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"Foi uma mãe", diz adolescente esfaqueada sobre irmã morta em crime em Santa Maria de Jetibá

Angélica Oto, de 23 anos, a irmã, de 14, e a mãe foram esfaqueadas no fim de semana. Angélica morreu no local, mas a irmã só foi informada da morte nesta quarta-feira (23)

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
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A adolescente Fernanda Oto, de 14 anos, soube nesta quarta-feira (23) sobre a morte da irmã, Angélica Oto, de 23 anos. As duas jovens e a mãe foram esfaqueadas no último fim de semana em Santa Maria de Jetibá, na região Serrana do Espírito Santo.

Após a família contar sobre o ocorrido, o irmão das jovens Gilson Hammer fez um desabado nas redes sociais. No texto, compartilhado no perfil de outro irmão, o rapaz contou como tem passado pelo momento difícil. 

Ele relatou a dor de enterrar uma irmã e ter que cuidar da outra, sem contar sobre o ocorrido. Fernanda ainda não sabia da morte de Angélica por orientação médica

Segundo Gilson, a adolescente ficou muito triste com a notícia. Ela chorou muito e lembrou que Angélica foi como uma mãe. 

"Ela (Angélica) foi especial para muita gente. Ela lutou para poder ficar com a Fernanda, para tirar ela de perto do meu padrasto. Nas palavras da Fernanda: "Ela foi como uma mãe". Ela lutou para salvar a minha mãe do meu padrasto e foi morta no processo. A minha irmã foi uma heroína! Te amamos tanto Zeca (como Angélica era chamada pelos familiares) nunca vamos te esquecer", desabafou o irmão.

No texto, o irmão também agradeceu o apoio que tem recebido dos amigos e das pessoas que souberam do crime na família e se solidarizaram com os familiares.

"Obrigado a todos que foram ao velório da Angélica. Ela tinha tantos sonhos, ainda ia realizar tanta coisa. Isso foi interrompido. Ver todas aquelas pessoas chorando, lamentando por ela, nos mostrou que ela não deixou apenas uma marca em nossas vidas, mas em muitas outras. (...) Agradeço por todas as pessoas que ficaram sabendo e que enviaram solidariedade". 

Mãe e filha esfaqueadas em Santa Maria de Jetibá seguem internadas

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Evanilda, Angélica e Fernanda foram escasqueadas no último domingo (20), em Santa Maria de Jetibá
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Segundo Gilson, Fernanda e a mãe Evanilda Oto, de 45 anos, seguem internadas em um hospital de Vitória. Segundo ele, as duas seguem se recuperando bem, mas ainda não há previsão de alta médica. 

O rapaz contou que visitou a mãe e que ela segue se recuperando. Evanilda, segundo Gilson, estava preocupada com as filhas Fernanda e outra, de 9 anos, que também presenciou o crime.   

"Fui ver ela hoje, está muito abalada, está com muita dificuldade para falar. Disse que me amava, pediu pelas duas filhas, a Fernanda e a menor, de 9 anos. Eu vi em seu rosto, ela parece saber o que houve com a Angélica. Falou do meu padrasto, falou sobre o que ele havia feito. Estava em choque, mas consegui tranquilizá-la. Falei que ele já está preso, que a filha de 9 anos está segura com os parentes e mostrei um vídeo da Fernanda, que mostra que ela está bem", contou.

Irmãs foram esfaqueadas ao tentar socorrer a mãe

De acordo com a polícia, Evanilda Oto e o marido, Valdeni Plaster, teriam discutido no último domingo (20). No meio da confusão, a mulher acabou esfaqueada com um facão.

A vítima começou a gritar para pedir ajuda. Angélica e a irmã, que moram próximo ao local, ouviram os gritos da mãe e correram para ajudar. Elas também foram feridas. Angélica não resistiu e morreu no local.

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A adolescente estava lúcida quando os policiais chegaram no local. Ela contou aos militares, com muita dificuldade, que ela e a irmã foram tentar defender a mãe das agressões do padrasto.

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O crime, segundo vizinhos da família, aconteceu na frente de outra filha de Evanilda, uma criança de 9 anos. A criança está aos cuidados dos familiares.

Após o crime, o suspeito abandonou a caminhonete na casa de Evanilda e fugiu com a moto de Angélica.

Suspeito foi preso em uma mata da região

Alice Mourão | TV Vitória
Alice Mourão | TV Vitória
Alice Mourão | TV Vitória
Alice Mourão | TV Vitória

O suspeito foi preso no fim da tarde de segunda-feira (21). Segundo a polícia, ele estava escondido na casa de parentes. O homem tentava fugir por uma área de mata quando foi cercado pelos militares.

De acordo com o major Cabral, da Polícia Militar, o homem confessou o crime, mas disse não se lembrar dos detalhes.

"Inicialmente ele começou a dizer que estava com algumas dores, que seriam na briga. Aí nós perguntamos: 'mas foi você que desferiu as facadas?'. Ele confessou: 'fui eu mesmo, mas eu não lembro direito'. E nós, a todo tempo, tentamos conversar com ele, para ver se ele nos indicava onde estava a arma do crime. Mas aí ele alegava que não se lembrava de nada", frisou o comandante.

Justiça converte prisão de suspeito de esfaquear mulher e enteadas em preventiva

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Durante audiência de custódia na manhã desta quarta, Valdeni teve a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva. Ele foi autuado por um feminicídio e duas tentativas.

A decisão foi proferida pela juíza Mariana Lisboa Cruz, que destacou que em "análises dos autos é possível concluir que existem provas suficientes da existência de crime a ensejar a materialidade do delito e fortes indícios de que o autuado realmente tenha praticado o crime que lhe foi atribuído".

A magistrada ainda destacou que a liberdade de Valdeni poderia colocar em risco outras pessoas.

"A liberdade do autuado, neste momento, se mostra temerária e a prisão preventiva oportuna, uma vez este em liberdade poderá voltar a cometer atos da mesma natureza, intimidar testemunhas e se evadir do distrito de culpa, estando evidente, em cognição sumária"

Homem não demonstrou arrependimento, diz polícia

Segundo os policiais, Valdeni confessou o crime, mas disse não lembrar dos detalhes. Ao ser informado da morte da enteada, o suspeito, segundo a polícia, não se mostrou arrependido do crime.

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Ainda de acordo com o major Cabral, o suspeito negou que tenha provocado a briga que resultou na morte de uma das enteadas e nos ferimentos causados na irmã e na mãe da vítima. Segundo o policial, Valdeni disse que Angélica era quem inicialmente estava com a faca.

"Ele falou que foi uma briga dentro da casa dele, envolvendo as duas enteadas e a esposa, e que ele acabou entrando no meio daquela briga. Ele tentou se colocar numa posição de que não foi ele que iniciou, de que não foi ele que levou a faca para a briga, mas não conseguia esclarecer muito bem isso. Eram apenas algumas alegações que ele fazia, mas sem conseguir muito bem fundamentar isso", disse.

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