Garis de Cariacica: conheça mulheres que cuidam da cidade e fazem a diferença

Elas enfrentam sol e chuva, calor e frio, trabalhando para manter a cidade limpa. Esse esforço nem sempre é visto pelas pessoas, mas ele é vital para o bem-estar de todos. Com vassouras, carrinhos de mão, pás e enxadas, o time de mulheres garis de Cariacica cuida de ruas, avenidas e canteiros do município com muita competência e disposição.

Muitas vezes, vistas apenas nos bastidores, elas são verdadeiras heroínas urbanas. 

"As mulheres não podem desanimar. Somos guerreiras e vencedoras", define a gari Fernanda Carvalho.

Nesta semana de homenagens às mulheres, vale lembrar que o trabalho realizado por elas na limpeza urbana requer bastante esforço físico que, muitas vezes, precisa ser dividido com as responsabilidades familiares e domésticas.

"Chego cansada em casa, cuido da minha filha, e não desanimo não. Ainda pretendo estudar e crescer na vida", afirma a gari Jamile Oliveira.

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O trabalho de gari sempre foi exercido por mão-de-obra predominantemente masculina, mas isso vem mudando ao longo dos anos. No município de Cariacica, 38 trabalhadoras cuidam das ruas diariamente e vão à luta levar o sustento para suas casas. 

"Sempre trabalhando com o sexo oposto, vamos lutando para conseguir mais direitos. Todos os dias trabalhando duro", disse Fernanda.

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O Folha Vitória conversou com Jamile e Fernanda, duas garis que são o retrato de uma sociedade que se transforma, com mais mulheres ocupando funções anteriomentes exercidas pelos homens. 

Jamile tem planos de estudar

Jamile Oliveira dos Santos tem 35 anos e é mãe de uma filha. Ela relata que é com o trabalho de gari que leva o sustento para dentro de sua casa. Em um ambiente que muitas das vezes já foi dominado por homens, ela vê várias mulheres protagonizando e mudando suas histórias.

"Eu já trabalho como gari há três anos. Como sou mãe e pai da minha filha, pude ver um pouco da minha vida mudar, ter um emprego fixo e poder manter a minha própria casa. Nossa jornada de trabalho é das 7h às 13h30. Apesar de chegar cansada em casa, eu nunca paro, tem que fazer o dobro", contou Jamile.

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Ela afirma que nunca parou de trabalhar, sempre que pôde fez um pouco de tudo. Foi trabalhadora rural em colheita, trabalhou de doméstica e até em um frigorífico. Deixar a vida decidir seu destino nunca foi uma opção para Jamile:

"Nunca parei e não vou, meus filhos têm muito orgulho de mim. Pretendo e estudar e crescer na vida".

Fernanda cria os filhos sozinha trabalhando como gari

A gari Fernanda Carvalho Correa da Silva tem 44 anos e é mãe de três filhos. Assim como Jamile, de segunda a sábado faz a limpeza de vários bairros de Cariacica. 

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Ela contou que já trabalha como gari há 15 anos, e é assim que cria seus filhos sozinha, se orgulhando muito de nunca ter desistido. 

"Eu mãe solteira, com três filhos para criar. Tive que pegar no batente para dar um futuro para os meus filhos. Eu já tive vontade de fazer tantas coisas, mas com as incertezas da vida, nunca se sabe. Em casa, eu também faço costuras e confecções", disse Fernanda Carvalho.

Trabalhando como gari, Fernanda viu um dos seus filhos se formar em Engenharia de Produção e, logo depois, prestar o concurso para a Polícia Militar e ser aprovado. Ela afirma que todas as conquistas dos seus filhos também são suas. 

"Trabalhando como gari, vi meu filho se formar e ser policial militar. É o meu orgulho! Lá na corporação, ele fala: 'Minha mãe é gari'. Agora meu outro filho, de 22 anos, vai voltar a estudar e também tentar o concurso. Minha filha, de 17 anos, ainda estuda e pretende entrar para a faculdade. Tenho muito orgulho de mim. Consegui dar uma boa educação para eles", disse Fernanda.

Ela também conta que as garis de Cariacica são como uma família, uma sempre ajuda a outra. Fernanda acredita que, juntas, as mulheres podem fazer muito mais. 

"As mulheres precisam saber que podem tudo. Temos filhos e ainda conseguimos trabalhar. Temos a força de vontade que ninguém tem, somos guerreiras e vencedoras. Ver nós, mulheres, trabalhando juntas é muito satisfatório, e que venham mais mulheres trabalhar com a gente".

*Texto sob supervisão da editora Erika Santos