Diarista que teve 40% do corpo queimado após ataque de ex-companheiro volta às redes sociais com mensagens de superação
"Não tem como eu me esconder mais. Essa agora vai ser a minha realidade, vai ser o meu novo eu", disse a mulher
Ela andou sumida, mas está de volta às redes sociais. Marciane Pereira, de 37 anos, a diarista que teve 40% do corpo queimado pelo ex-companheiro, na Serra há dois anos, dá uma lição de vida e alegra os internautas.
Nas publicações no Facebook a diarista canta louvores e fala mensagens de superação. Nos comentários, ela recebe dezenas de manifestações de apoio. Em entrevista a TV Vitória, Marciane se mostrou admirada com repercussão das postagens.
"Foi uma surpresa pra mim mesma. Eu decidi e tomei coragem, e aí quando eu postei para minha amiga ela disse 'isso mesmo, vai faz mesmo'. Quando eu tomei aquela coragem eu falei, 'já vai fazer dois anos né?!' Não tem como eu me esconder mais. Essa agora vai ser a minha realidade, vai ser o meu novo eu", disse.
Marciane foi atacada pelo ex-companheiro, André Luiz dos Santos, no dia 8 de setembro de 2018. Ela ficou internada em estado grave no centro de tratamento de queimados do Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, por cinco meses.
Segundo a polícia, o suspeito de cometer o crime, que é cadeirante, teria jogado álcool e ateado fogo no corpo da diarista, por ciúmes. O crime ocorreu em um dos apartamentos em Jardim Tropical.
A recuperação de Marciane foi longa e complicada. Ela chegou a passar por 18 cirurgias, mas nada desanima essa mulher. "Poderia ter sido o fim né, mas não foi. Várias paradas cardíacas... mas já que não foi o fim, vamos dar sequência, vamos dar continuidade. Só o que me resta é fazer isso, é continuar vivendo", disse a diarista.
É difícil esquecer tudo que passou, mas ela encontra no carinho que tem recebido as forças para seguir em frente. E com seu jeito bem-humorado, coloca todo mundo pra cima. Apesar da tragédia, ela encara o dia a dia com leveza e está aprendendo a se virar sozinha, com talheres e outros objetos que foram adaptados para as necessidades dela.
"As terapeutas ocupacionais caíram como uma luva pra mim. Quando eu disse que queria comer sozinha, fizeram uma adaptação pra eu comer, queria escovar dentes sozinhas e fizeram a adaptação pra mim", comentou.
O ex-companheiro de Marciane segue preso e ela manda um recado para outras mulheres alvo de violência doméstica. "Quando a gente começar a perceber as reações dos nossos companheiros, a forma que trata a gente, no vocabulário, no seu dia a dia... cuide mais, valorize mais. E falo também para os homens: 'Ei, não somos propriedade sua!'", completou.
* Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória / Record TV