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Tamiflu não seria eficaz contra gripe A, revela estudo

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Genebra - Quase R$ 500 milhões podem ter sido gastos pelo governo brasileiro sem necessidade. Um estudo publicado nesta quinta-feira, 10, revela que o remédio indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater a pandemia de gripe A, o Tamiflu, não teria qualquer chance de interromper a crise e não funcionaria melhor do que qualquer paracetamol. Em 2009, quando a OMS declarou um estado de emergência internacional, governos de todo o mundo seguiram as recomendações da entidade e compraram mais de US$ 3 bilhões em cápsulas do remédio da suíça Roche. Só o Brasil gastou mais de R$ 405 milhões para comprar 75 milhões de unidades do produto.

Agora, o estudo publicado pela Fundação Cochrane e pelo British Medical Journal revela que o gasto pode ter sido totalmente desnecessário. Só o governo do Reino Unido gastou mais de € 600 milhões no remédio. Nos EUA, a conta chegou a US$ 1,2 bilhão. As vendas do remédio aumentaram em mais de 1.000%, e as ações da Roche registraram ganhos. Mas, segundo o novo estudo, o remédio não conseguiria impedir a proliferação do vírus H1N1 nem reduzir suas complicações. No máximo, o antiviral ajudaria a combater os sintomas. Um dos argumentos dados pela OMS para sugerir que governos comprassem o remédio era de que, enquanto uma vacina era produzida, a distribuição do remédio da Roche ajudaria a impedir que a pandemia ganhasse proporções catastróficas. Em um certo momento, a OMS chegou a alertar que dois terços da população mundial poderiam ser afetados pela gripe A.

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Para os analistas, parte da falta de informação vem do fato que de empresas farmacêuticas não publicam os dados de suas pesquisas. Para chegar a essa conclusão, os acadêmicos foram obrigados a consultar os testes médicos do governo britânico e analisar mais de 16 mil páginas do registro e licenciamento do remédio. "Os gastos não beneficiaram a saúde humana", declarou Carl Heneghan, um dos autores do informe e professor de Oxford. O resultado mostrou que os sintomas da gripe seriam reduzidos de sete dias para 6,3 dias. Segundo o levantamento, tomar paracetamol também levaria ao mesmo resultado, declaração contestada pela Roche. "São constatações que podem ter sérias implicações para a saúde pública", afirmou a empresa. Outros analistas também questionaram o estudo, alertando que a redução dos sintomas em crianças pode ser um ponto positivo no tratamento.

Polêmica.

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Na OMS, a entidade se limitou a dizer que estudaria as novas evidências. Mas ainda mantém o Tamiflu na lista dos "remédios essenciais". A revista The Lancet publicou um estudo que mostrou que a mortalidade do vírus H1N1 seria reduzida em 25% entre os pacientes que, uma vez internados, fossem medicados com o Tamiflu. Ainda assim, as novas revelações reabriram o debate sobre o papel da OMS em promover produtos de uma determinada marca, sem que haja um consenso na comunidade científica.

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