Campeão da areia, Alison 'Mamute' já pensa nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020
O jogador admite ter se sentido pressionado pela perda do ouro em Londres-2012 e revela que sua torção no pé acabou virando tática contra os adversários
Alison e Bruno Schmidt mal comemoraram a conquista do ouro olímpico em casa e já estão de olho nos Jogos de Tóquio, em 2020. No dia seguinte à vitória sobre os italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo no vôlei de praia, Alison Mamute, ainda sem dormir, conta que a próxima Olimpíada está nos planos e a dupla deve continuar enquanto houver objetivos comuns. Com certeza (Tóquio) está nos nossos planos, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
O jogador admite ter se sentido pressionado pela perda do ouro em Londres-2012 e revela que sua torção no pé acabou virando tática contra os adversários. A seguir, a entrevista.
As personalidades opostas de vocês acabaram se misturando?
Sem dúvida. Ele é um cara totalmente diferente da minha personalidade, mais introvertido, na dele. No gosto musical, na alimentação, no modo de vestir. Eu sou totalmente eclético. A gente se completa porque respeita muito um ao outro. Na quadra, já sou um pouco mais quieto como ele, às vezes. Em outras, ele é mais explosivo, como eu. É um casamento de amizade, respeito e, principalmente, confiança.
Quanto tempo vai durar?
O futuro é difícil ver agora. Acabei de ganhar uma final, ser campeão olímpico. Enquanto o time Alison e Bruno tiver a mesma mentalidade e vontade de vencer, vamos continuar juntos.
Tóquio está nos seus planos?
Com certeza.
E a vida pessoal?
Vou casar ano que vem. Esse casamento ficou famoso.
Exatamente, a Gisele. Não. Quem me dera (risos).
Você jogou no sacrifício após torcer o tornozelo na primeira fase?
Meu nome poderia ser Alison Conte Cerutti Superação. Tive tantas dificuldades na minha carreira, seja fisicamente, dentro ou fora de quadra. A lesão de agora não foi séria, mas foi uma torção. Joguei medicado e usei a bota como proteção. No jogo (contra a Itália, na fase de grupos) senti muita dor. Depois, não senti mais nada. Foi até bacana porque usando a botinha tirei um pouco da pressão sobre o Bruno, por estar na primeira Olimpíada. A Espanha, jogo em que fiz mais pontos (37), sacou só uma bola nele. Foi uma tática (risos).
Como vê a proibição de manifestações políticas e religiosas nas arenas?
Não discuto política, religião e futebol. Cada um tem sua opinião. Política e religião não têm nada a ver com Olimpíada. Tenho a minha religião, a minha visão sobre o País, mas não preciso convencer ninguém.
Como foi a véspera da final?
Treinamos das 23 horas à meia-noite, perto do horário da final. Conversamos muito com a psicóloga e a equipe. Falei que a gente tinha que se divertir, aproveitar o momento, a torcida. Que já éramos medalhistas olímpicos e marcamos o nosso nome na história.
Você se sentiu pressionado?
Dentro de mim, eu era o atleta mais pressionado dessa Olimpíada. Eu perdi uma medalha de ouro (em Londres-2012) e as perguntas sempre eram as mesmas: será que vem o ouro agora? Vai existir um time como Ricardo e Emanuel?
O que muda com o status de campeão olímpico?
A gente entra para um grupo seleto de atletas que têm a responsabilidade de fazer evoluir o esporte no Brasil. Como medalhista olímpico de ouro viro referência no vôlei de praia ao lado do Bruno, Ricardo, Emanuel, Sandra e Jackeline.
O mergulho no mar com a torcida já tem data? (Alison prometeu mergulhar se fosse campeão)
Ainda não, pois eu nem dormi ainda (risos).