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Entretenimento e Cultura

Edax lança o EP "Devorador de Tudo" neste sábado em Vitória

A banda capixaba faz primeiro show em apoio do novo disco na Caramelo, no Centro de Vitória

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória
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Foto: Francisco Pelé/Caramelo Discos
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A banda capixaba Edax lança o EP "Devorador de Tudo" neste sábado (5), na Caramelo Discos, em Vitória. Este é um fim de semana atípico, e por isso, o grupo já deixa uma dica a quem vai colar no show e no dia seguinte se dirigir às urnas: vá votar de ressaca!

O Edax é formado por uma galera veterana do underground do Espírito Santo: Raphael Teixeira(vocal), Alex Ferreira (guitarra), Thiago Arruda (baixo) e Maicon Dias (bateria). Todos os quatro conversaram com o Folha Vitória. 

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Com uma veia hardcore que pulsa agressividade, a banda também mescla influências de grindcore e de uma vertente musical quase inédita no Estado: o post-metal. É inegável a semelhança com nomes como Neurosis e Cult of Luna, verdadeiras potências do gênero.

"Devorador de Tudo" é um registro de áudio que soa contemporâneo e clássico ao mesmo tempo. Quem é dado aos riffs dos anos 1980 e 1990, consegue notar algumas fontes de onde a banda bebe, mas isso não quer dizer que não haja uma fúria característica, que só quem vive nossos dias pode sentir.

Este é um EP pesado, feito com raiva. É como o underground deve ser. Como declaram os próprios membros do Edax "Devorador de Tudo" lida com o mal. Mal que existe em tudo e em todo mundo. É preciso saber de onde vem e como lidar com ele, mas também é necessário expurgá-lo. Para isso não existe veículo melhor que a música.

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Podem contar um pouco sobre o início da banda? Como foi a formação? Havia uma ideia concreta para a música da banda já durante a formação?

O EDAX começou a tomar forma no início de 2018, após o hiato/término, em 2017, da banda Gäsgüs, formada por Raphael Teixeira, Moreno Telles, Igor Allochio e Gustavo Pezzin, com uma breve participação de Alex Ferreira.

Alguns meses depois, Alex conheceu Maicon Dias, frequentador da cena metal e baterista que, na época, estava sem banda. Após encontros e conversas, surgiu a ideia de tocarem juntos. Paralelamente, surgiu a oportunidade de chamar Moreno, que também estava sem banda. Essa formação se consolidou por boa parte de 2018. Em seguida, começamos a busca por um vocalista, chegando até Phil Ribeiro, que esteve por anos na bateria em seus projetos e foi nossa aposta para o cargo de vocalista.

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Posteriormente, Phil deixou dois registros memoráveis, que hoje estão em nosso Bandcamp, e participou da maior parte dos shows de 2019. Durante esse período, ele deixou a banda, passando o posto para Alex, que assumiu os vocais e a guitarra até o início da pandemia.

Em 2022, Raphael, ex-Gäsgüs, assumiu os vocais, e Thiago Arruda assumiu o baixo. Retornamos, então, com uma nova formação e a proposta de gravar um EP.

Sobre as composições, não havia uma ideia concreta. As pessoas envolvidas meio que definiram o "tipo de música" através da forma como tocavam e pensavam. Era algo maior do que necessariamente uma busca por soar como nossas referências. Foi algo orgânico, sobre se sentir bem fazendo isso juntos, mas com uma sensação de que a sonoridade seria pesada, flertando com o hardcore e o metal.

O interessante é que algumas das músicas são tocadas desde as primeiras formações, e com a entrada de cada novo integrante, foram se adaptando e moldando-se à pegada de cada um.

Vocês já são ativos na cena capixaba há bastante tempo, podem falar de outras bandas em que vocês já tocaram antes?

Alex: Lugar Seguro, Peste Negra, Gritos e Sons of Hate

Maicon: Itametal, High illusion, Final Judgement

Raphael: Escola Clássica de Piano, Carnaval, Mesmo e Gäsgüs

Arruda: Escola Clássica de Piano, Carnaval e Sons of Hate

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Como conversamos antes, vocês têm uma veia hardcore muito notável, mas também é possível perceber influências de post-metal, algumas semelhanças com bandas como Neurosis e Cult Of Luna. Isso estava presente desde o início da banda? Foi algo pensado ou simplesmente rolou por ser música que vocês já consomem?

Sim, boa parte da banda tem uma grande referência no hardcore, tanto musicalmente quanto no universo do pensamento sociopolítico. As influências de metal, post-metal e outras vertentes estão presentes porque são estilos que fazem parte do nosso repertório.

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Essas influências naturalmente surgem, assim como muitas outras do cenário underground. Porém, como mencionamos anteriormente, tudo foi acontecendo de forma que a ideia de desenvolver uma sonoridade mais "nossa" se tornou cada vez mais tangível.

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Parece ter havido um ressurgimento forte da cena underground no ES nos últimos anos. Como vocês avaliam isso? É a cena que consegue se "auto-gerir"? A produção de música e eventos tá indo para uma direção legal?

O que podemos dizer é que as pessoas e bandas que tocavam antigamente estão voltando a tocar e, de certa forma, fomentando um novo momento, junto aos esforços de algumas bandas atuais. Afirmar que a cena underground ressurgiu parece uma palavra muito forte, hehehe. 

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Um dos fatores que torna difícil para nós fazer essa afirmação é o fato de não sermos mais jovens indo a todos os shows no final de semana, e o déjà vu em relação ao apoio, espaço, estrutura, equipamento...

Quanto à cena: se ela está ressurgindo, é de maneira muito difícil, cansativa e, às vezes, solitária. A cena sempre dependeu de pessoas, de um indivíduo ou grupo para fazer as coisas acontecerem. Sempre houve um grupo que se apoiou para que os eventos punks e metal pudessem existir. 

Mas, assim como nos anos 90, 2000, e agora, continua sendo muito difícil, com poucas pessoas "dando a cara a tapa". Fica a sensação de que, apesar de cíclica, a cena que veio de um momento de possibilidades e escolhas agora se contenta apenas com oportunidades.

Quanto à produção de música e eventos: ela não está fluindo de forma contínua, continua sendo muito pontual. Existem esforços tentando avançar, mas são as próprias bandas que se reúnem para produzir eventos e consomem os materiais entre si. No entanto, há um sentimento de que tudo se tornou ainda mais nichado.

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O título do EP "Devorador de Tudo" e algumas partes das letras me remeteram a uma crítica ao capitalismo. Essa é realmente a pegada do disco?

Tanto o título quanto as letras têm a intenção de tocar os outros e a nós mesmos. Tentamos fazer um relato sincero sobre o presente, nos fragmentos que compõem as opressões. 

Se a pergunta fosse "Sobre o que as letras falam?", a resposta seria sobre o mal, que, nesse contexto, pode ser ruim quando nos atinge ou bom quando nos beneficia. Mas mal é mal, e cada um tem o seu dentro de si. Cada um reconhece sua dor nas letras, assim como a reconhece na vida, e cabe a cada indivíduo controlar suas ações em relação a isso.

Apesar de as letras soarem um pouco pessimistas ou violentas em sua mensagem, isso é apenas um sintoma da urgência de reconhecer que esse mal existe, de olhar para ele e ter cuidado para que ele não leve a decisões erradas.

Há um texto completo sobre o EP no endereço que explica bem o que abordamos e o que a obra representa.

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O underground é difícil. Conseguir gravar é difícil, ter um bom equipamento é difícil. O que vocês acham que é necessário para poder manter uma banda ativa atualmente?

Não consideramos que somos uma banda ativa. Pensamos que ser "ativa" significa se dedicar a tocar e trabalhar de forma mais consistente na consolidação da banda. Todos têm suas obrigações; precisam ser pessoas funcionais, com trabalho, dedicação à família, contas, etc.

O que vocês acham de espaços como a Caramelo, onde o lançamento do EP vai rolar e outras casas como o Correria. Quem tem feito a cena autoral realmente acontecer na Grande Vitória?

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A Caramelo é um espaço raro e autêntico. Nunca tivemos um lugar como esse; o mais próximo que tivemos foi a loja da Prego. É uma loja de discos que se transforma em um palco, nossa própria versão capixaba do Tiny Desk! São pessoas que realmente estão no underground/punk, e é o único espaço em Vitória que realmente atua na cena autoral independente.

Espaços como o Correria e o Garagem Pub, entre outros, são muito importantes, mas, pensando na Grande Vitória, os espaços ainda são escassos.

Por fim, há planos para uma tour? Pegar a estrada?

O desejo sempre existe, mas ainda estamos amadurecendo essa ideia. Como isso depende de investimento, logística, tempo, entre outras coisas, é complexo colocar em prática sendo uma banda do underground. No entanto, estamos abertos a convites para realizar shows em outras localidades.

Edax - Lançamento do EP "Devorador de Tudo" 

Banda convidada: Atrox
Local: Caramelo Discos - Rua Gama Rosa, 103, Centro, Vitória
Abertura da casa: 18h
Entrada gratuita.


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