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'A intervenção no Rio não privilegia presença de tropas nas ruas. É gerencial'

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Interventor na segurança do Rio, o general Walter Braga Netto acredita que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), na última quarta-feira, dia 14, reforça os objetivos da ação federal no Estado, como reduzir a criminalidade. Apesar da expectativa da população em ver tropas na rua, ele destaca que a ação é "gerencial", para construir um modelo de integração e melhorar o desempenho na segurança. A intervenção completou 30 dias na sexta-feira, 16, com resultados considerados modestos e sob impacto da morte de Marielle, dois dias antes.

Pouco à vontade com entrevistas, Braga Netto tem evitado a imprensa e faz raras aparições públicas. Uma delas ocorreu durante ação comunitária na favela Vila Kennedy, na zona oeste, escolhida como "laboratório" pelos interventores. A reportagem tentou conversar pessoalmente com Braga Netto, mas o Exército informou que ele não tinha agenda disponível e autorizou seis perguntas por e-mail.

De que forma o assassinato de Marielle desafia a intervenção?

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Acontecimentos lamentáveis como este reforçam os objetivos da intervenção federal: reduzir os índices de criminalidade e fortalecer os órgãos de segurança pública no Estado. A equipe por mim nomeada lidera as investigações deste crime hediondo e, em breve, trará os resultados que todos esperamos, com a identificação e a prisão dos responsáveis.

A expectativa da população era por uma intervenção mais visível, com a presença maciça de militares nas áreas mais conflagradas, muito embora intervenções assim já tenham acontecido antes sem grandes resultados. As Forças Armadas estão tentando um modelo novo de intervenção?

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A expectativa da população, que anseia maior sensação de segurança, é compreensível. Entretanto, a intervenção na segurança do Estado não privilegia a presença de tropas nas ruas. É intervenção gerencial. Estamos trabalhando para construir um modelo de gestão de segurança pública que fortaleça e assegure a integração dos órgãos envolvidos e crie condições para o melhor desempenho possível de cada um desses órgãos. As instituições de segurança do Estado, civis ou militares, precisam trabalhar juntas. E também estar alinhadas com as instituições municipais e federais. No curto prazo, esperamos que esse modelo proporcione melhora gradativa nos indicadores criminais. E, no longo prazo, que tenha perenidade.

A Vila Kennedy foi escolhida como "laboratório" da intervenção. Houve alguma razão particular para isso?

A Vila Kennedy reúne características que a transformaram num "case" na área de segurança e num projeto-piloto de ação integrada. A ousadia dos criminosos entrincheirados naquela comunidade, que obrigavam moradores a reconstruir as barreiras para obstruir a circulação de veículos nas vias de acesso internas, foi uma delas. Além disso, a Vila Kennedy representa uma área concebida para abrigar um bairro popular, que acabou se degradando com a invasão de facções, desordem urbana, ausência de serviços públicos essenciais. Estamos mobilizando instituições de diferentes setores e de esferas - municipais, estaduais e federais - para reverter esse cenário. Vale reforçar que não alcançaremos resultados concretos em longo prazo envolvendo só instituições da área de segurança.

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Os moradores da Vila Kennedy, como os de qualquer outra comunidade, têm o direito de viver como os cidadãos de bairros regulares.

Outras comunidades deverão ser ocupadas num segundo momento?

As futuras ações serão realizadas tendo a Vila Kennedy como modelo, obviamente respeitando especificidades. Mas não seria conveniente revelarmos datas e locais. O Comando Conjunto, integrado pelas Forças Armadas e as forças policiais estaduais têm um planejamento que privilegia os princípios da oportunidade e da surpresa.

Muitos especialistas em segurança já apontaram a necessidade de uma atuação menos focada no embate direto dentro das comunidades e mais voltada ao combate ao tráfico de drogas e armas em outros frontes, com outros métodos. Isso está sendo levado em conta? O que está sendo planejado neste sentido?

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O planejamento estratégico desenvolvido no início do processo da intervenção federal contempla ações nas duas pontas. Temos de combater o tráfico de armas e de drogas desde as fronteiras com outros países até as comunidades, que são utilizadas pelas facções criminosas como base. As ações nas fronteiras e em outros Estados estão sendo coordenadas pelos Ministérios da Segurança Pública e da Defesa. No ano passado, as polícias Militar e Civil do Estado apreenderam mais de 400 fuzis e milhares de outras armas de fogo. Precisamos continuar apreendendo armas aqui no Rio, mas não podemos deixar que o arsenal dos criminosos seja reposto.

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O senhor já falou algumas vezes sobre a necessidade de uma ocupação social nas comunidades, seguindo a entrada militar. Esse, aliás, é apontado como o principal motivo para o fracasso das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras): o fato de a ocupação social não ter ocorrido. Vai ser possível fazer isso agora?

Não vejo o programa das UPPs como um fracasso e, por isso, ele vai ser reestruturado e redimensionado. A própria experiência das UPPs indica que é preciso envolvimento maior de diferentes atores para que, após o controle do espaço que havia sido ocupado por criminosos, os serviços possam chegar à comunidade - coleta de lixo, saneamento, concessionária de energia elétrica, postos de saúde, escolas, ações de ordenamento urbano etc. Esse reconfiguração acaba atraindo investimentos da iniciativa privada, que criam emprego e renda para a comunidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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