Futuro da AMD no Brasil: Ryzen 9000, IA e o fim das Radeon 6600

Hoje (14), o Games Folha Vitória passou a tarde conversando com a AMD, uma das maiores fabricantes de processadores e placas de vídeo do mundo, representada por Arthur de Oliveira Junior, que ocupa o cargo de CPU Distribution Sales Manager, e Patrícia Lenny, GPU and LOEM Sales Manager. 

No papo, falamos sobre IA, edição de vídeo, características de produtos e as novidades das linhas 9000 de CPUs. Também discutimos um pouco sobre as Radeons da série 6000, a descontinuidade das 6600 e o que a AMD pretende para esse segmento.

Sobre AM4

Segundo Arthur de Oliveira, a plataforma ainda é o carro-chefe da empresa no Brasil, sendo o Ryzen 5700X3D o produto com maior procura atualmente. E não é para menos: com a tecnologia AMD 3D V-Cache, ele pode ser combinado com placas de vídeo de alto desempenho sem gerar gargalos e com um custo bastante acessível no Brasil. 

Com a compatibilidade com placas-mãe das séries 300, 400 e 500, é a opção perfeita para upgrades em PCs Gamer sem a necessidade de trocar de plataforma, entregando performance atual mesmo em plataformas já com alguns anos de caminhada.

Infelizmente, não conseguimos confirmar o rumor de uma versão 5500X3D, que ultimamente tem aparecido em sites de registro internacionais, mas ele prometeu que, se essa versão se tornar uma realidade, seremos avisados!

O ciclo da plataforma ainda não acabou, e produtos como as versões XT de processadores da linha Ryzen 5000 estão fazendo bastante sucesso também, melhorando custo e performance em relação aos modelos padrão, algo que o nosso mercado valoriza e que vale a pena ficar atento.

AM5 e IA

Na nova plataforma, a conversa começou com um pouco sobre a próxima versão do Windows, que virá com o CoPilot integrado. O sistema, com inteligência artificial, terá alguns requisitos relacionados a NPU (Neural Process Unit) e os processadores da série 8000 de Ryzen já contemplam a performance recomendada pela empresa.

Por que ter uma NPU é interessante?

Recursos de IA integrados no sistema podem ajudar bastante no dia a dia do usuário, desde resumos de reuniões a encontrar informações, compilar e trazer detalhes sobre dados em seus documentos. A IA pode ajudar você a produzir melhor e mais rápido.

A Microsoft estima que a performance ideal para a execução das tarefas nessa nova versão do Windows seja da ordem de 40 TOPs (ou trilhões de operações por segundo), e, para fazer frente a essa demanda, os processadores mais recentes começam a aparecer com uma NPU integrada. 

Baseada no AMD XDNA, a NPU dos Ryzen 8600G e 8700G é idêntica, entregando pelo menos 16 TOPs, com uma potência combinada de até 39 TOPs, o suficiente para ativar as funções locais do próximo Windows com IA.

Sim, um CPU de alto desempenho que não tenha uma NPU dedicada até pode fazer frente a essa demanda, mas, como ressaltou Arthur, não sem sofrer prejuízos relevantes na performance do CPU para outras aplicações.

Os Ryzen 8700G e 8600G são capazes de acelerar as funções do novo S.O. sem perda de performance para outras aplicações, o que significa que a navegação na internet, edição de vídeo ou mesmo a execução de um game não será afetada pelo trabalho relacionado à IA que possa estar sendo executado em segundo plano. 

Assim, a multitarefa, nesse sentido, encontrará um hardware para executar essa demanda sem comprometer o usuário.

Além disso, segundo Arthur, os produtos da linha Ryzen IA 300 para notebooks devem chegar ao mercado já com uma NPU de segunda geração, XDNA2, capaz de entregar 50 TOPs, superando bastante o requisito do novo sistema operacional e estando muito acima de concorrentes como os chips da Apple M3 ou qualquer outro produto da Intel.

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Ryzen 9000

A chegada dos Ryzen 9000 aos desktops mostrou novamente o quanto as plataformas da empresa têm longevidade. Plenamente compatíveis com as atuais placas-mãe da série 600, os Ryzen 9600X e 9700X chegaram mostrando um ganho espetacular de IPC (performance por núcleo), superando a Intel na última área em que ela ainda tinha alguma vantagem.

Os processadores não só chegaram rápidos, mas também têm seus preços oficiais mais baratos em relação à antiga série 7000, que eles vêm suceder, mostrando-se melhores em praticamente todos os quesitos.

Numa comparação direta, o Ryzen 9700X entrega performance similar ao “rei” dos CPUs gamer, o agora “antigo” Ryzen 7800X3D, mesmo consumindo aproximadamente 40% menos energia e trabalhando 20°C mais frio, um ganho de qualidade muito interessante para um produto de meio da tabela enfrentando um produto topo de linha da geração anterior.

Arthur ainda ressaltou os lançamentos programados para este mês dos modelos Ryzen 9 9900X e Ryzen 9950X, sendo este último o novo CPU topo de linha da empresa, entregando performance sem precedentes para ocupar a posição de melhor processador desktop do mercado.

Falando das Radeons

Agora a conversa é com Patrícia Lenny, GPU and LOEM Sales Manager que conversou um pouco sobre o nosso mercado e colocou algumas questões que nós já noticiamos aqui no Folha Vitória em evidência.

O fim das Radeons 6600

Para começar falando do nosso mercado, a Radeon RX 6600 e suas variações são, de fato, as GPUs mais procuradas da AMD no Brasil hoje, e essa confirmação veio da própria Patrícia. 

Elas vendem em um ritmo excelente no nosso país, mas isso está mesmo com os dias contados. Ela confirmou que a fabricação dessas GPUs foi encerrada e todo o estoque já foi entregue aos parceiros, que devem continuar fabricando as placas até o fim de 2024.

Se a demanda se mantiver, não é impossível que a AMD “corte” chips mais potentes que ainda estão em produção para adequar a performance e entregar mais RX 6600, mas essa não é uma estratégia que a empresa quer estimular. 

Eles têm outros planos para o segmento, trazendo as RX 7600 para o patamar de preço atual das Radeon 6600.

Ela também revelou que esse movimento já começou, mas será suave e levará alguns meses. Segundo Patricia, “quando você menos esperar, estarão comprando as 7600 pelo preço que pagavam nas 6600”.

Isso derruba, então, a ideia de que uma possível 6750GRE, que andou aparecendo na China, poderia tomar o lugar dessas 6600, e reforça o fato de que a empresa quer popularizar mais a arquitetura RDNA3, tornando a placa de entrada da linha 7000 o novo carro-chefe do negócio no nosso mercado.

As vantagens são muitas, uma vez que a linha 7000 é superior para codecs de vídeo mais recentes, podendo codificar AV1, o que melhora a qualidade de vídeo para streaming e edição, além de contar com um mecanismo de RayTracing superior e melhor suporte a recursos como o AMD Fluid Motion Frames, que em breve deve chegar à sua segunda versão nos drivers da linha 7000, podendo gerar quadros por IA. 

A linha 7000 também conta com aceleradores de IA de segunda geração, o que é uma vantagem nesse novo cenário de aceleração local desse tipo de demanda.

APUs e novidades no segmento

Chegando com tudo, as GPUs integradas nos novos CPUs, especialmente desde a linha Ryzen 8000, vêm com tecnologias que surpreendem quem ainda não conheceu os produtos. 

Capazes de acelerar softwares de edição como o pacote Adobe ou de modelagem 3D como o Blender, ou ainda programas de engenharia como o Autocad, as GPUs integradas nessas séries estão performando tão bem quanto uma GPU discreta de entrada.

De fato, o Games Folha Vitória testou um Rog Ally de primeira geração e pôde jogar games como Forza Horizon 5 ou Spider-Man: Miles Morales com recursos de RayTracing ativados no preset automático, em um equipamento portátil. Foi uma surpresa para nós.

A questão é que o dispositivo já contava com um Ryzen Z1 Extreme. A APU vem equipada com a Radeon 780M, uma RDNA3 com 12 núcleos de aceleração de RayTracing que realmente deram conta do recado, além de recursos como o AMD Fluid Motion Frames, que trouxe uma suavidade incrível para os games citados. Em Spider-Man, podemos ver o portátil atingir 80 FPS com essa configuração exigente.

Radeons 890M

Presentes nos novos Ryzen IA 300, essas iGPUs devem entregar performance semelhante à de uma GeForce 3050, porém com toda a plataforma de novidades da AMD, como FSR 3.1, AntiLag 2, AFMF 2 e assim por diante, entregando um produto capaz de performar como uma GPU dedicada, acelerando desde games até tarefas diárias.

Além disso, o ecossistema de software deve mesmo permitir que o AFMF 2+ execute a partir da GPU integrada, enquanto a GPU principal cuida apenas do game, sem se ocupar com a geração de quadros, algo que esperamos poder testar nos próximos meses.

Tentando pescar sobre as novidades

É claro que não poderia deixar de perguntar sobre as novidades, como os Ryzen 9000 com V-Cache, ou seja, os “X3D” da nova série, assim como sobre as Radeons RDNA4. Como eles sempre me dizem (esse não é nosso primeiro bate-papo), há certas informações que eles não podem dar, o que significa que eles já sabem (risos). Pois,

quando não há informação, eles são muito claros quanto a isso, sempre há como interpretar alguma coisa. Nos dois casos, a única coisa que disseram é que a AMD tem seguido um roadmap consistente nos últimos anos e que a chegada de produtos com novas tecnologias geralmente aconteceu em um intervalo de tempo bastante regular, e “isso é tudo que podemos dizer por agora”.

Previsões baseadas no papo com a AMD:

Observando essa “pista”, o Ryzen 7800X3D foi revelado 4 meses depois do lançamento do 7700X, logo, se o 9700X foi lançado agora em agosto, pode ser que tenhamos um 9800X3D revelado em dezembro de 2024 ou janeiro de 2025. Mesmo que seja revelado, a versão ainda pode demorar 4 meses para chegar ao mercado, como aconteceu com seu antecessor, que chegou às lojas no início de abril de 2023.

Assim, nossa melhor aposta é que um 9800X3D deve estar chegando às prateleiras por volta de abril de 2025!

Da mesma forma, sobre a RDNA4, se respeitarmos o espaço de tempo, devemos ver lançamentos com a nova arquitetura chegando por volta de novembro deste ano, quem sabe, para aproveitar a época de Natal.

Fim de papo

Enfim, com um lineup de produtos espetaculares para uma próxima geração de PCs, acelerando IA localmente em uma proporção que vai de 3x a 5x mais potência que os concorrentes diretos, os novos Ryzen IA 300 são uma aposta certa no cenário de notebooks para o biênio 2024 e 2025, e já existem unidades no mercado.

Da mesma forma, os novos Ryzen 9000 estão chegando com todas as características mais desejadas pelos segmentos de destino: baixa temperatura, IPC superior a qualquer outro produto no mercado, consumo muito inferior ao do antecessor e dos concorrentes, e prontos para alimentar desktops de nova geração.

O fato de a estratégia com as GPUs de entrada ser uma redução de valor da Radeon RX 7600 me agradou bastante, pois a arquitetura RDNA3 tem mesmo vantagens que podem ser chave para os novos desafios no cenário doméstico.

Agradecemos demais aos nossos amigos da AMD e esperamos encontrá-los novamente em breve!

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