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Esportes

Assassinato de colombiano Escobar completa 20 anos

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Em meio à euforia provocada pela histórica campanha da seleção na Copa do Mundo, a Colômbia viverá nesta quarta-feira um dia triste. Há exatos 20 anos, numa madrugada de sábado em Medellín, o zagueiro Andrés Escobar foi morto a tiros depois de discutir com pessoas que o insultavam e o provocavam por causa do gol contra que havia marcado na derrota por 2 a 1 para os Estados Unidos que selou a eliminação da equipe no Mundial de 1994.

A seleção havia perdido para a Romênia na estreia por 3 a 1, e entrou em campo no dia 22 de junho, pela segunda rodada, precisando ganhar dos donos da casa. Aos 33 minutos, com o placar mostrando 0 a 0, Escobar entrou de carrinho para cortar um cruzamento e colocou a bola em sua própria rede. E o time não conseguiu reagir.

O crime aconteceu pouco depois das 3 horas num estacionamento. Durante a noite, numa discoteca chamada Padua, os irmãos Pedro e Santiago Gallón passaram quase o tempo todo provocando Escobar. Olhavam para ele, gritavam "gol contra" e riam. Apelidado de "Cavalheiro", por sua elegância e lealdade em campo, o zagueiro suportou o quanto pôde antes de ir conversar com os dois e pedir respeito. Mas não adiantou, e, para evitar confusão, ele se afastou.

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Quando entrou no carro para ir embora, viu os irmãos conversando no estacionamento. E aí cometeu a imprudência que acabou sendo fatal: desceu e reiniciou a discussão. Num dado momento, Santiago, o mais velho dos Gallón, gritou: "Você não sabe com quem está se metendo". Foi a senha para seu motorista, Humberto Muñoz Castro, sair da caminhonete em que aguardava os patrões e atirar seis vezes contra Escobar. Depois se soube que eles eram ligados ao narcotráfico.

ROMARIA - O assassino foi condenado a 43 anos de prisão, mas cumpriu apenas 11 e foi libertado por "bom comportamento" em 2005. Pedro e Santiago Gallón não foram processados. A Colômbia vivia um período particularmente violento de sua história naquela altura da década de 90, por causa da guerra entre os líderes de cartéis da droga e o governo. Mas, por mais que a população convivesse com a rotina de crimes, a morte de Andrés Escobar por um motivo tão banal provocou uma grande comoção no país. Mais de 100 mil pessoas estiveram em seu funeral, e todo ano há uma romaria ao seu túmulo no dia de aniversário de sua morte. Para honrar sua memória, em 2002 uma estátua dele foi inaugurada em Medellín.

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"Andrés foi vítima da grande intolerância que existe na sociedade colombiana. Sua morte não foi um fato isolado", disse à reportagem Francisco Maturana, técnico da Colômbia no Mundial de 1994. O meia Carlos Valderrama, que era o melhor amigo de Escobar naquela seleção, contou, anos depois do crime, que o chão parecia ter sumido sob seus pés quando recebeu a notícia. "Eu só ficava me perguntando: ‘Por quê?’ Não podia acreditar que eram capaz de tirar a vida de uma pessoa tão especial por causa de um gol contra."

Escobar tinha 27 anos, estava noivo e, no fim daquele mês de julho, deveria se apresentar ao Milan - que antes da Copa do Mundo o havia contratado do Nacional de Medellín. Mas seis tiros à queima-roupa o impediram de realizar seus sonhos e criaram uma mancha que envergonha os colombianos.

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