Tio disse que piloto de avião que caiu com delegação da Chapecoense viria ao Brasil
A família estava combinando de se encontrar no Rio de Janeiro em fevereiro para passarem juntos o Carnaval, pois há quatro anos eles não conseguiam se reunir
O engenheiro Ricardo Quiroga, que mora na Serra, passou as últimas 24 horas sem dormir. Em meio a fotos e recordações, ele lembrava do sobrinho que pilotava o avião que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia. Segundo o tio, Miguel Quiroga era apaixonado pela aviação.
“Ele era sempre muito certinho, dentro das normas, dentro da lei. Então, ele sempre foi muito rígido nesse aspecto, igual ao pai. Ele era dedicado, cuidadoso, sabendo que essa profissão era de risco. Não se sabe o que pode acontecer hoje ou amanhã”, contou o engenheiro.
De acordo com o tio, essa paixão levou Miguel e um sócio a comprarem a empresa aérea Lamia. Eram três aviões, e o que caiu na Colômbia tinha levado há um mês o time da Argentina. O atacante Messi esteve na aeronave. O tio também contou que antes de comprar os aviões o piloto ficou quase um ano na Inglaterra e na Suécia em um treinamento.
“É um avião que é usado muito na Europa para ir para Áustria, para a Suíça, Alemanha, Irlanda, Escócia, que ele também voou nesse treinamento. Eu até imaginei que esse tipo de avião seria difícil ter um acidente, pelo histórico dele. Um avião que tem quatro turbinas é diferente do que tem duas. Se parar uma ele tem mais três e continua voando. A gente nunca acredita no pior”, relatou.
Segundo Quiroga, Miguel tinha muitos planos. Um deles era vir ao Brasil em fevereiro para passar o carnaval com a família. “Nós ficamos de nos encontrar no Carnaval lá no Rio de Janeiro. Íamos juntar a família toda, com todos os primos que moram aqui. Há quatro anos nós não nos encontrávamos. Essa era uma oportunidade pela facilidade, pois ele estava fazendo voos para o Brasil”, disse.
O acidente
O time brasileiro, rival do Palmeiras no fim de semana na partida que deu ao time paulista a conquista do título nacional, faria o primeiro confronto da decisão da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional. Na madrugada de terça-feira (29), o avião da companhia aérea Lamia, da Venezuela, que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia, caiu antes de chegar ao seu destino. O avião seguia para Medellín, mas chovia na região. Há a possibilidade de a aeronova ter sofrido pane seca.
Uma força-tarefa do governo brasileiro desembarcou na madrugada desta quarta-feira em Medellín, na Colômbia, para ajudar nos trâmites de reconhecimento e envio ao País dos corpos das vítimas do desastre aéreo com a delegação da Chapecoense. Um dos presentes do grupo, o embaixador do Brasil na Colômbia, Julio Bitelli, afirmou que a previsão é encerrar o trabalho antes mesmo do fim de semana.