Choro de alegria ao chegar pela primeira vez à seleção brasileira

Foi com um choro espontâneo que a capixaba Marzia Coutinho recebeu a informação de que acabara de ser convocada para a seleção brasileira de futebol. A convocação saiu no último sábado (9). A meio-campista de 19 anos foi chamada pela técnica Simone Jatobá para disputar a Liga de Desenvolvimento Sub-19, que acontecerá de 17 a 24 de setembro em Colonia, no Uruguai.

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Com passagens por Cruzeiro, Vasco e Santos, é a primeira vez que a capixaba é convocada para uma seleção brasileira. Uma conquista e tanto na carreira e uma emoção que a fez pensar até que o anúncio era alguma brincadeira das colegas de time.

"Sinceramente, até agora não consigo explicar esse sentimento, essa sensação. Só sei que foi uma das melhores que já senti", contou Marzia em conversa com a reportagem do Folha Vitória:

"Quando recebi a notícia, eu não consegui acreditar. Achei que era uma brincadeira, mas quando disseram que era verdade mesmo, não consegui conter a emoção. Foi um choro de alegria e realização por estar realizando um sonho de muito tempo e mostrar pra mim mesma que a dedicação e o trabalho devolvem", comemorou.

Marzia foi chamada para a vaga de Ana Hansen, da Ferroviária, que está lesionada. Ela se apresenta à seleção brasileira sub-19 nesta terça-feira (12), na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde fica treinando até sábado. No domingo, o Brasil viaja para o torneio sul-americano.

O torneio é uma etapa importante para o futebol feminino brasileiro, que entrou em processo de renovação após a última Copa do Mundo, quando o Brasil foi eliminado ainda na primeira fase. O resultado derrubou a técnica da seleção principal, a sueca Pia Sundhage, que acabou de ser substituída pelo treinador do Corinthians, Arthur Elias. Marzia acaba de chegar à seleção brasileira sub-19 e sabe que existe um caminho longo a ser trilhado até a seleção principal. Mas nada que a impeça de sonhar com voos ainda mais altos.

"Estou bem animada e focada para fazer parte disso tudo, aproveitar essa oportunidade para melhorar, evoluir e aprender coisas novas. Sempre um degrau de cada vez", avalia a meio-campista.

Só camisas "pesadas" no currículo

Marzia Coutinho tem apenas 19 anos, mas já pode se orgulhar de ter vestido algumas das camisas mais "pesadas" do futebol brasileiro. Depois de passar pela base do Cruzeiro e do Vasco, ela chegou ao Santos e, no ano passado, foi titular nos Brasileirões Sub-18 e Sub-20. No segundo semestre, subiu para o profissional e foi vice-campeã paulista pelas "Sereias da Vila".

Já no início de janeiro deste ano, fechou com o Internacional para reforçar as "Gurias Coloradas". E no final de junho, ela ajudou a equipe colorada a conquistar o bicampeonato no Brasileirão Sub-20, batendo o São Paulo nos pênaltis.

A rotina é de muitos treinos, viagens constantes, vitórias e derrotas no campo. Um cotidiano que, às vezes, dá um aperto no coração, principalmente por causa da distância da família, que mora em Vitória.

"Com certeza, a parte mais desafiadora para mim é ficar longe da família, especialmente em datas especiais. Com o tempo você vai se acostumando com essa distância, mas, mesmo assim, sempre tem algum dia que a saudade bate mais forte", conta a jovem jogadora, que conta com o apoio familiar pra superar a saudade e seguir firme em busca de novas conquistas: "Todos da minha família me apoiam e isso me ajuda muito. Acaba que as minhas conquistas e sonhos também viram deles".

Primeiros chutes foram na bola de... vôlei!

A convocação para a seleção brasileira sub-19 é uma conquista e tanto para Marzia Coutinho. A vocação para o futebol apareceu cedo, na escola. Mas os primeiros chutes foram dados na bola de vôlei! Isso porque a mãe e a tia são jogadoras de vôlei no Espírito Santo.

"Minha mãe, desde quando eu era bebê, me levava para os jogos e treinos dela de vôlei, mas eu nunca jogava e sim ficava chutando as bolas de vôlei que tinha do lado de fora da quadra", conta Marzia, aos risos, lembrando que sempre gostou de vários esportes, mas foi o futebol que a fisgou de vez. Só que a falta de espaços para meninas no futebol era um fator de dificuldade para o início da carreira.

"Sempre fui apaixonada por qualquer tipo de esporte, na escola fazia aula de tudo, de natação ao basquete, mas minha paixão sempre foi o futebol. De começo minha mãe não deixava eu fazer escolinha, porque não tinha escolinha feminina, então, ela tinha medo de eu me machucar e de frequentar viagens e vestiários só com meninos. Porém, eu jogava na escola e todos falavam pra me colocar em alguma escolinha. Foi aí que, com 13 anos, eu entrei na escolinha de futebol e nunca mais quis outra coisa", conta Marzia.

Agora, com a primeira convocação virando realidade, chegou a hora de mostrar serviço e traçar os novos sonhos.

"É difícil dizer qual o maior sonho que tenho, cada um tem seu valor e sua história, então, acho que podemos dizer que todos os sonhos, conquistas e objetivos são grandes. Para cada sonho, preciso me dedicar ainda mais", finaliza a craque capixaba.

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