Sucesso! Final de temporada de Os Dez Mandamentos causa comoção entre telespectadores
Especialistas em teledramaturgia apontam os méritos da superprodução da Record. A novela engajou o telespectador em oito meses de uma saga que passou a bater recordes de audiência
O último capítulo da primeira temporada de Os Dez Mandamentos reservou muitas emoções na noite da última segunda-feira (23). A novela de Vivian de Oliveira ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. E junto com toda essa repercussão, o desenrolar da trama ganhou diversos comentários saudosos, vários memes e montagens geniais.
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Especialistas em teledramaturgia apontam os méritos da superprodução da Record
A novela Os Dez Mandamentos engajou o telespectador em oito meses de uma saga que passou a bater recordes de audiência em todo o Brasil. Ela agora chega ao fim, prometendo dar continuidade ao enredo em uma nova superprodução da Record, A Terra Prometida, que deve estrear em 2016. O sucesso foi ainda confirmado com indicações para importantes prêmios de TV. Mas o que, de fato, tornou a novela um fenômeno? Especialistas ajudam a entender o que aconteceu
Experiência
O texto da novela é de Vivian de Oliveira, autora também de José do Egito, Rei Davi e A História de Ester, todas histórias bíblicas. O diretor Alexandre Avancini também trabalhou em José do Egito. O próprio Guilherme Winter, que interpreta Moisés, já foi Rúben em José do Egito. Em entrevista recente ao Portal R7, Vivian de Oliveira chegou a dizer que, até Os Dez Mandamentos, passou por uma evolução.
Claudino Mayer, doutor em teledramaturgia pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes), comparou Os Dez Mandamentos com Rei Davi, que voltou a ser exibida agora.
— Para a novela dar certo, é preciso que autor, direção e elenco acreditem na história. Todos precisam estar no mesmo compasso para dar o tom adequado. Rei Davi é uma obra belíssima, em que Vivian conseguiu o mesmo feito. Nesses trabalhos, eles conseguiram convencer o público de que aqueles personagens existiam.
Linguagem atual
Apesar de contar uma história tão antiga (de antes de Cristo), o telespectador viu uma linguagem rotineira, descontraída, leve. Claudino diz que a adaptação aproximou o público.
— O que ela trouxe de diferente, que abalou a Globo, foi fazer os personagens antigos dialogarem com a nossa sociedade. Eu vejo uma cena da época e a reconheço nos dias de hoje. Ela se permitiu usar essa linguagem peculiar, essa fala do dia a dia.
Julio Cesar Fernandes, professor da Universidade Metodista, mestre em comunicação com ênfase em telenovela e autor do livro Memória Televisiva como Produto Cultural, mostra que até a “humanidade” do “herói” Moisés foi fundamental.
— O sucesso de uma telenovela só acontece quando os personagens são humanizados. Jesús Martín-Barbero diz que a novela faz sucesso a partir do momento em que os rostos são familiares, quando o público se identifica. A novela fez com que os personagens se tornassem mais humanos, mais palpáveis... Moisés é um herói? É um herói, sim, mas com defeitos, ele hesita algumas vezes.
Melodrama
Apesar de se propor a contar uma história bíblica, a autora fez isso com as características clássicas de uma telenovela. Tinha dramalhão e histórias açucaradas. Fernandes diz que até um triângulo amoroso apimentou a trama.
— Uma novela também faz sucesso quando tem características melodramáticas. O maniqueísmo, por exemplo. É preciso ter mocinhos contra vilões. O amor também é importante, o romance. Aquele triângulo amoroso entre Moisés, Nefertari (Camila Rodrigues) e Ramsés (Sérgio Marone) foi também uma forma que a autora conseguiu de dar características melodramáticas à novela.
Licença poética
Se por um lado existiu a preocupação em se manter fiel ao texto bíblico, por outro, a autora soltou a imaginação em relação aos personagens secundários. Claudino diz que isso foi um diferencial.
— Ela conta uma história já conhecida por nós, mas continuamos motivados a ver. Os personagens que ela acrescentou, foram importantes e até roubaram a cena algumas vezes.
Fernandes fala sobre a dificuldade de segurar o público por tantos capítulos. Os personagens inventados ajudaram nesse sentido.
— A Vivian soube usar a licença poética que precisava para criar as histórias secundárias. O público entende que aquilo é ficção, entra no jogo de mentirinha, o que a gente chama verossimilhança da narrativa.
Convite ao telespectador
Com uma história tão conhecida no mundo todo, quase um patrimônio, o que a novela poderia fazer para engajar o telespectador? Nas palavras de Claudino, o público se sentiu convidado a participar.
— O que a novela faz é um convite: “Sabe tudo aquilo que você já ouviu sobre a história? Vamos fazer parte dela, vamos acompanhar Moisés”. É como se a autora tivesse convidado o telespectador a ser o povo hebreu.
Serialidade
Fernandes nos explica que para uma novela acontecer é preciso ter também “serialidade” (diz respeito a série, disposto em série), o que foi possível também pela existência das dez pragas do Egito.
— Toda novela para ter continuidade precisa de ganchos. O telespectador é conquistado bloco por bloco, capítulo a capítulo. As pragas garantiam isso, criavam expectativa, seguravam o telespectador, que se interessava em ver como seria a próxima.
Como Claudino explica, esses momentos, inclusive, atraíram um público cada vez maior para a novela.
— A gente pode observar os momentos que foram picos de audiência como a abertura do Mar Vermelho e as pragas do Egito. Nesses momentos, a autora consegue fazer com que o telespectador acredite na história.
Força da religião
Fernandes também mostra que, independente das crenças pessoais de cada um, as histórias religiosas sempre encontram um público interessado.
— Teledramaturgia e religião se unem e, em uma história bem contada, bem produzida, faz sucesso. Isso aconteceu também em A Viagem, por exemplo. A ligação da sociedade com a religião é muito forte, há muita identificação.
Leia o resumo do último capítulo:
Jetro elogia a família de Arão e conta ao hebreu sobre baque que teve ao perder a mulher quando as sete filhas eram pequenas. O patriarca ainda ressaltou que Zípora foi valente e, praticamente como uma mãe, o ajudou a cuidar das filhas. Jetro afirmou ainda que seguiu em frente tendo consigo a força de Deu. "De minha esposa restou uma imensa saudade".
Após a festa, Miriã se encontra com Hur. O hebreu diz que gosta de acordar cedo para ver o nascer do sol, como se os raios de luz ajudassem a cicatrizar as feridas. O artesão se anima com o futuro de Bezalel e a futura chegada dos bisnetos.
Você não pode perder a segunda temporada de Os Dez Mandamentos!
Com informações do Portal R7