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Esportes

Ameaçado, Jobson aguarda julgamento por estupro após transferência de prisão

O atacante precisou ser transferido de cadeia para evitar as ameaças e a extorsão de outros detentos

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
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Acostumado a atuar em alguns dos principais estádios do Brasil, Jobson ruiu na mesma velocidade com que explodiu para o futebol pelo Botafogo, há quase dez anos. Primeiro, foram os casos de doping que interromperam sua trajetória. Agora, a prisão sob acusação de estupro de vulnerável (menor de idade), com ameaça de morte. Há duas semanas, o atacante precisou ser transferido de cadeia para evitar as ameaças e a extorsão de outros detentos.

Preso provisoriamente na cidade de Colmeia, a 266 quilômetros de Palmas, capital do Tocantins, Jobson viveu o fundo do poço. Enquanto aguarda o julgamento, foi colocado ao lado de criminosos condenados e teve de lidar com uma lei não escrita dos detentos contra acusados de estupro. Ele precisou, então, pagar para sobreviver e para que o terror ficasse só nas ameaças.

"Os presos em todo o mundo não aceitam o crime pelo qual ele foi acusado, porém não condenado. Todo cidadão conhece essa regra das cadeias. Sempre que alguém é preso por estupro, fica separado. Mas a cadeia não tem estrutura. O Jobson estava em cela com os presos do semiaberto, depois o colocaram com os outros e começaram as ameaças. Pediam R$ 300 por semana para deixá-lo vivo", revelou à reportagem o advogado Josenildo Ferreira da Silva.

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Informada sobre os acontecimentos, a Secretaria de Cidadania e Justiça do Tocantins (Seciju) tratou como "supostas ameaças" e fez questão de salientar que "o preso não sofreu agressão física dos demais detentos". Mesmo assim, em parceria com o Poder Judiciário do Estado, atendeu ao pedido do advogado da defesa e transferiu Jobson, que desde o fim de fevereiro está detido na cidade de Paranã, a 350 km de Palmas.

"A situação está melhor agora, mais próxima do que se espera", afirma o advogado. A reportagem entrou em contato com a diretoria da cadeia de Paranã, que disse não poder comentar o caso devido ao segredo de Justiça, mas garantiu que o jogador encontra-se "bem e tranquilo" em sua cela na nova cadeia.

Como os outros presos, alguns também esperando julgamento, Jobson acorda cedo, toma café com leite e come pão e manteiga e vai para o banho de sol. Entre o almoço e o lanche da tarde, faz o possível para manter-se em forma com a estrutura que a cadeia oferece e, mesmo não muito afeito à leitura, lê alguns livros. Aguarda ansiosamente pelas visitas de sua mãe, Lourdes, que eram semanais em Colmeia, mas se tornaram mais escassas em Paranã.

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Aos 30 anos, Jobson sonha diariamente com seu retorno ao futebol. Mas, para isso, terá de provar sua inocência. Não há data para o julgamento. Ao lado de dois amigos, ele teria aproveitado uma festa na cidade de Couto de Magalhães, no Tocantins, para aliciar quatro garotas menores e levá-las para sua chácara, onde teriam sido embriagadas. E uma delas, abusada.

O processo corre em segredo de Justiça justamente para a proteção das adolescentes. Como elas são menores, trata-se de uma ação incondicionada, ou seja, sem a necessidade de acusação da vítima e com representação do próprio Ministério Público. A reportagem tentou contato com algum advogado que pudesse responder por elas, mas não obteve sucesso.

Josenildo garante a inocência de seu cliente, mas lamenta o fracasso de sua carreira. "Estava acostumado a outra coisa, grandes clubes, realidade diferente. É um choque. Ele sabe que é o único responsável."

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