Ciclista morta em Camburi: imagens de videomonitoramento serão entregues à polícia
A defesa da mulher presa por dirigir embriagada e se envolver no acidente afirma que outro motorista, em outro veículo, teria provocado o acidente. As imagens das câmeras de segurança vão ajudar a polícia a identificar o que aconteceu
As imagens das câmaras de videomonitoramento da Avenida Dante Michelini, em Vitória, serão entregues à polícia e vão ajudar na investigação do acidente que causou a morte da estudante e modelo Luísa Lopes, de 24 anos. A jovem foi atropelada, na noite da última sexta-feira (15), quando andava de bicicleta.
Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (Semsu), a Polícia Civil fez a solicitação das imagens na manhã desta segunda-feira (18). O material já foi separado para ser entregue aos investigadores.
"A perícia já esteve na Central Integrada de Operações e Monitoramento para ter acesso a todas as imagens que colaborem com o trabalho de apuração", afirma a secretaria.
A motorista do veículo envolvido no acidente, Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, chegou a ser presa, mas foi solta após pagar fiança de R$ 3 mil. A mulher foi autuada por dirigir sob o efeito de álcool, mesmo após se recusar a realizar o teste de bafômetro.
A defesa da motorista alega, no entanto, que ela não foi a responsável pelo acidente. Isso porque, segundo o advogado da suspeita, Jamilson Monteiro Santos, testemunhas teriam contado que outro carro teria provocado o acidente e que Luísa teria sido arremessada no veículo de Adriana.
As imagens das câmeras podem ajudar os investigadores a identificar se outro carro esteve envolvido no acidente e identificá-lo.
Por que a motorista envolvida no atropelamento com morte de jovem foi solta?
O caso da morte de Luísa ganhou repercussão nas redes sociais após a mulher suspeita de provocar o acidente ter sido solta por uma determinação da Justiça. Adriana pagou a fiança estipulada durante a audiência de custódia e foi liberada.
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Na decisão, o juiz José Leão Ferreira Souto entendeu que a liberdade de Adriana "não oferece risco à ordem econômica, à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, considerando que possui residência fixa e ocupação lícita, bem como é primária".
O advogado criminalista Rivelino Amaral explicou que a decisão do magistrado vai de acordo com o que está previsto na legislação.
"As pessoas têm o direito de responder ao processo em liberdade. Não foi por erro do juiz ou porque ele foi benevolente. Ele apenas cumpriu o que está na Constituição Federal. A acusação que pesa sobre ela, que ainda não é uma denúncia, fala que ela cometeu o crime do artigo 306, que é o de conduzir veículo sobre efeito de álcool. A pena máxima é de até 3 anos. Nesses casos, o juiz vai arbitrar fiança, que não é faculdade do juiz, mas é direito do réu", explicou.
"Não quer dizer que a pessoa não será punida ou que ela não possa ir para juri. Esse processo vai ser distribuído para uma das varas de Vitória e pode ser que esse outro juiz tenha o entendimento diferente do juiz que fez a audiência de custódia. A audiência só serve para o juiz decidir se essa pessoa representa risco para o processo ou para a sociedade. Não é uma análise se ela fez ou não fez, se tinha outro carro, se ela bebeu álcool. Tudo será discutido na ação penal", afirmou.
Amigos e família pedem por justiça pela morte de modelo
Revoltados com a decisão judicial, amigos e familiares da modelo estão organizando uma manifestação, para a próxima terça-feira (19), para pedir justiça pela morte da jovem.
O ato, marcado para às 18h, acontecerá no mesmo local do acidente, em frente ao Clube dos Oficiais, na Praia de Camburi, em Vitória.
Nas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) destacou que o ato será um grande protesto, político, cultural e pela vida.
"Não podemos nos calar frente a esse absurdo. Uma vida não vale 3 mil reais, ou qualquer dinheiro. Perdemos uma jovem, mulher, negra, universitária de 24 anos e queremos JUSTIÇA", diz a legenda da publicação.
"Tinha toda a carreira pela frente", diz pai de ciclista morta atropelada em Camburi
A morte da estudante universitária, modelo e passista da escola de samba Unidos de Jucutuquara, Luísa Lopes, comoveu a todos. O pai da jovem, Ivan Lopes, lamentou profundamente a morte da filha e lembrou que ela tinha uma carreira pela frente.
"O coração de pai tem vontade de chorar e chorar. Ela estava no último período de oceanografia, tinha a carreira toda pela frente. Foi atropelada em cima da faixa de pedestres, ia fazer 25 anos neste mês. Era cheia de sonhos", disse.
Segundo Ivan, a filha era estudante de inglês e também cursava o último período de oceanografia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).