Iema contesta ranking que coloca cidades do ES na lista de ar mais poluído do Brasil
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos afirma que não foi consultado durante as pesquisas
O relatório World Air Quality de 2023, realizado pela empresa suíça de qualidade do ar IQair, publicou o levantamento de cidades brasileiras com o ar mais poluído, e duas cidades do Espírito Santo figuraram na lista: Serra e Guarapari.
O estudo foi baseado na quantidade de poluentes conhecidos como materiais particulados de até 2,5 micrômetros (MP 2,5) no ar das cidades analisadas.
O procedimento levava em consideração o acúmulo das substâncias na atmosfera, tendo como parâmetro o índice considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Na Serra, o índice foi de 9,3, o que supera em 1 ou 2 vezes o recomendado pela OMS. Já em Guarapari, o número é de 7, o que excede em 1 ou 2 vezes, o que é considerado seguro.
No entanto, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) contesta os números apresentados pela empresa e afirma que sequer foi consultado durante as pesquisas.
"O Iema, órgão responsável por monitorar a qualidade do ar no Espírito Santo, informa que não foi consultado sobre as informações de qualidade do ar das suas estações para o relatório da World Air Quality. Desta forma, é importante se atentar quanto a confiabilidade dos dados apresentados", informou por nota ao Folha Vitória.
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Segundo o Iema, de acordo com as informações disponibilizadas no site da IQair, os dados referentes à Grande Vitória utilizados foram colhidos por meio de um único equipamento, não homologado, do tipo "sensor de baixo custo". O equipamento usado está na Serra e foi identificado como fonte anônima.
Além disso, o órgão informa que monitora o MP 2,5, assim como gases e material particulado por meio de estações da Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar (RAMQAr).
"É importante destacar que o Espírito Santo, com a RAMQAr, possui uma das melhores redes de monitoramento de qualidade do ar no Brasil, tanto em número proporcional por habitantes quanto em distribuição territorial, conforme relatório recentemente divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente, intitulado 'Dimensionamento da Rede Básica de Monitoramento da Qualidade do Ar no Brasil' (fevereiro de 2024)", pontuou.
Prefeituras também contestam dados
As prefeituras da Serra e de Guarapari foram procuradas para comentar a pesquisa e os índices apresentados pelo estudo.
Por meio de nota, a Serra informou que o monitoramento da qualidade do ar é de competência do Estado, já que as emissões atmosféricas ultrapassam os limites municipais.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Claudio Denicoli, o que pode impactar o ar na Serra pode ter origem em outro município e vice-versa.
Ainda segundo Denicoli, o município pode contribuir com o controle da emissão em seu território, por meio do licenciamento ambiental e no trabalho de fiscalização de empresas e obras que ocorrem na cidade.
Na mesma nota, a secretaria afirma que faz parte da Comissão de Acompanhamento dos Termos de Compromisso Ambiental, que realiza o acompanhamento do controle e mitigação de emissões de poluentes do Complexo Industrial e Portuário de Tubarão.
Também fazem parte da comissão os municípios de Vitória, Vila Velha e Cariacica, além de representantes do MPF, MPES e Iema.
"De forma individual, o município tem se organizado para manter um controle mais efetivo das emissões de poluentes, diretamente na fonte, das atividades licenciadas, por meio do acompanhamento rigoroso das condicionantes ambientais", finalizou a secretaria por nota.
Já a Prefeitura de Guarapari informou que considera o relatório diferente das informações divulgadas no site do Iema, que monitora a qualidade do ar, pela estação RAMQAr Sul. Os dados disponíveis no site do instituto mostram que a qualidade do ar em Guarapari é boa, o que contrasta com o relatório mencionado.