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Geral

Intervenção militar no Rio gera temor em moradores de favelas

Circulam nas redes sociais dicas de como lidar com excessos e se precaver de detenções e apreensões

Redação Folha Vitória
audima
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A notícia da intervenção federal na segurança do Rio está gerando apreensão em moradores de favelas. Eles temem condutas abusivas por parte dos militares das Forças Armadas e da polícia, como revistas indiscriminadas e invasão a domicílios. Circulam nas redes sociais dicas de como lidar com excessos e se precaver de detenções e apreensões.

Num vídeo que viralizou no Facebook, três jovens negros recomendam que seus pares, rotineiramente vítimas de racismo por parte das forças de segurança, circulem sempre com a nota fiscal do celular, para provarem que não se trata de produto roubado, e evitem usar guarda-chuvas e furadeiras que possam ser confundidos com armas de fogo.

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo ouviu moradores de duas favelas que passaram por operações das Forças Armadas: Rocinha, na zona sul, e Cidade de Deus, na zona oeste. Pedindo anonimato, eles se disseram traumatizados com a histórica brutalidade de agentes de segurança. E afirmaram que, assim como seus vizinhos, já estão mudando suas rotinas para se resguardar.

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"Pobre sempre paga o pato. Pelo fato de a gente morar em comunidade, eles vão agir como na ditadura. Achamos que os inocentes vão pagar e tem muita gente com medo. Meu medo maior é pelos meus filhos, meninos negros", contou uma moradora da Rocinha.

"Muita gente que já não saía de casa, por causa da guerra no morro que vem desde o ano passado, agora evita ainda mais estar na rua. Desde sexta-feira, já circulam no WhatsApp informações truncadas. Muita gente que andava sem documento agora mudou", disse uma vizinha.

"Tem gente que sai para trabalhar de manhã e não fica ninguém em casa. Se tiver operação, podem meter o pé na porta para investigar se tem algo ilegal. Aí deixam sua porta arrebentada e fica por isso mesmo, não pagam outra", lembrou um morador da Cidade de Deus. "Na comunidade, militar não entra com mandado, isso é só na zona sul".

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Um outro morador da favela disse que os residentes mais antigos se sentem como "nos anos 1970 e 1980", quando a discriminação com a população das favelas era "ainda maior". "Era uma época em que tinha toque de recolher às 22 horas. As pessoas que trabalhavam de noite tinham que mostrar a carteira assinada na revista", lamentou.

"Parte da Cidade de Deus aprova, acha que vai melhorar a segurança", contou outro. "Nós queremos a paz. Tem muito jovem se entregando ao tráfico porque sai para procurar emprego e não consegue, enquanto o tráfico está lá na porta dele pronto para alistá-lo".

No vídeo em que três jovens de comunidades postaram nas redes sociais, há dicas para quem pode se tornar alvo de abordagens potencialmente agressivas. Entre elas: evitar sair de casa tarde da noite, portar carteira de identidade ou de trabalho, informar a amigos onde se está indo e gravar com celular quando sofrer um abuso.

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Um outro aviso que tem circulado sinaliza que não se deve andar com pacotes grandes na mão nem com produtos caros sem nota fiscal, tampouco é recomendável correr na rua - sob risco de parecer uma fuga.

Boatos de WhatsApp

Também têm corrido boatos, transmitidos via WhatsApp. Um deles é um falso boletim interno do Exército que diz que todo cidadão que estiver na rua após as 22 horas tem de apresentar a carteira de trabalho assinada, "caso contrário, será levado sob custódia para um quartel ainda a ser definido na Vila Militar" e que menores de idade serão presos caso estejam sozinhos na rua.

O "alerta" chega a proibir o tráfego de motocicletas à noite. "Serão dias difíceis, porém necessários", afirma o falso comunicado.

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