Déborah Medrado se despede da seleção brasileira de ginástica rítmica
Um dos pilares do maior conjunto da história da ginástica rítmica brasileira, capixaba Déborah Medrado deixa a seleção aos 22 anos, após duas Olimpíadas
O sorisso aberto é a marca registrada. Mas a capixaba Déborah Medrado vai ficar marcada na seleção brasileira de ginástica rítmica não só pelo carisma, mas também como um dos pilares do maior conjunto da história da modalidade.
Déborah é uma das líderes das "Leoas", como as brasileiras passaram a ser chamadas. Ou era, já que ela anunciou sua aposentadoria da seleção brasileira na noite de quarta-feira (27).
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DUAS OLIMPÍADAS NO CURRÍCULO
Déborah Medrado deixa a seleção brasileira aos 22 anos. Foram duas Olimpíadas no currículo — Tóquio-2021 e Paris-2024 — e resultados históricos como a sexta colocação geral na Copa do Mundo de Valencia, na Espanha, em 2023, e a quarta colocação na apresentação dos cinco arcos, melhor resultado do Brasil em todos os tempos.
"Sou muito realizada, Meu principal objetivo era participar de uma Olimpíada. E eu consegui ir para dois Jogos Olímpicos, o último como um dos conjuntos favoritos. E ainda tive inúmeras conquistas na seleção", contou Déborah, em entrevista exclusiva ao Folha Vi´toria.
LEGADO PARA AS NOVAS GINASTAS
Déborah fez a sua despedida da seleção brasileira em uma bela e emocionante apresentação na noite de quarta-feira, na na abertura do Campeonato Brasileiro "Ilona Peuker", em Aracaju (SE), em um espetáculo que homenageou a presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Luciene Resende.
De preto, a capixaba se apresentou ao som de "Emoções", de Roberto Carlos.
Déborah chegou à seleção em 2018. Em 2020, em plena reta final do ciclo olímpico para as Olimpíadas de Tóquio, ela fez cirurgia para correção anatômica dos dois pés, mas se recuperou a tempo de competir nos Jogos de Tóquio-2021, quando o conjunto foi 12º colocado geral.
No ciclo olímpico seguinte, foi uma das líderes do conjunto que fez história com medalhas de ouro em etapas da Copa do Mundo e brilhou na Copa do Mundo. Em Paris-2024, a classificação da seleção brasileira acabou prejudicada pela lesão de Victoria Borges na fase classificatória. Ainda assim, o Brasil ficou em nono geral, a uma posição da final.
"Deixo um legado de que tudo é possível quando se acredita e trabalha. Minha carreira foi feita de resiliência e superação. Todos os dias eu precisava vencer meus limites físicos e as dores, tudo por um sonho, um objetivo de vida", ensina a ginasta.
"MEU CORPO TEM UM LIMITE"
Déborah é uma ginasta experiente. No entanto, tem apenas 22 anos, idade na qual atletas de outras modalidades ainda nem chegaram ao total desenvolvimento físico e técnico. Por que, então, parar agora?
"São sete anos na seleção e, nesses sete anos, tive muitas lesões e sinto muitas dores todos os dias. Meu corpo tem um limite de treino. Meus pés sempre dão edema ósseo. A dor é intensa", explica a "Leoa Capixaba".
Ela conta que a vontade de continuar existe, mas que encarar um novo ciclo olímpico até Los Angeles-2028 seria exigir demais do próprio corpo.
"Eu estava certa desde o início do ano que seria meu último ano, mas depois da Olimpíada me deu vontade de continuar. Não seria só um ano, seria um ciclo… é um trabalho pensando no ciclo. Assim que tentei continuar, meu corpo não respondia mais, tudo doía e vi que realmente era melhor finalizar bem e satisfeita de que fiz tudo o que era possível. Saio realizada".
FUTURO NA GINÁSTICA
Fora da seleção brasileira de conjunto — que ainda tem a capixaba Sofia Madeira —, Déborah faz planos para o futuro. Um deles é voltar a morar no Espírito Santo, já que ela morava e treinava em Aracaju (SE), sede do CT da seleção brasileira de conjunto.
Outra certeza é que a fase de seleção brasileira acabou, mas isso não significa que ela estará fora da ginástica rítmica.
"Vou voltar a morar no Espírito Santo e quero continuar trabalhando com a ginástica rítmica. Quero fazer uma temporada de cursos, mentorias, passar minhas experiências para as novas gerações. Amo montar coreografias, talvez eu compita pela meu clube também", revela Déborah, que por clubes representa a Escola de Campeãs, do Estado.