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Por falta de vacina, cidades suspendem aplicação de 2ª dose

A Coronavac deve ser administrada com o intervalo de até 28 dias entre as duas doses, mas idosos de alguns Estados já ultrapassaram esse prazo sem que a segunda dose fosse ofertada

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Agência Brasil/ Tânia Rêgo
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Com o atraso na entrega de um novo lote da vacina Coronavac previsto para este mês, cidades em diferentes Estados do País tiveram de suspender a aplicação da 2.ª dose, deixando centenas de milhares de pessoas com o esquema de proteção incompleto. O imunizante produzido pelo Instituto Butantan deve ser administrado com o intervalo de até 28 dias entre as duas doses, mas idosos de alguns Estados já ultrapassaram esse prazo sem que a segunda dose fosse ofertada.

O Estadão identificou o problema em cidades de ao menos oito Estados. Uma das situações mais dramáticas é a do Rio Grande do Sul. Lá, diz a Secretaria da Saúde, faltam 40.470 doses da Coronavac para concluir o esquema vacinal de idosos que receberam doses da remessa entregue em 20 de março. Mais 223 mil pessoas, que tomaram o imunizante de lote entregue em 26 de março, estão com cronograma ameaçado.

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Uma das prejudicadas foi a aposentada Marlene Bervig Martins, de 69 anos. De Canoas, Grande Porto Alegre, ela recebeu a 1.ª dose no fim de março e foi orientada a voltar ao posto de saúde para a 2.ª ontem, quando foi informada de que não havia mais vacina. "Eu estava contando os dias para a 2.ª dose, fiquei triste. Faz um ano que a gente vê esse desdém e muitas vidas perdidas", reclamou ela.

A Prefeitura de Canoas informou que a suspensão da aplicação da segunda dose teve início anteontem e deve atingir ao menos 10,2 mil pessoas que já completaram ou irão completar até o próximo sábado o intervalo de 28 dias. Como a previsão do Butantan é de entregar novas remessas só a partir do dia 3, as pessoas que completam os 28 dias até o fim da semana terão o esquema vacinal atrasado.

A Secretaria da Saúde de Pernambuco disse que esperava nesta semana 126 mil doses para a segunda aplicação, mas que só recebeu 28 mil, o que impede, por ora, concluir o esquema vacinal de quase 100 mil de pessoas. Maceió diz ter recebido só um terço das doses previstas para a semana, o que fez a prefeitura a desmarcar a vacinação de quem receberia a 2.ª dose nesta semana. Ainda não há atraso confirmado porque a maioria havia sido agendada para um intervalo de 21 dias. Mas, se novos lotes não chegarem até o início da semana que vem, milhares de idosos podem ficar com o esquema vacinal comprometido.

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Na Paraíba, após 63 cidades suspenderem a oferta da dose de reforço, a Justiça determinou que o Ministério da Saúde enviasse 75 mil doses antecipadamente para retomar a campanha. Natal e Mossoró (RN) interromperam a aplicação da 2.ª dose. Levantamento da Secretaria da Saúde potiguar aponta que 56,8 mil pessoas já com a dose atrasada.

Em São Paulo, Cajamar parou com a segunda aplicação semana passada e informou que entrará em contato com as pessoas que estavam agendadas para remarcar a imunização quando receber nova remessa. Guarapari (ES) esgotou todo o estoque de vacinas ontem e anunciou que a aplicação de 2.ª dose está suspensa a partir de hoje.

No Rio, Maricá parou ontem a aplicação após usar todas as 560 doses enviadas à cidade sábado. A Secretaria Estadual da Saúde confirmou ao Estadão que "alguns municípios já comunicaram extraoficialmente à pasta que não têm mais doses de vacina para aplicação e terão de suspender a vacinação".

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A secretaria destacou que, desde meados de março, o ministério passou a recomendar a Estados a utilização de todas as doses enviadas, sem retenção para 2.ª aplicação. "O ofício ressaltava que a medida tinha como objetivo acelerar o processo de vacinação, uma vez que havia cronograma semanal do ministério para distribuição de doses aos Estados".

Entrave

Com o atraso na chegada do ingrediente farmacêutico ativo da China para produzir a Coronavac, pouco mais de 4 milhões de doses do imunizante que deveriam ser entregues até o fim de abril ficaram para a primeira semana de maio.

A coordenadora do Plano Estadual de Imunização de São Paulo, Regiane de Paula, explica que o governo paulista optou por reservar a 2.ª dose justamente para garantir o esquema vacinal completo a todos. Ela disse que problemas como o de Cajamar podem estar relacionados a estratégias específicas de municípios que não seguiram a orientação da secretaria. "Entregamos nesta segunda e terça as doses para pessoas de 68 anos que se vacinaram no início do mês. Agora, se municípios anteciparam faixas etárias e não seguiram a nossa recomendação, talvez tenham essa falta", destacou ela.

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O ministério não informou o total de pessoas com doses em atraso pela falta de vacina, mas emitiu nota ontem orientando que quem não tomou a 2.ª dose dentro dos 28 dias deve tomar mesmo fora do prazo, quando o produto estiver disponível. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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