Trabalho solidário e nome em homenagem à luta contra o câncer: conheça o Caçador
O Caçador, que representa Maruípe na Copa Vitória das Comunidades, começou no bairro e ganhou esse nome em homenagem à Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil
Manter um time de futebol amador não é uma tarefa fácil. Sem receitas, não há verba para contratações de profissionais que ajudem nas tarefas do dia a dia do clube e o jeito acaba sendo contar com a disposição dos próprios membros para fazer com que as coisas funcionem. E o Caçador, que representa Maruípe na Copa Vitória das Comunidades, sabe muito bem disso. A logística para os jogos, a compra e a limpeza dos uniformes, a marcação das partidas... Todas as tarefas são divididas entre a galera.
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O Ludson, por exemplo, é o cara que fica responsável pelos uniformes do time. Após o término de cada um dos jogos, ele leva a pilha de roupas sujas para casa, as lava e ainda precisa dar um jeitinho de estender todas as peças.
"A casa vira uma verdadeira lavanderia. Mal chego em casa, já tenho que lavar e estender tudo. Depois ainda tenho que separar tudo e guardar pra no dia do jogo estar tudo certinho. A minha mulher, às vezes, fica até brava, mas não tem jeito", conta o zagueiro Ludson, com bom humor.
Aliás, arrumar as camisas de jogo já é um obstáculo. Sem dinheiro para comprar um jogo de uniformes, o Caçador disputa a Copa Vitória das Comunidades com camisas que foram emprestadas de última hora. Mas se as tarefas são muitas, por outro lado o Ludson não está sozinho. Maxwell Santos é atualmente presidente e treinador do time e ainda arruma tempo para exercer as funções em meio ao dia corrido de quem tem dois empregos.
"Eu trabalho durante o dia com entregas e, à noite, sou taxista. Mesmo assim, a gente arruma um tempo e está sempre jogando. Conseguimos fazer isso porque cada um vai ajudando de uma forma", conta Maxwell.
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Se a divisão de tarefas já é complicada em qualquer time de várzea, no Caçador a situação é mais complicada. É que a equipe foi fundada por funcionários da Associação Capixaba Contra o Câncer (Acacci), associação que combate o câncer infantil, e nem todos os integrantes moram perto uns dos outros. "Nós começamos o time em Maruípe, como uma brincadeira entre colegas. O nome do time, inclusive, é um trocadilho com a pronúncia do nome da instituição. Da Acacci, nasceu o Caçador", explica o presidente do time.
Ludson complementa a fala do amigo e enxerga no Caçador um laço que mantém firme a amizade entre os membros que, por isso, fazem questão de seguir representando a comunidade de Maruípe, onde tudo começou: "Quando começamos, a maioria dos integrantes era de Maruípe, mas o tempo foi passando e muita gente começou a morar em outras cidades como Serra e Vila Velha, que é o meu caso. Muitos de nós somos amigos antigos e só nos vemos em dias de jogos".
Mesmo com a derrota para o Bela Vista na segunda rodada, a galera do Caçador segue confiante de que a equipe pode vencer a terceira partida para garantir vaga nas quartas de final. A partida decisiva acontece nesta quinta-feira (23), na Curva da Jurema. O adversário é o Galáticos de Sábado, de Santo Antônio.
Se tudo der certo e o Caçador avançar na competição até chegar ao título, o Ludson já sabe até o que será feito com o dinheiro da premiação. "Acho que dá pra usar parte desses R$ 10 mil de premiação pra comprar material de limpeza para as camisas e, se Deus quiser, arrumar também um uniforme para o time", brinca o jogador.