Cuca fala sobre condenação na Suíça e promete mudança de atitudes
Cuca fez sua estreia como técnico do Athletico/PR em goleada por 6 a 0 sobre o Londrina e leu uma carta para falar sobre a anulação de sua condenação por estupro
Cuca fez sua estreia como técnico do Athletico/PR neste domingo (10), em goleada por 6 a 0 sobre o Londrina, pelas quartas de final do Campeonato Paranaense. Após o jogo, o treinador foi à coletiva de imprensa e leu uma carta para falar sobre a anulação de sua condenação por estupro.
O técnico afirmou que escreveu a carta com a ajuda da mulher e das filhas e se disse nervoso diante do assunto sério. Cuca explicou que leu e escutou as críticas que recebeu e entendeu sobre o que se tratavam todas elas.
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O treinador falou pela primeira vez com a imprensa e fez um pronunciamento sobre a condenação por ato sexual com menor e coação, que ocorreu em 1987, quando ele ainda era jogador do Grêmio, e que foi anulada pelo Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça, no começo deste ano. A decisão do Tribunal — que não entrou no mérito da questão, portanto não inocentou Cuca — concordou com o argumento apresentado pela defesa do ex-jogador, que defendia a anulação alegando que o julgamento ocorrido em 1989 se deu à revelia, sem que o réu estivesse presente e sem que seus advogados pudessem defendê-lo.
Neste domingo, Cuca pediu para ler uma carta sobre o assunto.
"Eu escolhi me recolher durante muito tempo, mas consegui seguir a minha vida, enquanto uma mulher que passa por qualquer tipo de violência não consegue seguir a vida dela sem permanecer machucada, carrega o impacto para sempre. Eu consegui seguir minha vida. O mundo do futebol e o mundo dos homens nunca tinha me cobrado nada, mas o mundo está mudando e eu acho que é para melhor."
Cuca admitiu que se calou sobre o tema por muitos anos.
"Eu enxergava os problemas, mas me calei porque a sociedade permitia que eu, como homem, me calasse. Hoje entendo que o silêncio soa como covardia. Tenho buscado ouvir mais, entender mais, aprender mais. A realidade tem de ser transformada para que o mundo seja um lugar mais seguro para as mulheres. O mundo do futebol ainda é de muito preconceito. Entendi que quando me cobram não é só sobre mim, é sobre a forma como tratamos as mulheres."
O técnico do Athletico-PR disse também que quer ser parte integrante de uma transformação:
"Quero jogar luz, usar a voz que tenho para, ao mesmo tempo que me educo, educar também outros homens, principalmente os jovens que amam futebol."
Por fim, Cuca afirmou que entendeu o que a sociedade espera dele. E prometeu mudança de atitudes.
"Eu pensei que eu estava livre da minha angústia quando solucionei meu problema com a anulação do processo e a indenização. Mas entendi que não acabou porque não dependia apenas da decisão judicial, mas que eu precisava entender o que a sociedade esperava de mim. O que vocês vão ver de mim daqui para frente não serão palavras, serão atitudes."
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