Variante inglesa infectou mais de 1.300 pessoas no ES, aponta estudo da Secretaria de Estado da Saúde
Barra de São Francisco e Piúma são considerados os epicentros da nova cepa originária do Reino Unido
Cerca de 1.345 pessoas do Espírito Santo foram infectadas pela nova variante do coronavírus, associada à cepa do Reino Unido, apontou um estudo apresentado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/ES) e divulgado em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira (22). Durante a pesquisa, quase 20 mil amostras foram recolhidas entre 1º de dezembro de 2020 e 18 de março deste ano.
O que chama a atenção, nesta nova versão do vírus, é o aumento dos casos positivos a cada mês. Em dezembro, dentro desse conjunto, eram 16 casos. Em janeiro, já havia 48 positivados. Em fevereiro, o número foi para 337 e chegou a 943 até meados de março. Ou seja, o aumento mais que dobrou de um mês a outro, apontando como a variante se propaga de forma rápida.
"De fevereiro para março, nós praticamente dobramos a ocorrência dos casos de fevereiro em apenas 15 dias. Isso demonstra que essa variante tem a capacidade de expandir de uma forma extremamente violenta dentro do nosso Estado", alertou o diretor do Lacen-ES, Rodrigo Rodrigues.
"O perfil que a pandemia vinha apresentando, de dezembro a março, indicava que alguma coisa estava acontecendo de diferente em relação aos outros meses que antecederam a pandemia. Existia alguma coisa que estava promovendo um crescimento mais acelerado", indicou o diretor.
Segundo ele, já não era possível estabelecer ligação entre esse crescimento simplesmente ao descuido das pessoas em não praticar isolamento social e também não usar máscaras. "Uma possibilidade grande que a gente acreditava estar existindo também era que, associado a esse comportamento disfuncional, era a introdução de novas variantes", explica Rodrigues, indicando a investigação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que identificou a presença da variante inglesa em Barra de São Francisco e que acendeu o sinal de alerta no Lacen.
A cidade, juntamente com Piúma, é considerada epicentro desta nova variante. Amostras da Grande Vitória não foram consideradas por serem remetidas em grandes quantidades, a partir de dezembro, a laboratórios particulares. Porém, segundo Rodrigues, nada impede que o Lacen solicite os exames da região metropolitana para que sejam analisados.
Características
A variante inglesa do coronavírus apresenta uma alta carga viral e é capaz de infectar a população jovem. Também se dispersa e se dissemina de uma forma muito mais rápida. O estudo do Lacen afirma que a presença dela no Estado já é realidade. Enquanto não se alcança uma ampla parcela da população com as vacinas, Rodrigues reforça que as pessoas devem colaborar preventivamente para quebrar o ciclo de transmissão. "Só conseguiremos interromper se, de fato, for respeitado o isolamento social", reforçou.
Outras variantes
O estudo do Laboratório Central informou que sete variantes foram encontradas no Estado: além da inédita variante inglesa (a B117), também as brasileiras P1 (de Manaus) e P2 (do Rio de Janeiro), B.1.1.33 e B.1.1.28 (consideradas as principais circulantes no Brasil desde fevereiro do ano passado), B11.143 e a B40 (presente nos primeiros casos da pandemia no Espírito Santo, quando não havia transmissão comunitária). A B117 foi o foco da pesquisa pelos indícios da rápida disseminação.