Super generalista e a arte de começar e abandonar
"Quem nunca escutou as frases: você tem que ser especialista em algo ou quem faz de tudo, não faz nada bem?"
(*)Por Flávio Cavalcante
Estudando isso entendeu que seu protocolo mental era encontrar uma área de interesse, estudar tudo que eu podia sobre ela, fazer a parte prática obsessivamente, testar meu conhecimento, graduar ou não, procurar o link com a próxima área...ciclicamente. Basquete, futebol, vôlei, ciência, caratê, Kung-fu, origami, ninjutso, capoeira, hai-kai, poesia, compor músicas, violão, piano, matemática, lógica, direito, administração, geografia, bandeiras de Países, educação, física, filosofia, teatro, química de petróleo, comédia, negociação internacional, psicologia, neurociência, e assim ela foi, começando e parando.
Confira o áudio do professor Flávio Cavalcante:
Com o tempo essa criança percebe que sua dedicação fazia ela aprender rápido e logo, enjoar rápido e trocar rápido. Nunca foi preguiça ou frescura, mas sim curiosidade científica.
Voltando para nossa realidade é fato que existe uma alternância geracional no que se refere à valorização de características profissionais e pessoais, algo semelhante a um movimento harmônico simples, que alterna foco no profissional generalista (visão geral do processo) ao foco no especialista (visão seccional). Entretanto, o discurso sempre tendeu à formação do especialista, dos anos iniciais da administração científica aos dias atuais. O famoso: “você tem que ser especialista em algo” ou “quem faz de tudo, não faz nada bem”.
Tal comportamento é fruto de uma estratégia simples: quem vê segmentado não entende o todo e portanto, se torna parte do processo, nunca o próprio processo, o que impossibilita, por exemplo, que o funcionário crie concorrência para o empregador.
Desta forma, matamos o empreendedorismo ao evitar que nosso funcionário entenda a lógica geral do negócio relegando-o a figura do COLABORADOR que, como o próprio nome determina apenas colabora para o resultado final do empregador.
Por isso proponho um novo personagem: o SUPER GENERALISTA. Alguém que faz um bom job rotation (aprendeu várias áreas) e optou por continuar o aprendizado. Gosto de lembrar que o conhecimento é como uma esfera, quanto mais ela cresce, mais área de contato com o desconhecido ela tem. Sobre a criança, ela continua sendo criticada por isso, mas eu nem ligo mais.
Confira a análise do professor Flávio Cavalcante sobre o tema:
*Flávio Cavalcante é professor, palestrante e autor de obras sobre carreira, mercado de trabalho e planejamento estratégico pessoal.