/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Esportes

Zanetti faz alerta para ginástica brasileira: 'É preciso investir na base'

O País já conquistou quatro vagas na ginástica, mas precisa definir os nomes do atletas. Zanetti certamente será um deles

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
audima
Foto: Divulgação
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Dono da única medalha de ouro da ginástica brasileira, conquistada em Londres-2012, Arthur Zanetti corre atrás de um feito mundial em Tóquio. Ele pode se tornar o primeiro ginasta com três medalhas olímpicas nas argolas. A outra, de prata, foi obtida nos Jogos do Rio. "Encaro isso como uma motivação, mas não é a prioridade", garante.

O País já conquistou quatro vagas na ginástica, mas precisa definir os nomes do atletas. Zanetti certamente será um deles. A busca da terceira medalha é o resultado de uma carreira vitoriosa - e longa. Zanetti vai completar 30 anos em abril. "Não me considero velho. Estou no auge. Acho que ainda dá para pensar no próximo Pan", diz o atleta referindo-se aos Jogos de 2023.

A idade trouxe serenidade e manteve a simpatia e a simplicidade do ídolo. Quando chegou para a entrevista ao Estado, o campeão olímpico se apresentou: "Prazer, sou o Arthur". Depois pediu desculpas pela demora - o treino foi longo - e não fugiu de perguntas pessoais. Na saída, deixou o ginásio sozinho, com a mochila nas costas, caminhando pelas ruas do bairro de Santa Maria, em São Caetano do Sul.

Você pode se tornar o único do mundo com três medalhas nas argolas. Pensa nisso?

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

Não. Eu utilizo como motivação. Já coloquei na cabeça que vou entrar para a história da ginástica mundial e uso isso como motivação para vir treinar duro. Nem coloco como prioridade. Eu coloco a força de vontade de disputar uma Olimpíada no Japão. Acho que será a Olimpíada mais perfeita da história. Em organização, tecnologia, ginásios e receptividade. Eu quero ter essa experiência e buscar pelo menos uma final.

Você estará com 30 anos, se considera velho?

Não me considero velho. Estou bem. Consigo fazer os movimentos e estou até aperfeiçoando alguns. Fazemos exames de rotina e posso dizer que estou no auge. A gente tem de se cuidar mais, fazer fisioterapia, descansar e se alimentar melhor. Sucesso é treino, descanso e alimentação. Na final de argolas do ano passado, os mais velhos eram eu, Petrounias (29 anos) e o Samir (30 anos). A gente deu para o gasto. Ficamos lá em cima.

Você sente muitas dores?

Por incrível que pareça, não. Temos as dores normais por causa do início do ano.

Vai se aposentar neste ano?

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Não penso em aposentadoria. O esporte olímpico vive de ciclos. Quando acaba, a gente vai pensar no que vai fazer. Não estou pensando em parar.

Dá para pensar no Pan?

Acho que dá para pensar sim. A gente pode planejar. Depois que acabar o ciclo, a gente vai ver o que fazer.

O que mudou nesses seus três ciclos olímpicos?

Eu estou mais experiente. Descobri que, quanto mais eu me pressiono, pior é a minha prova. É só eu estar mais tranquilo e esquecer do resto.

Você já definiu a estratégia para os Jogos de Tóquio?

Conversei com a comissão técnica para saber se vamos competir nas argolas, salto ou solo. Eles ainda não decidiram porque a equipe não está formada. Eles precisam saber os atletas que vão participar da Olimpíada para saber o que cada um vai fazer. Eles vão definir no começo de junho.

Qual é sua opinião pessoal?

Individualmente, eu acredito que o planejamento será como 2016. Estou trabalhando as argolas, mas faço solo e os saltos. Estou focando bastante nas argolas mesmo para conseguir pelo menos uma final.

Do que o Brasil precisa para ter mais campeões na ginástica?

Precisa investir na base. Se você investir na base, consegue ter mais quantidade. A partir da quantidade de atletas, é possível tirar a qualidade.

Temos isso hoje?

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

Hoje, não temos isso. Nosso Campeonato Brasileiro infantil conta com 200 atletas. Nos Estados Unidos, são 5.000. É mais fácil tirar a qualidade de 5.000 do que de 200. Também é importante investir na parte técnica. Investir nos técnicos é essencial. A aparelhagem ajuda? Sim. Mas não é essencial. Nós não tínhamos aparelhos de marcas importadas, mas fomos campeões olímpicos.

O problema é que a ginástica não é muito popular no Brasil...

Depois de 2016, ela se tornou um pouquinho mais popular. É um esporte que todo mundo quer ver na Olimpíada. A ginástica masculina foi uma das modalidades com maior audiência na tevê. Ela está ganhando seu espaço, mas ainda precisamos trabalhar para ter maior visibilidade e atingir as crianças e as famílias.

E os patrocínios?

O patrocínio estava muito bom até 2016. Foi excelente. A gente sabe que a situação está bem difícil. Tenho apoio da Adidas, Caixa, FAB, Ministério do Esporte, Confederação de Ginástica, o COB e a prefeitura de São Caetano. Não perdi patrocínios. Os atletas que estão começando vão sofrer um pouquinho.

Você projeta a retomada dos investimentos em quanto tempo?

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_06

O Brasil precisa melhorar economicamente. Depois, mais um ano e meio ou dois anos para os patrocínios começarem a aparecer.

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.