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Estudo aponta contaminação por metais pesados em águas na bacia do Rio Doce

Amostras coletadas em dois municípios mineiros e em Colatina apontam a existência de altos níveis de ferro e manganês, acima do permitido pelo governo brasileiro

Redação Folha Vitória
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Em Colatina, foram identificados dez pontos com alta concentração de ferro e manganês Foto: Divulgação/Governo
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Um estudo constatou que as águas subterrâneas da região da bacia do Rio Doce, entre Minas Gerais e Espírito Santo, estão contaminadas com altos níveis de metais pesados. Amostras coletadas em Colatina, no Noroeste capixaba, e em dois municípios mineiros apontam a existência de altos níveis de ferro e manganês, que prejudicam o desenvolvimento das plantações e oferecem riscos à saúde no longo prazo.

Em Colatina, foram identificados dez pontos de coleta com níveis de ferro e manganês acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão do Ministério do Meio Ambiente. Também foram identificados 12 pontos com os valores acima do permitido em Governador Valadares (MG) e cinco em Belo Oriente (MG). 

De acordo com o estudo, a água desses locais não é adequada para consumo humano e, em alguns casos, também não se recomenda a irrigação das plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina. As amostras foram coletadas em poços, pontos do rio e da água tratada fornecida pela prefeitura ou pela Samarco.

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A longo prazo, para a saúde, a exposição ao manganês pode causar problemas neurológicos, com sintomas de parkinsonismo, enquanto o ferro, em quantidades acimas das permitidas, pode danificar rins, fígado e o sistema digestivo.

O objetivo da pesquisa, coordenada pelo professor João Paulo Machado Torres, do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi avaliar se os agricultores, impossibilitados de utilizar em suas plantações as águas do Rio Doce - contaminadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) -, poderiam empregar com segurança os poços artesianos como fonte de irrigação e consumo. Após o desastre, agricultores familiares se socorreram em poços da região para irrigar suas plantações e ter água para beber. 

Agricultura comprometida

Segundo a pesquisa, a curto prazo o grande impacto tem sido na agricultura. O estudo buscou pequenos produtores dessas localidades para analisar como seus modos de vida foram atingidos pela lama. Muitos dos pequenos agricultores, quando não abandonaram suas terras, enfrentam dificuldades financeiras por não conseguirem mais produzir com o solo e a água que têm.

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Segundo o relatório, “88% dos entrevistados afirmaram terem alterado o tipo de cultivo e/ou criação realizada pela família após o incidente.” A produção, principalmente de peixes e cabras, foi extremamente afetada pelo desastre, sendo que a criação de peixes ou pesca praticamente desapareceram na Bacia.

O estudo demonstra ainda que, antes de romper a barragem, 98% dos entrevistados utilizavam água do Rio Doce para atividade econômicas do dia-a-dia. Após o desastre, apenas 36% continuam utilizando a mesma água. Destes, 87% utilizam a água para irrigação. Quase 60% dos entrevistados considera a água imprópria para uso, o que demonstra as incertezas e falta de informação que ameaça o direito das populações que vivem à beira do rio.

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