Clubes pressionam CBF após erros, mas rejeitam pagar por uso do VAR no Brasileiro
No início da temporada, a CBF colocou em votação entre os 20 clubes da Série A se o sistema seria implementado na competição. A maioria se posicionou contrária a ideia (América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória)
Após nova rodada com polêmicas decisões dos juízes no Campeonato Brasileiro, a discussão sobre a utilização do VAR, o árbitro assistente de vídeo, voltou ao centro do debate. Só que mais uma vez os custos de utilização do sistema, que já provou diminuir os erros nos jogos, são o calcanhar de Aquiles para a adoção no torneio. O impasse continua sendo o mesmo: quem deve pagar a conta?
No início da temporada, a CBF colocou em votação entre os 20 clubes da Série A se o sistema seria implementado na competição. A maioria se posicionou contrária a ideia (América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória). O São Paulo se absteve e depois afirmou ser contra também.
"Quero reiterar que todos os 20 clubes que participaram do Conselho Arbitral foram a favor do uso do VAR, o que a gente foi contra é que os clubes tivessem de custear sozinhos toda a operação", explicou Ricardo David, presidente do Vitória, time que foi prejudicado com um pênalti mal marcado para o Internacional no domingo, pela 27.ª rodada do torneio.
Naquela reunião entre os 20 clubes, em fevereiro, a CBF avisou que já tinha a empresa que implementaria o VAR no Brasileirão e que o custo seria repassado aos times. O valor era de R$ 50 mil por partida, a ser bancado pelo mandante. Só para se ter uma ideia, muitas partidas do torneio não chegam a dar isso de lucro líquido ao clube. Ou seja, o VAR traria prejuízo ou lucro bem pequeno para o mandante em algumas ocasiões.
"A votação foi simples. Ou aprova ou reprova. Questionamos tudo isso. A CBF tem de assumir esse encargo ou, na pior das hipóteses, participar dele. Também é preciso ter clareza nos procedimentos e estabelecer as jogadas que dão menos possibilidade de serem interpretativas", explicou Lásaro Cândido da Cunha, vice-presidente do Atlético-MG.
O Cruzeiro concorda que os custos deveriam ser bancados pela CBF, mas, por causa dos erros de arbitragem, já cogita mudar de posição. "Devido aos inúmeros erros de arbitragem ocorridos contra o clube no campeonato, os quais não permitiram que a equipe ocupasse uma posição melhor na tabela, o Cruzeiro está disposto a contribuir com a implementação da tecnologia na disputa em questão, mesmo que para isso tenha de arcar com os custos de maneira dividida com os demais clubes", informou o Cruzeiro.
O time mineiro foi o único entre os 13 clubes ouvidos pelo Estado (aqueles que disseram "não" em fevereiro e mais o São Paulo) a admitir a possibilidade de aceitar que a conta seja paga só pelos times. Todos os outros esperam que a CBF tome a iniciativa de no mínimo ajudar. "O Corinthians nunca foi contra o VAR, apenas votamos contra seu uso porque as explicações não eram firmes e o preço era fora da realidade do futebol brasileiro", explicou o presidente Andrés Sanchez.
Quem também se manifestou foi Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR. "O clube é a favor, desde que os custos sejam absorvidos pela CBF e com central única do VAR, a exemplo de como é na Europa", disse. Segundo Sérgio Corrêa, coordenador do VAR no Brasil, para haver central única "existe a necessidade de fibra óptica em todos os estádios". Não há.
O Santos, que na última rodada do Brasileiro teve um pênalti polêmico marcado a seu favor, também espera que a CBF arque com os custos da tecnologia. "O clube acredita que o VAR é urgente e necessário, mas no molde financeiro da Copa do Brasil", informou o clube.
O América-MG adotou a mesma linha de raciocínio. "O VAR é um caminho sem volta no futebol, mas a ferramenta precisa ser testada e amadurecida em competições de peso. É preciso também definir claramente os custos da implementação e, principalmente, quem serão os responsáveis por esse investimento", disse o clube.
Tanto Marcos Marinho, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, quanto Sérgio Corrêa disseram que não poderiam se manifestar sobre essa discussão entre clubes e CBF, sobre quem pagaria a conta, porque não era assunto da alçada deles. Questionada se a CBF cogitava rever sua posição e arcar com os custos do VAR, a assessoria da entidade disse que não teria como se posicionar até o fechamento da edição.