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Esportes

Sem medalha, Ana Marcela Cunha revela que quase parou de nadar

A nadadora Ana Marcela Cunha não conseguiu repetir o ouro dos Jogos de Tóquio, em 2021, na Olimpíada de Paris-2024

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Foto: Luiza Moraes/COB
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A nadadora Ana Marcela Cunha não conseguiu repetir o ouro dos Jogos de Tóquio, em 2021, na Olimpíada de Paris-2024. Ela terminou a prova de águas abertas (maratona aquática) na quarta posição na madrugada desta quinta-feira (8).

A brasileira, uma das favoritas, terminou a prova de 10km com o tempo de 2h04min15. A vencedora foi a holandesa Sheron van Rouwendaal, que havia sido prata em Tóquio. Moesha Johnson, da Australia, foi prata, enquanto Ginevra Taddeucci, da Itália, foi bronze.

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"QUERIA PARAR DE NADAR"

Mesmo que lamente o resultado, a baiana conta que se sente feliz por representar o Brasil após quase desistir.

Foto: Luiza Moraes/COB
"Eu acho que um quarto lugar é um abismo muito grande entre ter uma medalha. Em 2008, quando fui quinta, não doeu tanto quanto agora. Mas acho que passei por uma cirurgia faz um ano. Simplesmente cheguei a ligar para minha família e psicóloga e disse que queria parar de nadar. É lógico que a gente queria muito uma medalha, mas tenho que ter muito orgulho do que eu fiz. Por mais que seja bem doloroso o quarto lugar, tenho que manter a cabeça erguida e olhar para frente. Não prometo os Jogos de Los Angeles-2028, mas tem a Copa do Mundo. É virar uma página e ver como vai ser", disse Ana Marcela.

Apesar de ficar fora do pódio, a atleta comemora a participação e, principalmente, ter representado o Brasil em Paris.

"Em um ano, eu me reencontrei no esporte. Tenho que estar feliz. São poucos que estão aqui representando o Brasil. Meu choro é porque não sei se vou ter outra oportunidade", confessou.

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CICLO OLÍMPICO CONTURBADO

No final de 2022, Ana Marcela foi submetida a uma cirurgia no ombro esquerdo e ficou fora de competições por cerca de cinco meses. Depois, não conseguiu confirmar a vaga em Paris no Mundial de 2023, em Fukuoka. A confirmação veio somente no Mundial de Doha, em fevereiro deste ano.

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Neste período, a nadadora baiana também alterou sua rotina. Ela se mudou para a Itália, onde continuou os treinamentos junto ao técnico Fabrizio Antonelli.

Os últimos meses foram dedicados à prova dos 10km, inclusive abdicando de participar de etapas do Circuito Mundial de maratona aquática.

NADADORA INICIOU NA NATAÇÃO COM 2 ANOS

Ana Marcela começou a nadar aos 2 anos, em aulas de natação na creche que frequentava em Salvador (BA). Aos 8, passou a competir por influência do pai, o ex-nadador George Cunha, e também da mãe, ex-ginasta.

A atleta demonstrou talento desde a infância para as disputas de águas abertas, tanto em mares quanto em rios, além de se destacar nas provas de fundo em piscinas. O talento nato para a natação levou a atleta a estrear em Jogos Olímpicos com apenas 16 anos, em 2008, quando ficou com o quinto lugar da maratona aquática, resultado considerado histórico. Dois anos antes, a brasileira já havia conquistado dois ouros no Sul-Americano de Buenos Aires.

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Apesar do início de carreira promissor, Ana Marcela teve de lidar com frustrações olímpicas. Ela não conseguiu se classificar e ficou fora da Olimpíada de Londres-2012. Quatro anos depois, na Rio-2016, a atleta era favorita para subir ao pódio, mas um erro da sua equipe atrapalhou o seu desempenho. Os treinadores deixaram cair no mar a alimentação que a atleta deveria ingerir durante a prova. Sem a força necessária para competir com as adversárias, encerrou em décimo.

DESCOBERTA DE DOENÇA AUTOIMUNE

O ciclo para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2021 foi marcado por um drama pessoal. Em 2016, Ana Marcela descobriu uma doença autoimune que destrói a produção de plaquetas sanguíneas, responsáveis pelo processo de coagulação.

Ela teve de se submeter a uma cirurgia para retirada do baço para manter a produção de plaquetas em um nível saudável, além de evitar complicações futuras. A nadadora faz uso de vacinas e antibióticos para ajudar o sistema imunológico ativo.

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A doença foi descoberta depois de Ana Marcela sentir um mal-estar após uma prova em Salvador. Foi verificado que o número de plaquetas da atleta estava em 110 mil, quando o número normal ultrapassa a marca de 200 mil. Ela precisou passar por exames dolorosos, incluindo uma biópsia na medula para avaliar a possibilidade de câncer, e a retirada de 30 frascos de sangue em um único dia. A atleta se recuperou bem, apesar de a causa da doença ser incerta até hoje.

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REDENÇÃO EM TÓQUIO-2021

O tão sonhado ouro olímpico veio em 2021, nos Jogos de Tóquio, dois anos após subir ao lugar mais alto do pódio no Pan de Lima.

Foto: Jonne Roriz/COB

Ana Marcela completou a distância de 10 km em 1h59min30s8, coroando a carreira de uma das maiores nadadoras de águas abertas da história.

Desde então, a atleta alcançou o heptacampeonato em Campeonatos Mundiais, e o quinto ouro em Jogos Sul-Americanos. No Pan de Santiago-2023, ela ficou com a prata.

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