Ouro, cortes, estreias e lágrimas: como foi o Pan para os atletas capixabas
Jogos Pan-Americanos de Santiago estabeleceram novos recordes para o Brasil e tiveram a participação de nove atletas que representam o Espírito Santo
O Brasil brilhou em Santiago 2023 e alcançou os melhores resultados em todas as edições dos Jogos Pan-americanos. Foram 205 medalhas conquistadas, sendo 66 de ouro, 73 de prata e 66 de bronze, com novo recorde do total de medalhas e de ouros. Números que valeram a segunda colocação no quadro geral, atrás apenas dos Estados Unidos (286 medalhas no total, com 124 ouros, 75 pratas e 87 bronzes).
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É o melhor desempenho do Brasil na história do evento esportivo, que começou a ser disputado em 1951, na capital argentina Buenos Aires. Até então, o posto de melhor campanha era da edição de Lima/2019, quando o Brasil levou 169 medalhas, sendo 54 de ouro.
Em meio a tantos pódios, atletas capixabas também deram as suas participações. Entre ouro, cortes, estreias e lágrimas, veja agora como foi o Pan de Santiago para os atletas que representam o Espírito Santo.
Ouro na bola e no fair play
André Stein, 29 anos, foi o único representante do Espírito Santo que conquistou uma medalha de ouro no Pan de Santiago. Mas bem que ele poderia ter recebido duas: uma pelo título, conquistado ao lado do paraibano George, e outra pelo "fair play", ou "jogo limpo".
Nas quartas de final do torneio de vôlei de praia, contra os irmãos argentinos Tomás e Nicolas Capogrosso, o Brasil venceu por 2 sets a 1 (21/17, 15/21 e 17/15). Mas com a partida empatada em 14 a 14, o capixaba admitiu que uma bola desviou nele, num lance em que o árbitro havia dado ponto para os brasileiros. Mesmo arriscando a classificação para a semifinal, André preferiu o fair play e foi recompensado com a vitória. Na sequência, André e George venceu os chilenos Estebán e Marco Grimalt e, na decisão, bateram os cubanos Jorge Luis Alayo e Noslen Díaz Amaro.
Campeões do Pan de Santiago, André Stein e George são a dupla número 1 do Brasil no momento e devem ficar com uma das duas vagas masculinas do País na Olimpíada de Paris/2024.
Colecionador de medalhas
João Gomes Júnior, 37 anos, é um colecionador de medalhas. Um dos mais experientes da delegação brasileira de natação no Pan de Santiago, ele voltou pra casa com mais duas medalhas para a sua coleção.
No Chile, João ganhou o bronze no 4x100m medley misto e a prata no 4x100m medley. Há quatro anos, ele foi ouro nos 100m peito e no 4x100m medley misto e prata 4x100m medley masculino no Pan de Lima/2019.
"Eu não nadei o que eu esperava, de tempo. Até tinha feito um cálculo ali pra gente brigar pelo ouro. Mas o que vale é o conjunto. Eu sendo o mais velho, tendo nadado com outros grandes nomes, posso dizer que esse time aqui deixou tudo dentro da água. Parabéns à equipe e parabéns ao Brasil", comemorou João, 37 anos, que nadou o 4x100m medley ao lado de destaques da nova geração brasileira como Guilherme Caribé, uma das principais apostas do País para os próximos anos.
Vaga olímpica escapa por pouco
O boxe foi um dos carros-chefes do Brasil no Pan de Santiago, com 12 medalhas no total, sendo quatro de ouro. Em Santiago, a modalidade também distribuiu classificação olímpica para os dois finalistas de cada categoria. E a vaga escapou por pouco das mãos do capixaba Yuri Falcão.
Sobrinho dos medalhistas olímpicos Esquiva e Yamaguchi Falcão — prata e bronze, respectivamente, nos Jogos de Londres/2012 —, Yuri "The Chosen" Falcão estreou em Jogos Pan-Americanos e caiu nas semifinais, perdendo para o canadense Wyatt Sanford na categoria até 63,5kg. Como no boxe não há disputa de terceiro lugar, o capixaba recebeu a medalha de bronze. "Parei por aqui, infelizmente, mas vou treinar pra voltar melhor nas próximas", prometeu.
Lágrimas de prata para Jojô
Uma montanha-russa de emoções. Esse foi o Pan de Santiago para a ginasta Geovanna Santos. Atual campeã brasileira individual geral e titular da seleção brasileira individual de ginástica rítmica, "Jojô", de 21 anos, levou série nova para o Chile e cometeu falhas nas apresentações que tiraram dela a chance de buscar pódio no individual geral.
Porém, em sua única final por aparelhos, ela deu o tão esperado show. Na apresentação com bola, a capixaba arrepiou o público e terminou a série em lágrimas. Emocionada e realizada, conquistou a medalha de prata, atrás somente da paranaense Bárbara Domingos, grande destaque do torneio.
O Pan marcou também a última competição da capixaba com a série do "Rajadão" no aparelho fita.
Bronze no pescoço e bota no pé
A seleção brasileira masculina de basquete levou uma equipe alternativa para o Pan de Santiago, com maioria de jogadores que atual no País. Entre eles, o ala-armador Didi Louzada, que conquistou a medalha de bronze.
O capixaba de 24 anos, com passagem pela NBA, foi titular até sofrer uma torção leve no tornozelo direito no jogo contra Porto Rico, na última rodada da fase de grupos. O ala-armador, com isso, não disputou nem a semifinal — derrota para a Venezuela — nem o confronto pelo bronze — vitória sobre o México.
Foi a primeira participação de Didi em uma edição dos Jogos Pan-Americanos. Ele fez 11 pontos na estreia contra o México, 11 contra o Chile e 9 contra Porto Rico. No final do torneio, o capixaba assistiu aos jogos com uma bota para imobilizar o pé direito.
Amor que não se mede!
O caratê apresentou ao grande público um casal de lutadores que representam o Espírito Santo. O capixaba Bruno Conde e a paulista Nicole Mota defendeu o Brasil no Pan na modalidade kata, uma espécie de "luta imaginária". E ambos chegarem bem perto de subir ao pódio.
Bruno Conde, estreante em Jogos Pan-Americanos, terminou na quinta colocação, a uma vitória de levar a medalha de bronze. Mesma colocação de Nicole, que é mais experiente e esteve em sua segunda edição de Jogos Pan-Americanos.
Bruno e Nicole são namorados, moram juntos em Vitória e também têm uma relação profissional de treinador e aluno. Ou, no caso, treinadora e aluno, já que é Nicole quem comanda os treinamentos. Os dois ainda são sócios em uma marca de roupas.
Estreante no surfe fica perto do pódio
Um dos grandes nomes do surfe capixaba de todos os tempos, Krystian Kymerson foi um dos representantes do Estado e do badalado surfe brasileiro no Pan de Santiago. E o surfista da Barra do Jucu fez uma boa participação. Krystian avançou até ser eliminado na quarta rodada da repescagem pelo peruano Lucca Mesina, num resultado que chegou a ser questionado pelo capixaba.
Krystian chegou a ter a sua vitória anunciada pela transmissão. Logo depois, porém, o narrador corrigiu e confirmou a eliminação do capixaba, já que o peruano teria surfado uma onda que não apareceu na transmissão.
Na praia de Punta de Lobos, em Pichilemu, Krystian estreou com vitória sobre o compatriota Marcos Correa na primeira rodada e perdeu do peruano Miguel Tudela na segunda. Já na segunda rodada da repescagem, voltou a vencer Correa, e na terceira rodada passou pelo argentino Leandro Usuna, antes de ser eliminado por Mesinas.
Corte doloroso para P.A.
Paulo André Camilo era, sem dúvidas, o representante do Espírito Santo mais badalado da delegação brasileira. O P.A. como ficou conhecido nacionalmente após sua participação Big Brother Brasil 22, tinha no Pan de Santiago a chance de mostrar que "estava de volta" ao atletismo com tudo.
Mas durou pouco a participação dele no Chile. Paulo André sentiu uma lesão no Tensão de Aquiles do tornozelo esquerdo ainda nos primeiros metros da terceira bateria semifinal dos 100m rasos. O velocista completou a prova caminhando. E, no dia seguinte, foi cortado também do revezamento 4x100m rasos.
Sem Paulo André, o Brasil foi ouro no 4x100m rasos, com o time formado por Rodrigo do Nascimento, Felipe Bardi, Erik Cardoso e Renan Gallina.
Agora, o ex-BBB, que foi alvo de críticas do medalhista Robson Caetano por suposta falta de foco no atletismo, vai se recuperar da lesão para buscar, no primeiro semestre de 2024, a classificação olímpica para Paris/2024.