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Lorena lidera estudo da violência em SP; polícia pede reforço

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Ernani Braga é delegado de polícia há 15 anos em Lorena, cidade a 200 quilômetros de São Paulo, na direção do Rio. "Aqui, há mais arma do que deveria. Há mais do droga do que deveria haver para uma cidade desse tamanho. E o aumento da violência não nos transforma em uma prioridade dentro da polícia. Olha só o meu prédio. Não dá para fazer milagre."

Lorena se destaca no estudo inédito sobre violência do Instituto Sou da Paz, antecipado com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo. O Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV) de 2017 mostrou que a liderança do ranking das mais violentas pertence à cidade do Vale do Paraíba onde o índice foi de 54,4 - a média geral de São Paulo ficou em 21,3.

Da sala do delgado Braga, no primeiro andar de um prédio visivelmente sem a manutenção devida, ele sai para mostrar rachaduras nas salas vizinhas, a porta quebrada e as janelas estilhaçadas no térreo e o mato alto do lado de fora. Na equipe, ressente-se de escrivães, que poderiam acelerar o trabalho cartorial, facilitando as investigações. "A equipe se desmotiva com isso tudo", diz.

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A queda na motivação é notada na taxa de esclarecimento de homicídios. Diz Braga que, em 2016, 90% dos 30 homicídios da cidade foram esclarecidos. Em 2017, foram só 50% dos 28 assassinatos. "Tem de haver a repressão contra esses casos. Quando não há, o tráfico fica mais à vontade. Precisamos de prioridade para melhorias", diz. Braga considera que a maioria dos assassinatos se dá pela disputa entre diferentes quadrilhas que vendem droga na cidade, na disputa por território.

Braga ainda não era o delegado da cidade quando em 1991 quatro homens entraram em uma residência ampla no centro de Lorena e mataram Cristiano, de 18 anos, e Graziela, de 15. A intenção era furtar o que vissem pela frente, mas o resultado acabou sendo muito mais trágico. Os detalhes ainda estão vivos na lembrança da psicóloga Alda Patrícia Fernandes Nunes Rangel, de 69 anos, mãe das duas vítimas.

Luto

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Os detalhes estão vivos, mas não são mais tão dolorosos para ela, que estudou no seu doutorado o que chama de luto parental, a dor de pais que perdem filhos. "O caminho natural é que os filhos enterrem seus pais", diz no seu consultório, uma sala conjugada que dá acesso à residência, a mesma onde chegou naquela noite do seu aniversário e se deparou com os corpos dos filhos.

No grupo, que Alda diz ser "terapêutico como consequência", as mães contam as histórias dos filhos e recebem apoio de colegas. A notícia do trabalho já se espalhou pelas cidades vizinhas. "As memórias dos entes têm de ser preservadas, mas o luto deve ser feito com o lema de superação. Contar e recontar a história ajuda a criar uma narrativa e lidar melhor com a situação, mesmo que às vezes não haja uma explicação lógica para o que aconteceu", diz.

A Secretaria Estadual da Segurança Pública disse que as ações realizadas por ambas as polícias "possibilitaram que os indicadores criminais seguissem a tendência de queda de todo Estado". "Em 2017, os homicídios dolosos caíram 6,66%, e cerca de 50% dos casos foram esclarecidos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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