Dona Simone, aos 71 anos, dá show de disposição na canoa havaiana
Simone Rizk trocou a tarefa de limpar o pó preto da varanda pela decisão de começar a remar. Aos 71 anos, será uma das representantes do Espírito Santo no Pan-Americano de Va’a
Em 2014, Simone Rizk tomou uma decisão que mudou a qualidade de vida dela. Ela trocou a tarefa de limpar o pó preto da varanda pela decisão de começar a remar numa equipe de canoa havaiana. Hoje, aos 71 anos, dona Simone é campeã brasileira e será uma das representantes do Espírito Santo no Pan-Americano de Va’a, competição que acontece em Vitória de terça-feira (21) a sábado (25) na praia da Curva da Jurema.
Dona Simone é uma das 700 inscritas no evento que vai reunir remadores de sete países na capital capixaba.
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“Comecei a remar em 2014, quando decidi parar de limpar o pó de minério da varanda”, conta Simone, aos risos: “Eu ficava olhando as canoas chegando e troquei a flanela pela canoa”.
A decisão ficou mais forte depois de assistir a uma competição internacional de canoa havaiana no Rio de Janeiro. “Fui a um evento internacional na Lagoa Rodrigo de Freitas e vi umas ‘velhas’ remando muito! Pareciam umas ‘bruxas’ muito felizes. Isso me inspirou bastante”.
Quase 10 anos depois, dona Simone é um exemplo de dedicação e disposição. Ela rema bem cedo no clube Makaira, na Praça dos Namorados, em Vitória. E na sequência parte para as aulas de musculação. Em casa, o apoio da família é total.
“Meus filhos curtem! Minha filha remou muito e é medalhista na canoa. Meus netos batizaram a minha canoa”, conta a veterana, que teve a canoa batizada com o nome Shukran, que em árabe significa “obrigada”, pelo santista Cauê Serra, um dos pioneiros da canoa havaiana no Brasil.
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Exemplo de determinação
Em 2023, dona Simone foi campeã brasileira na categoria 70+ em Búzios. Remou 10km. Sozinha. A determinação valeu a convocação para competir no Pan-Americano de Va’a. Motivo de orgulho para ela, para os familiares e para a equipe Makaira.
“Simone é uma pessoa incrível! É uma mãozona, generosa, engraçada, ao mesmo tempo que tem as suas inseguranças e parece uma menina. O mais incrível é acompanhar ela vencendo isso, é ver, com o apoio de todos, ela ir lá realizar o que vira um sonho pra gente né? Imagina você se reinventar num esporte aos 70 anos e se tornar campeã brasileira? E ter a chance de competir num Campeonato Pan-Americano?”, destaca Sarah Zimmer, treinadora do Clube Makaira.
Mar que cura feridas
Hoje, dona Simone não tem dúvidas de que tomou a decisão certa lá em 2014. Não que remar seja uma tarefa fácil para ela. Nada disso. No entanto, é no mar que ela busca superação e enfrenta seus desafios.
“O mar me cura de todos os males e fecha minhas feridas!”, afirma Simone, que ao ser perguntada sobre como está a expectativa para o Pan-Americano, deixa claro o sentimento de vencer seus medos e superar desafios na canoa:
“Sinto pânico, medo! Ansiedade! Mas me jogo! Começo horando, depois paro e rezo (risadas)”, brinca Simone, antes de completar: “Na verdade, o ‘desespero’ é simplesmente porque o mar é imprevisível! Nos outros esportes, a influência do tempo é menor! Quando estou no mar ocorrem muitas mudanças em razão das correntezas, do sentido do vento, da força dele e das ondas. É isso aí. Mas remar aqui no ‘cercadinho’ é só paz e alegrias”, garante a remadora, lembrando que o Pan será no local onde ela está acostumada a treinar.
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SAIBA MAIS
Campeonato Pan-Americano de Va'a
Quando: 21 a 25 de novembro
Horários das provas: 7h às 15 horas
Local: Curva da Jurema, em Vitória
Número de inscritos: 700
Modalidades: OC6, V3, V2R, V1R e V1
Países representados: Brasil, Argentina, Chile, Peru, Panamá, Guiana Francesa e Rapa Nui (Chile)