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Esportes

Exemplo em revelar jogadores, Santos revela os segredos de tanto sucesso na base

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Quando o assunto é revelar jogadores, poucos clubes servem de exemplo como o Santos. Afinal de contas, que outro time do Brasil consegue revelar jogadores do nível de Neymar, Robinho, Paulo Henrique Ganso e Diego? Isso sem lembrar craques do passado como Zito, Pita e o maior de todos, Pelé. E pelo jeito, uma nova safra de craques está chegando.

O Santos é o único clube presente em todas as finais ou semifinais do Campeonato Paulista da base. O time alvinegro ainda luta pelo título do Sub-11, Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20. A questão é: qual o segredo para o clube revelar tantos talentos?

A reportagem acompanhou alguns treinos, conversou com treinadores, dirigentes e jogadores para tentar explicar o motivo do sucesso. "Essa fama aumenta nossa responsabilidade. Fazemos uma seleção criteriosa, onde ex-jogadores observam os garotos e nos preocupamos em fazer especialistas nas posições", disse Ronaldo Lima, gerente da base santista.

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Os treinadores tentam passar para os garotos algo mais do que fundamentos do futebol. "É importante eles entenderem porque precisam fazer determinada função", explicou Luciano Santos, técnico do Sub-15, que conta com um apoio inusitado. "Os jogos de videogame ajudam a fazer eles entenderem sobre táticas", contou, rindo.

No clube, os marcadores não aprendem apenas desarmar. Eles são ensinados a se antecipar ao adversário e já dar início a jogada. "Aqui, o garoto sabe que se aparecer bem, será utilizado no principal. Tem clubes que são campeões de muita coisa na base, mas não aproveita ninguém", explicou Marcos Soares, técnico do Sub-20 e que antes de assumir o cargo chegou a fazer estágio no Bayern de Munique com Pep Guardiola.

Outro ponto de destaque é o fato de existir um trabalho especial para que os jogadores aprendam a jogar com os dois pés para fazer pelo menos o mínimo necessário com o lado que não lhe é favorável. Versatilidade é algo admirável, mas é exigido também que o atleta se especialize em uma posição.

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No total, o clube conta com 156 atletas divididos nas cinco categorias. Todos têm acompanhamento psicológico e físico, mas não querem mexer demais com o biotipo dos garotos. "A gente prioriza a qualidade com a bola no pé e somos contra a robotização dos jogadores, que ficam muito forte e perdem a habilidade. Se isso fosse importante para nós, o Neymar teria sido barrado", disse Lima.

A fama do Santos faz a diferença para alguns garotos. O zagueiro Fernando, do Sub-17, passou no teste do Flamengo e do Fluminense, mas decidiu deixar a família em Linhares, no Espírito Santo, e se aventurou em terras paulistas. "Todo mundo quer jogar aqui. Motiva ver um cara como o Gustavo Henrique, que assim como eu, saiu da base do Santos e hoje é titular do principal", contou.

O tal DNA ofensivo do Santos, tão comentado, funciona também na base. Os treinadores precisam armar esquemas táticos onde a prioridade é sempre o ataque, por isso é comum ver a equipe entre os que mais fazem gols nas competições.

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O clube tem ainda uma outra categoria, a Sub-23, que participa de torneios esporádicos e excursões. Ela é composta por atletas que já passaram dos 20 anos ou que estão prontos para deixar o time sub-20, mas ainda precisam melhorar em alguns pontos.

MAIS JUSTO - Um dos poucos pontos que faz a base do Santos sofrer críticas é o fato de muitos empresários ficarem com a maior parte dos direitos econômicos dos garotos. O atacante Gabriel, por exemplo, que brilha no time principal, o clube tem apenas 10% de seus direitos. Segundo Lima, isso está mudando e o clube está passando a ter a maior parte dos garotos.

E os jovens ganham bônus conforme evoluem no clube. Existe divisões entre atletas destaque na categoria, convocados para seleções de base e aqueles que já são utilizados no time profissional esporadicamente.

CAIO - Vários garotos aparecem como candidatos a craque no Santos, mas quem desperta maior atenção é Caio, do time Sub-20. Meia técnico, que lembra fisicamente e no futebol Lucas Lima, o garoto já recebeu proposta de grandes clubes da Europa. No meio do ano, o garoto passou duas semanas na Espanha onde negociou com o Atlético de Madrid, mas as conversas não foram adiante. Pouco depois, o Valencia e o Braga também apareceram interessados em seu futebol.

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"Me sinto preparado para jogar na Europa, mas o meu sonho e da minha família é eu jogar no time profissional, conquistar títulos e depois ir jogar fora", contou o garoto, que chegou ao Santos após passar por uma peneira com cerca de 300 meninos. "Santos tem uma grande estrutura, mas foi fantástico conhecer Madri. Eles têm sete campos e um mini estádio só para a base", contou, encantado com o que viu.

Natural de Praia Grande, cidade próxima de Santos, Caio tem como empresário o craque do futsal, Falcão, que o descobriu quando ele já defendia a equipe alvinegra. "Fiz uma final pelo Sub-11 do Santos, me destaquei e tinham dois observadores que trabalham com ele assistindo o jogo. Vieram falar comigo e acertamos", explicou.

Embora seja de outro esporte, a experiência e conhecimento de Falcão ajuda o meia no desenvolvimento de sua carreira e nos contatos. "Ele vive o meio do futebol e claro que tê-lo como agente abre portas. Além disso, ele sempre me aconselha, me dá toques e explica como fazer as coisas certas".

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Caio é um dos garotos cotados para serem aproveitados no ano que vem pelo time profissional. Mas antes, deve assinar um novo contrato com o time alvinegro, já que o vínculo atual se encerra em julho do ano que vem e ele pode, no fim do ano, assinar contrato com qualquer outro clube e sair de graça.

Após o término do Campeonato Brasileiro, a comissão técnica vai se reunir com representantes da base para definir possíveis nomes que podem integrar o elenco principal em 2016. Neste ano, dos 34 jogadores que fazem parte do elenco comandado por Dorival Júnior, 18 vieram da base, com destaque para Gustavo Henrique, Zeca, Thiago Maia e Gabriel, que hoje são titulares absolutos.

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