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Esportes

CBDA ampliava tempo de viagens de atletas para desviar recursos, aponta MPF

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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O Ministério Público Federal ajuizou nesta quarta-feira nova denúncia contra o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, e a três ex-diretores da entidade. Uma das táticas criminosas, desta vez, ampliava o tempo de viagem dos atletas para as competições com o intuito de facilitar o desvio de dinheiro público.

Os crimes denunciados agora, cometidos entre 2012 e 2014, envolveram o favorecimento indevido da agência Roxy de Turismo Ltda e o superfaturamento de passagens, hospedagens e traslados durante torneios e treinamentos dentro e fora do país. A quebra de sigilo bancário dos investigados revelou que, nos últimos cinco anos, a agência Roxy recebeu da CBDA mais de R$ 23 milhões.

Além de Coaracy, estão envolvidos nesta acusação o ex-coordenador de natação da CBDA Ricardo de Moura, o ex-coordenador de polo aquático Ricardo Gomes Cabral e o ex-diretor financeiro da entidade Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga. Completam a lista dois empresários: Michael Bruno Wernie, sócio-administrador da Roxy, e Flávio Ribeiro Correa, sócio-administrador da empresa F2 Viagens e Turismo Ltda., uma das agências fantasmas participantes das licitações fraudulentas.

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O caso faz parte da Operação Águas Claras, que desde 2015 apura irregularidades na CBDA. Além das investigações em curso no MPF, já tramitam na Justiça Federal uma ação penal e duas ações de improbidade administrativa contra os ex-dirigentes.

ATLETAS PREJUDICADOS - A investigação do MPF revelou que a fraude acabou prejudicando a performance dos atletas em competições. A emissão de passagens aéreas era feita pela Proxy com poucos dias de antecedência da data dos torneios a serem disputados, o que tornava os bilhetes bem mais caros.

Além disso, muitas das passagens adquiridas pela confederação, por meio da Roxy, envolviam conexões mais extensas e desconexas com relação ao destino final das equipes, justamente para tornar mais longos os trechos aéreos, encarecer os bilhetes e, assim, justificar uma demanda excedente por recursos públicos.

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"Essa prática era inaceitável, pois cabe a qualquer confederação zelar, em primeiro lugar, pelo bem-estar físico e mental do atleta de alto rendimento, para que ele tenha um melhor desempenho nos treinamentos e competições", destacou a Procuradora da República Thaméa Danelon, autora da denúncia.

Análise da Polícia Federal mostrou, por exemplo, que, a passagem de Cesar Cielo para o Open da França de Natação custou R$ 17.674,26, passando por quatro aeroportos, quando seria possível adquirir os bilhetes por valores entre R$ 3.494,00 e R$ 5.586,00. O Tribunal de Contas da União verificou também que, em viagens para eventos internacionais, membros da diretoria voavam em classe executiva, a um custo cinco vezes maior do que o direcionado aos demais participantes, para os quais eram compradas passagens econômicas.

DESVIO DE RECURSOS - Em 2012, a CBDA recebeu do Ministério dos Esportes R$ 1,94 milhão visando a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de 2016. O MPF detectou quatro licitações fraudulentas, com a participação de empresas de fachada que eram apresentadas a pedido da própria Roxy, para dar aparente regularidade ao processo licitatório. Em outro convênio, firmado em 2011, visando à preparação das seleções de polo aquático, a CBDA recebeu do Ministério dos Esportes R$ 1,15 milhão, dos quais R$ 1,09 milhão - 95% do total - foram direcionados à agência.

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PECULATO - A denúncia do MPF descreve ainda o desvio de R$ 21 mil para o pagamento de passagens aéreas e hospedagens de Maria da Glória Paes de Carvalho Nunes, esposa de Coaracy, a qual não fazia parte do corpo técnico ou diretivo da CBDA. Os recursos públicos direcionados à agência Roxy, por meio da confederação, custearam a ida de Maria Nunes para acompanhar delegações em competições no Estado de São Paulo e no Mundial de Natação em Piscina Curta, em Windsor, no Canadá, no qual ela viajou em classe executiva e de primeira classe.

A Operação Águas Claras resultou na condenação de Coaracy Nunes a 29 anos de detenção em abril de 2017. O dirigente de 80 anos, no entanto, ficou atrás das grades por pouco menos de três meses. Ele deixou a prisão depois de conseguir habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). Atualmente ele se encontra em liberdade.

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