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Esportes

Presidente do Fla reprova manobra da CBF por eleição e vê desrespeito à Lei Pelé

A manobra acabou sendo um duro golpe dado por Marco Polo del Nero, presidente da CBF, em assembleia no último dia 23, no Rio

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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O Flamengo se pronunciou de forma oficial, nesta sexta-feira, para comentar o fato de que reprovou uma manobra polêmica da CBF, que na semana passada diminuiu o peso dos clubes na eleição presidencial da entidade. Entrevistado pelo site do time carioca, o presidente rubro-negro Eduardo Bandeira de Mello afirmou que reprovou a medida, reclamou do fato de a mesma ter sido tomada sem consulta ou reunião com os clubes e ainda destacou que, na sua opinião, a CBF desrespeitou o artigo 22-A da Lei Pelé, modificado pela lei do PROFUT, que dá direito aos filiados da entidade que controla o futebol brasileiro a presença e voto em todas as assembleias e não só as eleitorais.

A manobra acabou sendo um duro golpe dado por Marco Polo del Nero, presidente da CBF, em assembleia no último dia 23, no Rio, onde 20 times da Série B foram incluídos no colégio eleitoral da entidade, assim como uma nova regra incluída na eleição manteve o poder de decisão nas mãos das federações.

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Com o novo formato, a eleição passará a contar com a participação de representantes de 40 clubes e 27 federações, o que, na teoria, significaria uma vantagem para os times. Porém, com o novo sistema eleitoral, o voto dos presidentes das federações terá peso três, enquanto o dos clubes da Série A apenas dois, e da Série B, um.

Essa mudança deverá garantir a permanência de Del Nero na presidência no pleito que acontecerá no próximo ano, pois hoje quase todas as federações sobrevivem com o dinheiro mensal (cerca de R$ 50 mil) enviado pela CBF.

Ao comentar a manobra da CBF, Bandeira de Mello não escondeu a sua insatisfação com a mesma, lembrando que foi dado peso maior na votação a muitas federações de pouca expressão no cenário do futebol nacional.

"Ficou definido pela CBF que nas eleições haverá uma ponderação de votos que darão peso três às federações, peso dois aos clubes da Série A e peso um aos clubes da Série B. Como eu participei da formulação da discussão e da aprovação da lei do PROFUT, sou testemunha de que o espírito da lei não é esse", ressaltou o presidente do Fla ao site oficial do clube.

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Em seguida, o dirigente destacou: "Entendo que a maneira mais democrática de se estabelecer o poder nas federações e na CBF seria dar o justo poder aos clubes que representam os torcedores. O Walter Feldman (secretário-geral da CBF) é meu amigo, tenho o maior respeito por ele, pela história dele, sempre esteve ligado a políticos respeitáveis, mas agora sinceramente não estou entendendo como se considera democrático dar poder a entidades que representam muitas vezes ligas inexpressivas, clubes de fachada... e os clubes que efetivamente representam a população, a torcida, ficarem relegados a uma posição subalterna e sem nenhum poder de interferir nas decisões da confederação".

Bandeira de Mello também reclamou que a manobra da CBF acabou desagradando também pelo fato de ocorrer em um momento em que a entidade vem promovendo outras ações que visam uma maior transparência e uma promessa de modernização em sua gestão.

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"Essas federações de certa maneira controlam boa parte do poder na CBF. Eu diria que, apesar de algumas federações terem se modernizado e instituído mecanismos democráticos de gestão, muitas delas ainda representam a face mais atrasada da confederação. A CBF tem até alguns movimentos interessantes e modernizantes, como licenciamento, busca por transparência, implantação do sistema de governança corporativa, código de ética, tudo isso é positivo e acho até que tem que ser enaltecido. Mas o que existe de atrasado na CBF é justamente essa dependência, essa vinculação com algumas federações. Porque essas federações não representam os clubes dos seus estados, ou representam muito pouco", reclamou o mandatário rubro-negro.

O dirigente ainda voltou a ressaltar que a manobra da CBF "consagra o poder de clubes de fachada" e citou o processo eleitoral da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) como exemplo para realçar a insatisfação com a redução do poder dos clubes de elite com essa nova medida da entidade nacional.

PEGO DE SURPRESA

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"No Rio de Janeiro, por exemplo, os quatro clubes que congregam praticamente 100% da torcida, juntos, não têm nem 10% da assembleia que elege os dirigentes da FERJ. Imagino que isso se reproduza em boa parte dos estados brasileiros. As pessoas que se beneficiam dessa estrutura de poder têm interesse em que esse modelo seja perpetuado", lamentou o presidente, que ainda admitiu que ficou sabendo apenas pela imprensa da realização da assembleia da CBF com as federações.

"Não fui avisado da reunião, fiquei sabendo pela imprensa. Eles se baseiam em uma interpretação da lei do PROFUT de que os clubes só precisam participar das assembleias eletivas. Que não precisariam participar das assembleias administrativas. Esta última foi uma assembleia administrativa que mudou a forma pela qual é feita a eleição da CBF. Essa interpretação eu considero equivocada, não só eu como quase totalidade dos advogados dos clubes brasileiros", disse.

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Por fim, nesta entrevista ao site oficial do Flamengo, Bandeira de Mello apontou possíveis caminhos para reverter este processo atual. "Eu defendo que o Governo Federal, o Ministério do Esporte, a Casa Civil, a Presidência da República, edite um decreto, para regulamentar e estabelecer de uma vez por todas a forma pela qual se interpreta a lei. Já está sendo articulada uma reunião de clubes para que a gente possa debater sobre o assunto. E nesse debate pode surgir alguma linha de ação, que pode ser a busca do diálogo com a própria CBF, que pode ser um diálogo dentro do Congresso Nacional para que os parlamentares se manifestem... Afinal de contas, na minha interpretação, o que eles definiram quando formularam a lei do PROFUT foi desvirtuado. Nessa reunião dos clubes, que não tem uma pauta definida, poderemos discutir o assunto e tentar encaminhar a melhor forma de tratar a questão", encerrou.

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