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Geral

Temperatura na Antártida passa dos 20°C pela primeira vez

O recorde anterior havia acabado de ser batido, três dias antes, quando pesquisadores argentinos detectaram a temperatura de 18,3°C

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Mauricio de Almeida - TV Brasil
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A Antártida vem apresentando dias de calor anormal neste verão e atingiu, no último domingo, 9, a temperatura mais alta do registro histórico, 20,7 °C. A medição foi feita na Ilha Marambio, na Península Antártica, por pesquisadores brasileiros.

O recorde anterior havia acabado de ser batido, três dias antes, quando pesquisadores argentinos detectaram a temperatura de 18,3°C na base Esperanza, também na Península Antártica. Antes disso, o dia mais quente tinha sido 24 de março de 2015, com 17,5°C, de acordo o Serviço Nacional Meteorológico da Argentina.

Para toda a região Antártica, que inclui outras ilhas sub-antárticas fora da massa continental, a temperatura mais alta foi de 19,8°C medida na Ilha Signy em janeiro de 1982.

"A semana entre 6 e 11 de fevereiro foi historicamente anormal. Todos os dias, na metade do dia, tivemos temperaturas acima de 16°C. E no dia 9 teve esse pico", explica o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Carlos Schaeffer, coordenador do Terrantar.

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O projeto, ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera, conta com 23 estações meteorológicas em vários pontos do continente, em um raio de 1.500 km. A base de Marambio fica relativamente próxima da Esperanza e da Estação Antártica Comandante Ferraz, do Brasil, recém-inaugurada. Lá, no mesmo dia, a máxima foi de 17°C.

Apesar de ainda ser cedo para associar essa anomalia às mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, o registro chama a atenção dentro de um histórico de temperaturas mais altas.

"O que temos é um registro meteorológico, que ocorre num espaço de curta duração, mas eles podem ser parte de um sinal de uma tendência que vai se propagar no longo prazo. A mudança climática implica em uma evolução no tempo. Mas é um marco. Pela primeira vez se registram mais de 20°C. Pode ser sinal de alguma perturbação no sistema que vai levar a um novo patamar que a gente não sabe ainda qual vai ser", afirma Schaeffer.

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A Organização Meteorológica Mundial (OMM) havia informado na semana passada, quando foram anunciados os dados da Esperanza, que um comitê vai verificar a medição para estabelecer se de fato trata-se de um recorde. Em geral, somente as estações com longo período de medição e que fazem parte da rede da OMM entram no registro oficial. A base brasileira é mais recente, tem somente dez anos de série histórica, então poderá não ter o dado registrado oficialmente.

Segundo a OMM, a Península Artártica - ponta noroeste do continente mais próxima da América do Sul - está entre as regiões do planeta que estão se aquecendo mais rapidamente. Já foram 3°C nos últimos 50 anos. Na região, a quantidade de gelo perdida anualmente pela camada de gelo cresceu na ordem de seis vezes entre 1979 e 2017. Cerca de 87% das geleiras (corredeiras de gelo que deslizam do interior do continente para o mar) ao longo da costa oeste da península recuaram nos últimos 50 anos. Em algumas deles, esse recuo foi acelerado nos últimos 12 anos.

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Imagens de satélite mostraram rachaduras crescendo rapidamente nos últimos dias na geleira da Ilha Pine. Segundo a OMM, esta é uma das principais artérias da camada de gelo da Antártida Ocidental. Duas grandes fendas foram identificadas pela primeira vez no início de 2019 e cresceram rapidamente para aproximadamente 20 km de comprimento.

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