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De capivara a jacaré: Aeroporto de Vitória tem força-tarefa contra invasão de animais

A Zurich Airport explicou que existe uma equipe de fauna 24h no local, que atua em ocorrências, como a do caranguejo que obrigou um avião a arremeter

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
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Foto: Pixabay
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Muito antes do caranguejo que impediu avião de pousar no Aeroporto de Vitória na noite da última segunda-feira (20), outros animais como capivaras, jacarés e até cobras também já invadiram a pista destinada aos aviões. Para que esse tipo de situação não termine em acidente, o terminal conta com uma força-tarefa para lidar com esses animais.

Apesar de parecer um motivo muito pequeno para arremeter uma aeronave, um caranguejo ou até mesmo um parafuso representa risco para aviões. Segundo apurou o Folha Vitória com o setor de controladoria de voos, vistorias diárias são realizadas na pista, para evitar que qualquer elemento se torne um perigo.

"O procedimento é normal. Toda vez que há um corpo estranho na pista, isso é reportado e chamamos uma vistoria para ver o que é. Pode ser um parafuso, um pássaro, um cachorro, uma cobra, uma capivara. É um procedimento normal de segurança", tranquilizou a equipe. 

Segundo apurado, poderia ser que o único caranguejo não levasse a qualquer desastre. "Mas imagina um avião com 150 pessoas passar ali e o animal ser sugado pela turbina, pegar fogo e explodir. O que foi diferenciado dessa vez foi o fato de ter sido gravado um vídeo com o piloto exagerando a cena de brincadeira, o que fez a situação viralizar. Mas é um procedimento normal e em caso de dúvida não arriscamos", completou.

"Há também o pessoal de manejo de fauna, que entra e circula o tempo todo para verificar se há presença de animais, entre eles capivara, jacaré e cobras. A frequência de entrada desses animais tem diminuído bastante por conta do trabalho preventivo". 
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A Zurich Airport, empresa que opera o aeroporto de Vitória, informou que existe uma equipe de fauna 24 horas por dia, que atua nesse tipo de ocorrência, de evitar entrada de animais na pista. "Além disso, o aeroporto tem uma série de ações preventivas para afugentamento de animais, como inspeções de hora e hora e o programa com Falcões", afirmou em nota.

Vistorias diárias

Durante o dia, em diversos momentos, há vistorias programadas, rondando a pista inteira. Segundo a equipe de controladoria, isso é feito para verificar se há buraco, ave morta ou até mesmo lâmpada queimada. O procedimento ocorre cerca de cinco vezes ao dia, inclusive na madrugada.

Falcão treinado para afastar aves

Além dos serviços rotineiros, há o que é chamado de "falcoaria", com um falcão treinado para afastar outras aves que estejam rodeando o entorno do aeroporto. 

"O falcão é uma ave de rapina treinada e, quando há um bando de pássaros, ele é solto. Por ser do topo da cadeia alimentar, as outras aves fogem e o falcão volta ao treinador", foi explicado.

A existência de pássaros sobrevoando as imediações da pista é o suficiente para interromper pouso ou decolagem. "Enquanto não forem retirados, a aeronave não pousa. Apesar de tudo o que é feito, a chance de dar algum problema existe sempre. Pode ser que, logo depois da vistoria, uma cobra invada a pista, a turbina puxe e dê algum problema. Não existe risco zero. Todas essas ações ocorrem para reduzir o nível de risco ao aceitável", foi acrescentado.

"É muito mais seguro que se interrompa a aproximação do avião do que a aeronave venha para pouso sem saber se era mesmo um caranguejo ou não”.
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Segundo a própria Zurich, o programa com o falcão é um dos muitos instrumentos preventivos do aeroporto para evitar a presença de animais na área de pátio.

Caranguejo na pista

Na noite da última segunda-feira (20), um caranguejo impediu o pouso de um avião no Aeroporto de Vitória. Como avisou o piloto em um vídeo que viralizou, "acredite se quiser", mas essa situação inusitada aconteceu.

A pergunta que muitos se fizeram foi a seguinte: O que fez caranguejo ir parar na pista do Aeroporto de Vitória?

O biólogo e mestrando em biologia animal pela Universidade Federal do Espírito Santo, Daniel Gosser Motta, explicou ao Folha Vitória que o caranguejo visto na pista do aeroporto da Capital capixaba é um Cardisoma guanhumi, popularmente conhecido como "guaiamum".

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"Os guaiamuns são comuns nos estuários e regiões próximas ao mar, e podem ser encontrados no litoral brasileiro, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Diferente do caranguejo-uçá, eles preferem regiões mais secas, entre o mangue e a mata, situação encontrada no Aeroporto de Vitória", detalhou.

Daniel explicou que, assim como os demais caranguejos, os guaiamuns são ligados aos padrões climáticos das estações e à fase lunar. Ele acredita que, por estarmos em lua nova, provavelmente o isso fez com que o caranguejo caminhasse e parasse na pista do aeroporto.

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"O risco de extinção do guaiamum se tornou algo tão sério que, nos últimos anos, foram lançadas duas portarias pelo Ministério do Meio Ambiente (a 445/2014 e a 395/2016) que visavam proibir a captura, o transporte, o armazenamento, a guarda, o manejo, o beneficiamento e a comercialização desse crustáceo. Essa decisão passou a valer a partir de maio de 2018, e vale para todo o território nacional", completa.

A comercialização do crustáceo, como destaca o biólogo, está proibida nos dias de hoje e quem for pego em fragrante pode pagar uma multa de R$ 5 mil por unidade.

Vídeo com aviso de piloto viralizou

Em um vídeo gravado por um passageiro da aeronave é possível ouvir o aviso do comandante sobre a "surpresa" que o obrigou a arremeter com o avião.

"Boa noite, senhoras e senhores passageiros, é o comandante falando. Infelizmente, não foi possível o nosso pouso em Vitória. Acredite se quiser, mas o avião que pousou pouco a nossa frente reportou uma quantidade absurda de caranguejos na pista. A torre de controle nos obrigou a arremeter para fazer uma vistoria e recolher esses caranguejos", explica o comandante da aeronave.

A Zurich Airport Brasil informou que foi verificada a presença de um caranguejo na pista.

A empresa destacou que a equipe de fauna do aeroporto foi acionada e, apesar de inusitado, esse é o procedimento padrão previsto para esse tipo de situação. O caranguejo encontrado foi retirado e, cerca de dez minutos depois, o pouso da aeronave foi autorizado.

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