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MASSACRE DE ARACRUZ

O doloroso recomeço para alunos e professores após tragédia em escolas

Apesar das iniciativas de remodelar escolas atacadas por atirador em Aracruz em 2022, as feridas causadas na comunidade escolar ainda estão longe de cicatrizar

Redação Folha Vitória
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Foto: Repórter Record Investigativo
Alunos se emocionam na volta às aulas
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O ano letivo de 2023 começou, mas já é possível voltar à normalidade em sala de aula depois do massacre ocorrido em novembro de 2022, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti e no Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC)?

Reportagem exclusiva do programa Repórter Record Investigativo, da TV Vitória/Record TV, mostra em depoimentos inéditos que a retomada é um processo cujas feridas ainda estão longe de cicatrizar.

Aos poucos, a vida volta a preencher cada canto das escolas de Aracruz. O jardim do Centro Educacional ganhou novas plantas.

Foto: Repórter Record Investigativo

Já a Escola Primo Bitti está toda reformada, com artes na fachada e corredores coloridos.

“É um evento muito triste, trágico, mas que a gente está tentando ressignificar. Não houve desânimo nenhum da equipe. A gente está aqui desde o início, resolvendo tudo que for preciso para as pessoas se sentirem acolhidas aqui de novo”, destaca a psicóloga Priscila Nascimento.

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A estudante Jamile Rabelo estava ansiosa para o retorno das aulas. Mas o que viveu em novembro ainda confunde os sentimentos dela.

“Voltou ao normal, por enquanto. Mas eu acho que ainda tô meio assim, desorientada um pouco, sabe? É uma confusão de sentimentos. É alegria, tristeza, medo também. Por incrível que pareça, quando eu olho naquele corredor ali, já vem as memórias ruins, do que aconteceu no dia. Já me bate uma dor de cabeça”, revela a aluna.

O mesmo sentimento é compartilhado pela estudante Agnes Braz: “É tristeza, alegria, tudo misturado. Não tem como explicar”.

Foto: Repórter Record Investigativo
As estudantes Jamile e Agnes se abraçam no retorno às aulas

O desconforto é amenizado com o apoio que recebem uns dos outros.

“Ainda bem que nós estamos juntos. É o nosso conforto”, diz a professora Bárbara Melotti.
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“Eu sei que é com o tempo, né? É Deus por nós mesmo e o tempo que vai, mas tá difícil”, afirma a pedagoga Marlene Barcelos.

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Segundo a psicóloga Priscila Nascimento, a reforma da Primo Bitti foi pensada para acolher a comunidade escolar ainda muito traumatizada pela tragédia.

Foto: Repórter Record Investigativo
Priscila Nascimento
“Toda essa ressignificação do espaço lá fora, o grafite, as oficinas que foram feitas junto com eles é para justamente passar para eles que poderia ter sido em qualquer outra unidade escolar. Não tem a ver com a Primo Bitti. A gente vê isso acontecendo fora e dentro do Brasil. E a gente quer ajudar esses estudantes a terem orgulho mesmo de estudar nessa escola. Esse é o processo”, afirma a psicóloga.

Trauma longe de ser superado

Apesar do esforço, não é um trauma que se supera rapidamente, como ressalta a coordenadora Simone Barbosa, num depoimento emocionado à reportagem:

Foto: Repórter Record Investigativo
Simone Barbosa
“Foi inimaginável o que aconteceu e a probabilidade de acontecer de novo é a mesma que tinha anterior: não sei qual que é. Eu olho aquele muro todo pintado e não acho beleza nenhuma, me desculpe! Eu não acho beleza nenhuma, não acho, porque aquilo ali para a gente não teve ressignificado nenhum. É só um mundo pintado. Dói, dói muito todos os dias!"

“O que aconteceu vai ficar marcado na alma para sempre. Nunca nós vamos esquecer o que aconteceu. Mas a gente vai aprender a seguir a vida”, afirma Bia Gasperazzo, mãe de aluno sobrevivente.

O atentado a duas escolas de Aracruz, que deixou três professoras e uma estudante mortas, completa quatro meses neste sábado (25). Na tragédia, em que um adolescente de 16 anos entrou nas duas instituições atirando, outras 12 pessoas ficaram feridas e precisaram ser socorridas.

Foto: Montagem / Folha Vitória
Penha, Cybelle, Selena e Flávia morreram no massacre de Aracruz
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Morreram as professoras Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos; Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos; e Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 36 anos; e a estudante Selena Sagrillo Zuccolotto, de 12 anos.

Massacre de Columbine deixou cicatrizes

Quem já passou por situação parecida entende bem a dificuldade de voltar a uma vida normal.

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Missy Mendo é uma outra sobrevivente. Em abril de 1999, ela tinha 14 anos quando dois estudantes armados invadiram a escola onde ela estudava, no Colorado, nos Estados Unidos.

Foto: Repórter Record Investigativo
“Eu estava sentada na aula de matemática quando ouvimos barulhos altos. Parecia que alguém estava batendo nos armários. E então ouvi um estrondo”, contou Missy.

Os criminosos mataram 12 alunos e um professor, deixando outras 24 pessoas feridas. “Eles começaram a atirar em nós do outro lado da rua”, completou Missy.

Um caso que chocou o mundo e ficou conhecido como o massacre de Columbine.

Missy sabe que jamais conseguirá esquecer aquele dia de terror:

“Naquele ponto da minha vida, eu tinha ido a mais enterros do que a minha própria idade. E isso não deveria acontecer”.
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