

“Essa tecnologia já funciona na nossa estação ETA 5, que fica na Serra. Em estações tradicionais eu espero decantar, a sujeira descer e isso demora um tempo. Com a nova tecnologia, a gente consegue acelerar o processo de tratamento. A Cesan juntou as duas tecnologias. Ela ampliou a ETA 5 e o processo é o seguinte: na forma tradicional o material é decantado e retirado por baixo. A água mais limpa resultante desse processo passa pela floto-filtração. Isso acelera o tratamento e proporciona água de melhor qualidade”, conta Thiago Furtado.

Foto: Arte/Folha Vitória

Iniciativa privada: ações para não perder espaço

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A iniciativa privada também precisa pensar em tecnologia para lidar com água e efluentes. Essa pode ser a diferença entre permanecer no mercado de forma competitiva ou perder espaço para os concorrentes.

No Shopping Vitória, a água da chuva é captada, filtrada e utilizada para molhar os jardins. É apenas uma iniciativa para economizar.

Nos banheiros, as torneiras são digitais e contam com um sistema inteligente que reduz o volume que sai. As descargas têm sensor de aproximação e o bebedouro só libera água quando a garrafinha chega perto.

É possível economizar com esse sistema o equivalente a um mês de consumo do local. São 4 milhões de litros de água. E o sistema de captação de água da chuva é utilizado para molhar os jardins nos dias que não estão chovendo.

“Antigamente a gente usava um tanque com 2 milhões de litros de água para atender essas demandas e a gente substituiu todo esse sistema por um outro que utiliza machine learning. Ou seja, ali você tem um modelo matemático que aprendeu como o nosso sistema funcionava e a partir dessas equações hoje ele controla como a gente usa essa água. Por isso, a gente não precisa mais de um tanque de 2 milhões de litros de água”, diz Cícero Nobre, gerente de Operações do shopping.

Na Viminas, empresa localizada na Serra que opera com a laminação e transformação de vidro, a água é essencial e o uso racional pode significar mais economia e lucros maiores.

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Depois da lapidação do vidro, a água com os detritos do processo cai em canaletas. Tudo é direcionado para uma estação que fica no pátio da empresa. A água é tratada e volta para as máquinas.

“Depois que a água sai da máquina ela está com resíduos químicos, vidro, papel e outras coisas. Na primeira etapa de tratamento, a gente separa o líquido do sólido. Depois a água passa por um processo de várias peneiras até chegar a outro tanque. É quando está em condições de ser reutilizada no processo. É um ciclo contínuo. A gente utiliza a mesma água. Só complementa eventualmente”, explica o coordenador de manutenção da Viminas, Gidalto Garbossi.

O processo permite uma economia impressionante. O sistema usa entre 50 mil e 100 mil litros de água por dia. Se não houvesse reuso, o consumo passaria da casa dos 300 mil litros. Seis vezes mais do que é a rotina atual.

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