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Esportes

Para Justiça, futebol sul-americano praticou 'corrupção sistemática'

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Zurique - A Justiça dos Estados Unidos denuncia praticamente todo o futebol sul-americano por "corrupção sistemática", pede a prisão de quase todos os dirigentes esportivos que comandaram a região por décadas e deixa as entidades do futebol da América do Sul desgovernadas. Esses cartolas teriam recebidos propinas para a Copa Libertadores, Copa América, Eliminatórias para a Copa do Mundo, contratos comerciais e mesmo amistosos, no valor de US$ 200 milhões.

Na quinta-feira, as polícias da Suíça e dos EUA realizaram mais uma nova onda de prisões. Desta vez, o alvo foi o presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout e o hondurenho Alfredo Hawit, presidente da Concacaf, ambos vice-presidentes da Fifa e que estavam em Zurique. Mas, no total, 16 pessoas foram indiciadas pelos americanos, com um profundo impacto nas Américas.

"Será um tsunami na região", alertou uma fonte policial, próxima ao processo. O indiciamento inclui Juan Ángel Napout (presidente da Conmebol), Manuel Burga (ex- presidente da Federação de Futebol do Peru), Carlos Chavez (Federação da Bolívia), Luis Chiriboga (Equador), Eduardo Deluca (secretário-geral da Conmebol), Jose Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol), Romer Osuna (auditor da Federação da Bolívia), além de Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

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O indiciamento também acusou Alfredo Hawit (presidente da Concacaf), Ariel Alvarado (ex-presidente da Federação do Panamá), Rafael Callejas (ex-presidente da entidade de Honduras), Brayan Jimenez (presidente da Federação da Guatemala), Rafael Salguero (da Guatemala e membro da Fifa), Hector Trujillo (secretário-geral da Federação da Guatemala), Reynaldo Vasquez (ex-presidente da Federação de El Salvador).

Juntas, as operações policiais de maio e de dezembro abalam de forma profunda a administração dos futebol da região. Presidentes ou ex-cartolas das federações do Chile, Colômbia, Bolívia, Brasil, Venezuela, Honduras e Costa Rica estão sob investigação. Empresários que controlavam o lado comercial do esporte na região e ainda intermediários também foram indiciados e hoje começam a ser julgados.

Na manhã de quinta, a operação foi realizada uma vez mais a partir de um pedido do FBI, encaminhado para a Suíça no dia 29 de novembro. "Diante de novas investigações pela Procuradoria dos EUA em Nova York, essas pessoas estão sob suspeitas de receber propinas", disse a Justiça da Suíça. "Os altos oficiais da Fifa são suspeitos de receber dinheiro em troca da venda de direitos de marketing em relação a torneios de futebol na América Latina, assim como jogos Eliminatórios da Copa do Mundo", indicou.

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Alguns dos pagamentos de propinas foram acordados e realizados nos EUA, alguns deles foram processados por meio de bancos americanos.

As prisões ocorreram às 6 horas desta quinta no hotel Baur au Lac. Esse foi o mesmo local onde, em 27 de maio de 2015, sete outros dirigentes foram detidos, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Os cartolas estavam em Zurique para as reuniões do Comitê Executivo da entidade, que ocorreram nesta quinta. Eles são suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro e aguardam o processo de extradição para os EUA.

Segundo o Departamento de Polícia da Suíça, os dois dirigentes são acusados de receber milhões de dólares em propinas por contratos comerciais em torneios. Antes de ser preso, Napout havia insistido que queria "reformar a Conmebol" e que era "totalmente favorável à transparência". Adotando um tom de "reformador", ele insistia que "não renunciaria" e que a entidade sul-americana entrava em uma nova fase, depois das prisões dos ex-presidentes Eugênio Figueredo e Nicolás Leoz. Hawit, por sua vez, declarou à imprensa de Honduras que era "um homem de Deus".

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Na noite anterior, Napout havia colocado seu melhor terno para ir a uma festa com cerca de 50 dirigentes no luxuoso restaurante Sonnenberg, de Zurique. A noite ainda acabou no bar do Baur au Lac, com bebidas pagas em dinheiro e com um suco de manga custando cerca de R$ 120,00 por copo.

Fernando Sarney, o novo representante do Brasil na Fifa, não foi preso, apesar de estar hospedado no mesmo hotel da operação. Procurado pela reportagem, Sarney desconhecia a operação e foi para as reuniões da Fifa como planejado. Ele voltou na noite desta quinta para o Brasil e seria acompanhado justamente por Napout, que havia servido como seu "guia" nas primeiras reuniões na Fifa.

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