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Esportes

Conheça Lorena, a mulher que é presidente de clube de futebol no ES

De torcedora a presidente de clube, Lorena Pinheiro supera o machismo nos campos de futebol e cria oportunidades para jovens no Feu Rosa Futebol Clube

Flávio Dias

Redação Folha Vitória
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Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
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De tanto acompanhar o marido nos jogos de futebol. Lorena Pinheiro pegou gosto pela coisa. E gostou tanto que, de torcedora, hoje ela é a presidente de um clube de futebol amador no Espírito Santo.

Com referencias como Leila Pereira e Patrícia Amorim, duas mulheres que chegaram ao comando de Palmeiras e Flamengo, respectivamente, Lorena é quem dá as ordens no Feu Rosa Futebol Clube, de Serra, e trilha o seu caminho como mulher forte e respeitada em um meio ainda bastante machista.

VÍDEO VIRALIZA E FAZ LORENA SONHAR

Em setembro deste ano, um vídeo de um jogador do Feu Rosa FC viralizou, com mais de 1 milhão de visualizações em menos de 24 horas de publicação. Foi um golaço feito pelo atacante Flavinho em amistoso contra o Asses, em Bicanga, na Serra, pela categoria sub-17.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
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O vídeo rodou o Brasil e Flavinho foi convidado para fazer testes em várias equipes do Brasil. Entre elas, o Flamengo. Uma emoção e tanto para Lorena, que assumiu a gestão do Feu Rosa justamente para criar oportunidades para jovens da comunidade.

“Meu maior sonho é revelar algum atleta. Que algum deles seja visto por alguém e seja levado para algum time profissional, se torne um grande jogador, e lembre de onde saiu”, conta Lorena.

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INÍCIO COMO TORCEDORA

A presidente Lorena tem 35 anos, é casada há 18 anos com Anderson Silva de Souza e o casal tem um filho, Fernando Pinheiro de Souza, de 17 anos. A relação com o futebol começou como torcedora do marido.

“A minha relação com o futebol é motivada por família, pois conheci o meu esposo e ele já jogava futebol há muitos anos. Então, eu o acompanhava por algumas vezes. Depois que o nosso filho nasceu, desde recém-nascido ele já amava os campos e eu, automaticamente, comecei a gostar muito também”, lembra Lorena.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O DNA esportivo foi passado para o filho, que desde os 4 anos de idade tem a bola como “companheira”.

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“Aos 4 anos de idade, nós o matriculamos na primeira escolinha de futebol e, daí em diante, não parou mais. Ele já foi em alguns clubes participar de algumas avaliações, como Grêmio, Atlético-MG, Fluminense e Figueirense. Jogou pelo Vitória, aqui no Estado, e disputou a Copa Espírito Santo pelo Sport Capixaba”, conta a “versão mãe” de Lorena: “E joga também na nossa equipe, claro. Ele é nosso meia/atacante”.

Presidente de clube, com marido e filho jogadores, fica impossível que, dentro de casa, o assunto não seja o futebol.

“Aqui em casa, 90% dos nossos assuntos em família são sim sobre futebol. Acaba que nos aproxima cada vez mais e mais. Pois é um assunto que todos nós participamos com prazer, é muito bom estar em família. E quando se trata de um assunto que todos da família gostam, aí a sensação é de estar no céu mesmo, viu?”, garante.

VOTO DE CONFIANÇA

De torcedora a presidente de clube, o caminho não foi tão rápido e simples. A primeira experiência teve o marido, Fernando, à frente da equipe, em 2016.

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“Meu esposo teve um time de futebol amador. Eu gostava de vê-lo no comando daquela situação, que requer muito trabalho, organização, correria e dedicação. Porém, infelizmente não deu certo”, lembra Lorena.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Em janeiro de 2024, porém, o casal decidiu tentar novamente. Agora para disputar campeonatos com uma equipe sub-17.

“Eu já logo tomei a frente de toda a situação e pedi a ele que ficasse somente como o treinador. Pedi pra que acreditasse em mim, pois eu iria dar o meu melhor na presidência e fazer dar certo. E olha, estou muito surpresa, pois em menos de um ano, já temos dois títulos, e estamos em busca de mais um título, que é o Taça EDP 2024”, comemora Lorena.

AMBIENTE MACHISTA NÃO ASSUSTA

No dia a dia, Lorena lida com os jovens jogadores do Feu Rosa. O respeito é grande, mas ela precisa, às vezes, ser uma mãezona e puxar orelhas.

“Olha, na minha equipe, desde o primeiro contato com eles sempre fui muito respeitada, não senti que tive que me impor mais por ser mulher. A minha relação com todos eles é muito boa por sinal. Às vezes, preciso chamar a atenção de um ou outro, pois são adolescentes”, brinca: “Mas nada que me tire do sério não.”

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Já quando participa de arbitrais de competições e reuniões com outros dirigentes, o machismo ainda fala falo. Mas não a assusta.

“Sempre tem uns que me olham torto por ser mulher e estar compondo uma equipe de futebol masculino. Mas eu procuro não dar atenção a essas coisas, pois não posso perder o meu foco. Na minha equipe, na comissão técnica, eu nunca tive problema, sempre sou ouvida e atendida.”

“É DIFÍCIL ESCUTAR CERTAS COISAS”

O desafio mais duro, porém, talvez seja aguentar o machismo durante as partidas. Sempre à beira do campo, Lorena escuta piadas machistas em várias ocasiões.

“Sinceramente, não são em todos os jogos, mas escuto sim, principalmente dos homens que são mais velhos, mais antigos na verdade, acho eles mais machistas em relação a ver mulheres em campo. Mas relevo, finjo que não vejo, mesmo sendo difícil escutar certas coisas. Mas em primeiro lugar há uma palavra chamada respeito e eu procuro sempre praticar o respeito, para poder entrar e sair de qualquer lugar, sem ter problema com ninguém”.

INSPIRAÇÃO EM MULHERES LÍDERES

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Ver Lorena no comando de um clube de futebol, mesmo de futebol amador, gera comparação automática com outras mulheres que comandam ou comandaram grandes clubes do País.

Foto: Cesar Greco/Palmeiras
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, é uma das referências de mulheres no comando no futebol

O principal nome da atualidade é a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que é uma das referências da capixaba.

“O nome da Leila Pereira é a sensação do momento né? Pois, realmente, é incomum ver uma mulher na presidência de um grande time de futebol. Tenho a Leila, como referência sim, e também gostei muito quando a Patrícia Amorim esteve à frente do Flamengo. São grandes mulheres nas quais eu me espelho. Mas eu quero ser diferente das duas, quero ser reconhecida pelo meu trabalho, pelo meu jeito de administrar, eu quero fazer a minha história”.

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